60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia

PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DO ESTUDANTE DE PSICOLOGIA DA UFRJ

Felipe Bastos Gonçalves1
Juliana Freitas dos Santos1
Rodrigo Barreto do Espírito Santo Leão1
Thais Valle da Silva1
Vera Lucia Alves dos Santos1
Nilma Figueiredo de Almeida1

1. Instituto de Psicologia / UFRJ


INTRODUÇÃO:
A Universidade Pública vivencia um momento de profundas transformações e discussões como a reforma universitária proposta pelo Governo (REUNI), o que traz à tona a importância de um posicionamento político na vida acadêmica por parte de seu corpo discente e docente. Observando a pouca participação dos alunos de graduação em Psicologia nas atividades do Centro Acadêmico, um desinteresse generalizado do estudante por assuntos relativos à política, um total desconhecimento do funcionamento da Universidade a nível de distribuição de verbas, vagas docentes, seus direitos e deveres enquanto aluno da UFRJ, além da própria falta de consciência da força política que possui dentro da Instituição, este trabalho teve por objetivo verificar a percepção e atitude do estudante de Psicologia quanto à política e participação na vida acadêmica do Instituto de Psicologia.

METODOLOGIA:
Este estudo, de caráter descritivo e exploratório, aplicou um questionário misto, com 18 perguntas, 11 abertas e 7 fechadas, em um total de 100 estudantes pertencentes aos cursos de graduação em Ciências Sociais, História, Serviço Social e Psicologia da UFRJ. O questionário foi aplicado em grupos de 25 estudantes, após esclarecimentos sobre o trabalho e a importância da participação de todos quanto às informações coletadas. A amostra foi de cunho não-probabilístico e intencional e para análise dos dados foi utilizada uma estatística descritiva. As perguntas foram divididas em 4 categorias: a percepção dos sujeitos do que é política; envolvimento dos sujeitos na política “tradicional” (partidária, representativa); envolvimento nas novas formas de participação política; a participação política na vida acadêmica.

RESULTADOS:
Quando questionados se tinham interesse por política, os estudantes demonstraram haver duas percepções diferentes a respeito do conceito de “política”. Uma noção de política como “toda forma de agir em grupo, presente em todas as relações sociais”, e outra que vê a política como “representativa, partidária”. Os alunos que apresentaram uma visão ampla de política: 6 do curso de Psicologia; 13 de Ciências Sociais, 17 de Serviço Social e 19 de História. Quando perguntados sobre sua consciência política: 4 em Psicologia consideram-se politizados, 18 em C. Sociais; 14 em S. Social e 17 em História. Questionados se a faculdade alterou sua percepção política: 21 alunos de História responderam que sim, de forma positiva, um indivíduo disse que a alteração foi de forma negativa; nas C. Sociais 24 responderam que sim, de forma positiva; na Psicologia, 3 responderam que a percepção alterou de forma negativa, 14 disseram que não alterou. No S. Social 14 responderam que houve alteração. Quando perguntados sobre o que é REUNI: 22 alunos de Psicologia afirmam saber o que é, 7 não sabem explicar. C. Sociais: todos afirmam saber o que é, 7 não sabem explicar. História: todos afirmam saber o que é, 8 não sabem explicar. S. Social: 24 estudantes disseram saber o que é, 8 não sabem explicar.

CONCLUSÕES:
Analisando os dados verificou-se que a visão de política apresentada pelos alunos de Psicologia é a tradicional, a representatividade através de partidos políticos. Os estudantes de Psicologia não se consideram politizados, em contraste com os demais estudantes. Os alunos de Psicologia colocam que a Faculdade não alterou sua percepção política, ou alterou de forma negativa, contrastando com os outros cursos, onde a mudança de percepção política pela Faculdade foi considerada positiva. Pode-se concluir que o Instituto de Psicologia não desenvolve em seus estudantes uma visão crítica da sociedade, conscientiza seus estudantes de sua importância enquanto agente de transformação social. Os alunos em geral são desinteressados em participar de movimentos estudantis ou outras entidades políticas, pela descrença na representatividade. A Universidade tem responsabilidade social em formar cidadãos com espírito crítico e capacidade profissional de transformar a sociedade, procurando minimizar as desigualdades existentes. Se os estudantes de Psicologia não vislumbram o seu papel social, não agirão como atores políticos que engendram mudanças sociais. O Instituto de Psicologia deve priorizar o indivíduo, sem contudo esquecer o seu contexto sócio-histórico. A Psicologia deve isto à sociedade.



Palavras-chave:  politica, estudantes

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