60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social

A CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA OPERÁRIA NO AMAZONAS COM OS APORTES DA COMUNICAÇÃO JORNALÍSTICA.

MILTON MELO DOS REIS FILHO1
IRAILDES CALDAS TORRES1, 2

1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
2. ORIENTADORA


INTRODUÇÃO:
É fascinante ler a História Operária através dos jornais. Em cada página nos deparamos com aspectos significativos da vida de nossos antecessores, que permitem recuperar lutas, idéias, compromissos e interesses. A nossa intenção consiste em perceber a versão da História do Movimento Operário no Amazonas, decifrada nos meios de comunicação jornalística que desencadeia fontes para a desocultação de novas produções históricas expressas na imagem fotográfica. Percebe-se na grande Imprensa, onde se mesclam interesses políticos e de lucro que os recursos para a sedução do público são indispensáveis. O que está sempre em jogo é a concorrência, esta obriga cada jornal a enfrentar os adversários com as armas mais apropriadas à clientela que pretende atingir. Então o jornal certamente possibilitará a uma análise cautelosa e delicada no sentido de desocultar opiniões confiáveis para a sociedade. Dessa maneira pode-se perceber o papel do seguimento jornalístico. Questionar a imagem “Imprensa, espelho fiel da realidade”, implica um trabalho do real em suas múltiplas facetas. Com habilidade, paciência e competência conseguem-se montar as peças de um complicado quebra-cabeças.

METODOLOGIA:
A Comunicação Jornalística é uma importante fonte para a construção da história operária no Amazonas. Trata-se de um instrumental de pesquisa jornalística cujo manancial é dos mais férteis para o conhecimento do passado. Em princípio realizamos o mapeamento dos documentos para, em seguida, selecioná-los e analisá-los, sublinhando os períodos e frases significativas para o estudo. A leitura da fotografia é sempre histórica, graças ao seu código de conotação; ela depende do “saber” do leitor. E mais ainda como define Barthes: “...a linguagem fotográfica não deixa de lembrar certas línguas ideográficas, nas quais estão misturadas unidades analógicas e unidades sinaléticas, com a diferença de o ideograma ser vivido como um signo, enquanto que a “cópia” fotográfica passa pela denotação pura e simples da realidade" (Barthes, [1]). Por outro lado, salienta Capelato, [2] “...os jornais procuram atrair o público e conquistar seus corações e mentes” (Capelato, [2]). Este é mais um motivo interessante para o debruçar nas pesquisas jornalísticas porque reflete na meta de conseguir adeptos para uma causa, seja ela empresarial ou política, e os artifícios para esse fim são múltiplos.

RESULTADOS:
É interessante destacar os jornais de época mostrando os trabalhadores divididos em suas opiniões e decisões. Segundo Socorro Carioca (Secretária da CUT/Am) as primeiras reivindicações no início dos anos 80, hoje parecem sem importância, mas naquela ocasião mereciam destaques: a luta pelo papel higiênico nos banheiros, copos descartáveis, os 120 dias de licença maternidade assegurados na Constituinte de 1988. “Foi um momento em que o trabalhador tinha consciência. O sindicato ensinava o trabalhador como trabalhar a política, como ganhar concorrência, como melhorar o transporte. As manifestações aconteciam espontaneamente”, conforme a depoente Socorro Carioca [5]. Os anos de 1980 também foram das Olimpíadas Operárias. Neste sentido, empresas atuaram e colaboraram muito com o potencial de jovens operários em diversas modalidades esportivas, chegando a parabenizá-los por representarem o símbolo vivo do operário amazonense [4]. Segundo uma ex-operária [3] o Movimento Sindical era mais atuante e fazia o contato direto com a Linha de Produção em todas as fábricas Todavia, merece atenção o trabalho da jornalista Ivânia Vieira, “O Discurso Operário e o Espaço da Fala da Mulher”, onde ela discute nos anos 1990 A presença da Mulher na luta sindical (Vieira, [7]).

CONCLUSÕES:
A Imprensa, ao invés do espelho da realidade passou a ser concebida como espaço de representação do real. Zicman, [8] ao afirmar “para os historiadores o jornal é antes de tudo uma fonte onde se “recupera” o fato histórico – uma fonte ou um trampolim em direção à realidade – não havendo, entretanto, interesse por sua crítica interna”. Neste sentido a Imprensa no Amazonas guarda um arsenal de dados informacionais que viabilizam pesquisas por meios de suas representações fotográficas. Através do trabalho jornalístico a Imprensa registra, comenta e participa da História. Cabe a nós interessados nos questionar para compreender o papel de um determinado jornal na História: quem são seus proprietários? A quem se dirige? Enfim, que objetivos e tendências têm o jornal? A Imprensa exerce sobre o pesquisador. Nas palavras de Capelato, [2] temos o seguinte quadro: “inspirando-me em Marc Bloch sugiro cautela: à primeira vista, esse espetáculo diverte, seduz a imaginação, toca a sensibilidade, mas é como fonte para o conhecimento que a História registrada nos jornais tem interesse e validade”. Esta mesma autora nos diz que, conhecer a História através da Imprensa, pressupõe um trabalho com método rigoroso, tratamento adequado de fonte e reflexão teórica

Instituição de fomento: FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO AMAZONAS - FAPEAM



Palavras-chave:  HISTÓRIA, COMUNICAÇÃO JORNALÍSTICA, FONTES

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