60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

LEVANTAMENTO DE INDIVÍDUOS DA FAMÍLIA CALLIPHORIDAE EM ÁREAS DE MANGUEZAL E MATA ATLÂNTICA DA REGIÃO DE BARRA DE GUARATIBA, RIO DE JANEIRO (RJ)

Álvaro de Oliveira Dias1
Cleber Barreto Espindola3
Lenício Gonçalves2

1. Laboratório de Ecologia de Insetos – LEI/Área de Biologia/DBA/IB/UFRRJ
2. Prof. Dr. - Laboratório de Ecologia de Insetos - LEI/DBA/IB/UFRRJ - Orientador
3. Laboratório de Biologia e Meio Ambiente - IST/FAETEC


INTRODUÇÃO:
A família Calliphoridae é uma família bastante estudada dentro da ordem Diptera. Seus indivíduos apresentam o corpo com cores metálicas. Apresentam grande importância ecológica, e também veiculam uma série de patógenos. O crescimento desordenado das habitações na sociedade humana tem levado à alterações nos ecossistemas locais, fazendo com que ocorra o surgimento de novos nichos ecológicos, onde certos animais demonstram capacidade de adaptação. Também há estudos que mostram uma grande abundância de indivíduos desta família em regiões que apresentam alto grau de preservação, com uma grande diversidade de ambientes. Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento de indivíduos da família Calliphoridae, que foram coletados, ao longo de seis meses – dados preliminares, em uma área de manguezal e de em fragmento de mata atlântica do bairro de Barra de Guaratiba, da cidade do Rio de Janeiro (RJ), uma vez que esta região vem sofrendo interferências humanas, que têm provocado alterações em suas características, e, também, em virtude das informações mencionadas anteriormente.

METODOLOGIA:
Durante seis meses (maio – outubro) do ano de 2007, foram colocadas seis armadilhas na região analisada, sendo 03 armadilhas em diferentes pontos do manguezal da região, e 03 armadilhas em diferentes pontos do fragmento de mata atlântica ali presente. As coletas eram realizadas no dia 10 de cada mês. As estações de coleta foram assim denominadas: manguezal 01; manguezal 02; manguezal 03; mata atlântica 01; mata atlântica 02; mata atlântica 03. As armadilhas foram confeccionadas com tela de nylon de cor verde, sendo que em seu ápice foi costurado um pano de cor branco-leitoso, com um zíper, e em sua base foi amarrada uma placa de acrílico de cor escura onde foi colocada a isca para atrair os insetos. A isca utilizada foi sardinha, sendo que cada armadilha recebeu 100 gramas de isca, que ficou exposta às condições ambientais por 48 horas. As armadilhas foram colocadas às 08:00 e retiradas às 17:00. Os insetos coletados eram mortos com éter etílico e levados ao Laboratório de Ecologia de Insetos–LEI/Área de Biologia/DBA/IB/UFRRJ e ao Laboratório de Biologia e Meio Ambiente–IST/FAETEC e para serem analisados e identificados. Como elemento de análise populacional foi utilizado o índice de Diversidade de Shannon-Weaver.

RESULTADOS:
Durante estes seis meses, foram coletados, ao todo, 184 indivíduos da família Calliphoridae. No mês de maio, foram coletados 04 indivíduos. No mês de junho, foram coletados 12. No mês de julho, foram coletados 32. No mês de agosto, foram coletados 10. No mês de setembro, foram coletados 14. E no mês de outubro, foram coletados 112. No manguezal, foram coletados, ao todo, 140 espécimens, enquanto que no fragmento de mata atlântica foram coletados, ao todo, 44. No manguezal, foram identificadas seis espécies: Chrysomya megacephala, Chrysomya putoria, Chrysomya albicepis, Cochliomyia macellaria, Lucilia eximia e Lucilia sericata. No fragmento de mata atlântica, foram identificadas seis espécies: Chrysomya megacephala, Chrysomya albicepis, Chrysomya putoria, Hemilucilia semidiaphana, Hemilucilia souzalopesi e Lucilia sericata. A espécie com maior número de exemplares coletados foi Chrysomya megacephala, sendo coletados 117 indivíduos no manguezal, e 19 na mata atlântica. O indice de diversidade de Shannon-Weaver para o manguezal foi de 0,542, enquanto que para a mata atlântica foi de 1,389. C. megacephala corresponde a 83,57% dos dípteros coletados no manguezal e a 43,18% dos coletados na mata atlântica.

CONCLUSÕES:
A população de califorídeos no bioma mata atlântica é menor do que no bioma mangue, mas a sua diversidade de espécies é maior, segundo o índice de diversidade de Shannon-Weaver. O local analisado apresenta forte interferência de ações antrópicas tais como: construção de casas e empreendimentos comerciais, que alteram bastante as características do mangue e do fragmento de mata atlântica; lançamento direto de esgotos domésticos e comerciais; despejos e acúmulos de lixos em certos pontos, constituindo-se em uma alta oferta de alimentos para estes animais e favorecendo a sua adaptação ao local; desmatamentos irregulares; aterros e queimadas. A grande quantidade de C. megacephala nas coletas em mangue foi a responsável pela menor diversidade deste bioma. Logo, é necessária uma política de saneamento básico da região, bem como a conscientização dos moradores locais da importância da preservação destes dois tipos de biomas.



Palavras-chave:  Calliphoridae, Manguezal, Mata Atlântica

E-mail para contato: alvinhobio@hotmail.com