60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 4. Turismo e Hotelaria - 2. Direito Ambiental

O POTENCIAL DO TURISMO RELIGIOSO NO MUNICÍPIO DE CANGUARETAMA-RN: A CAPELA DO ENGENHO CUNHAÚ.

Liége Azevedo Martins1
Diego Nepomuceno Galvão Santos1

1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte


INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento do turismo religioso em diversas partes do mundo é uma realidade para muitas localidades que possuem a característica de estarem relacionadas ao sagrado, divino, espiritual ou transcendente. O presente projeto tem como objetivo geral analisar a potencialidade do turismo religioso no município de Canguaretama no Rio Grande do Norte, através da Capela de Nossa Senhora das Candeias localizada no Engenho Cunhaú, e como objetivos específicos, identificar formas que auxiliem na realização das peregrinações e visitas ao local, verificar se a população autóctone está inserida no processo e destacar o potencial turístico cultural que a capela representa, valorizando o turismo cultural e religioso voltado não apenas para o peregrino, mas para o turista contemporâneo. A capela foi o palco do massacre envolvendo portugueses católicos e holandeses protestantes no ano de 1645. Dentro de um contexto histórico, econômico e cultural, os portugueses foram massacrados pelos holandeses que tinham claros interesses em controlar o engenho da Capitania do Rio Grande. No jubileu do ano 2000, o Papa João Paulo II beatificou os mártires de Cunhaú permitindo que a devoção aos mesmos pudesse ser levada aos altares do mundo, intensificando o processo de visitas e peregrinações ao local.

METODOLOGIA:
A construção deste trabalho realizou-se através de um levantamento bibliográfico documental, o que permitiu um rico embasamento teórico sobre o tema em questão. Após as leituras, seguiu-se uma análise interpretativa das mesmas e teve início o processo de visitação da localidade para observação crítica da realidade. Esses dois momentos do presente projeto permitiram a realização de diagnóstico apontando ações que poderiam ser tomadas para a reestruturação da capela como equipamento turístico visando o desenvolvimento da atividade dentro dos princípios de sustentabilidade não só para os peregrinos e visitantes, mas também para a população autóctone.

RESULTADOS:
De acordo com a pesquisa e as visitas técnicas realizadas, constatou-se que um grupo de aproximadamente cinqüenta pessoas se faz presente nas celebrações dominicais. Turistas hospedados em Barra de Cunhaú se interessam em conhecer a capela e são levados de trenzinho destinado ao tour dentro da cidade, não há guias preparados para receberem os visitantes e narrar-lhes os fatos, bem como material impresso para facilitar as informações. Nas proximidades da capela foi erguido um santuário para melhor abrigar os fiéis e visitantes que em dias de grandes celebrações chegam a aproximadamente cinco mil pessoas, segundo o pároco local. O acesso não possui controle de tráfego para ônibus e carros. Os grupos que visitam a capela simultaneamente e de forma desordenada se comprimem num espaço que não comporta a todos, sem guia ou responsáveis para garantir o zelo pelo local, sejam da Igreja ou do poder público. Além disso, a população residente não está inserida nesse processo e permanece à margem do mesmo. A necessidade de um sério planejamento turístico envolvendo todos os atores do processo fica evidente, bem como a implantação da pastoral do turismo formada por equipe multidisciplinar para ordenar as atividades, bem como conscientizar a todos para a preservação da capela e do seu entorno.

CONCLUSÕES:
A capela do Engenho Cunhaú é uma dessas localidades onde o sagrado se entrelaça com o contexto histórico e cultural levando aos acontecimentos que transformaram pessoas anônimas em mártires reconhecidos pela Igreja Católica, gerando um fluxo de visitantes e peregrinos incentivados a conhecerem de perto o lugar. A complexidade da abordagem dos fatos ocorridos em Canguaretama expõe questões sociais, econômicas, políticas e religiosas para a compreensão do contexto em que os mesmos ocorreram. Foi constatado que a capela possui potencial turístico religioso a ser desenvolvido, mas a população residente não está inserida de forma plena no processo de valorização turística do local por falta de um planejamento que priorize ações de conscientização, valorização e manutenção do mesmo. Falta união dos poderes eclesiástico e público para melhorar a infra-estrutura do equipamento turístico, bem como uma melhor estratégia de marketing que busque o segmento de mercado em que a capela se insere. Apesar de ser Patrimônio tombado pelo IPHAN-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a capela do Engenho Cunhaú se coloca como um desafio para o desenvolvimento turístico e a sustentabilidade local.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  turismo, religiosidade, peregrinação

E-mail para contato: liegeam@hotmail.com