60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

APLICAÇÃO DO “CÍRCULO DE VÍDEO CULTURA”: EDUCAÇÃO PARA O SANEAMENTO AMBIENTAL EM COMUNIDADES RURAIS

Giselle Lopes Armindo1
Agnes Maria Gomes Murta2
Marivaldo Aparecido de Carvalho3
Rosana Passos Cambraia4

1. Graduanda em Enfermagem/FCBS - UFVJM
2. Profa. Psicologia da Educação/FACESA - UFVJM
3. Prof. Dr. Sociologia & Antropologia/FCBS - UFVJM
4. Profa. Dra em Psicobiologia/FCBS - UFVJM/Orientadora


INTRODUÇÃO:
As comunidades tradicionais são grupos coletivos humanos que desenvolvem e conservam um modo de vida distinto dos padrões de comportamento da chamada sociedade moderna. Os indivíduos que compõem essas comunidades possuem valores enraizados culturalmente. Esses valores em geral conflitam com os conhecimentos trazidos pelos pesquisadores e pelas equipes de saúde. A inserção de hábitos urbanos no meio rural trouxe a necessidade de se repensar as questões da água, do lixo e do esgoto. Para não desrespeitar a cultura local, portanto, o processo de educação em saúde ambiental precisa utilizar estratégias participativas que interajam os conteúdos técnico-científicos com o universo cultural dos educandos. O educador Paulo Freire idealizou os círculos de cultura e os temas geradores, onde os educandos se dispõem em círculo para escolher, conversar e aprender as palavras e temas do seu dia-a-dia, ou seja, assuntos que lhes eram conhecidos. OBJETIVO: Nessa pesquisa buscamos a adaptação do método de Paulo Freire e da técnica de vídeogravação denominando a proposta de Círculo de Vídeo Cultura e a aplicamos na educação ambiental com moradores de comunidades rurais. Acredita-se que a vídeogravação e as entrevistas possibilitem o processo denominado ação-reflexão-ação.

METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa-ação, essencialmente qualitativa, desenvolvida nas comunidades rurais de Santo Antonio e Alecrim, situadas no entorno do Parque Estadual do Rio Preto, no município de São Gonçalo do Rio Preto (Vale do Jequitinhonha, MG). A primeira etapa constou da confecção, com o uso do Programa Pinacle Studio®, de dois fotos clipes com imagens de pessoas e locais das duas comunidades e três filmes contendo entrevistas, realizadas com os moradores, sobre a situação do saneamento ambiental. Cada filme abordou temas específicos sobre a água, o lixo e o esgoto. Em um segundo momento ocorreram dois encontros, um em cada comunidade, onde foi empregada a técnica do “Círculo de Vídeo Cultura”. Os moradores (crianças, jovens e adultos), previamente convidados pela Agente Comunitária de Saúde (ACS), foram posicionados em semicírculo de frente para um telão. À frente do semicírculo foram apresentados os filmes com as temáticas propostas. Entre as apresentações das filmagens, a ACS previamente instruída, moderou um debate entre os participantes sobre as temáticas. Os dados empíricos, ou seja, os diálogos e falas dos participantes, foram coletados com a vídeoaudiogravação, com o uso de filmadoras e de gravador de voz.

RESULTADOS:
Os resultados foram analisados sob dois prismas: a utilidade da técnica como instrumento a ser utilizado em processos educativos de saúde ambiental, que promova a participação coletiva na discussão dos assuntos de interesse local, e a capacitação da ACS no uso da técnica e na moderação de grupos de debates. Verificou-se que o método proposto funcionou como gerador de discussões sobre o assunto, pois após a apresentação dos filmes a ACS incentivava os participantes a comentarem sobre o tema e estes expunham suas opiniões e sugestões. Observou-se ainda que a metodologia foi útil para a percepção por parte dos moradores participantes, da realidade local, belezas e problemas de saneamento ambiental visualizados no vídeo. Evidenciou-se ainda que, apesar das dificuldades iniciais, a ACS que acompanha os trabalhos do grupo de pesquisa na área de educação em saúde ambiental, assimilou bem a técnica de moderação no Círculo de Vídeo Cultura.

CONCLUSÕES:
Os resultados demonstraram que a junção do método criado por Paulo Freire com a técnica de vídeogravação proporcionou espaço de discussão sobre os temas - água, lixo e esgoto - valorizando o conhecimento pessoal e comunitário, as soluções locais para os problemas tratados, possibilitando mudanças de percepção e opinião por parte dos moradores. Podemos concluir que a técnica do Círculo de Vídeo Cultura pode tornar-se instrumento a ser utilizado em programas de educação em saúde pelos ACS e por demais componentes da equipe de saúde da família.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG (bolsa Iniciação Científica) e Fundação Nacional de Saúde – FUNASA.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Agente Comunitário de Saúde, Educação em Saúde, Saneamento Ambiental

E-mail para contato: giselle.armindo@gmail.com