60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O “efeito estufa” caracteriza-se pela retenção de radiação infravermelha de ondas longas emitida da Terra para a atmosfera, ocasionado principalmente pela presença de gases atmosféricos. Uma quadruplicação destes gases seria equivalente a reter o conteúdo energético de três milhões de toneladas de petróleo por minuto. Apesar de figurar como de pequena importância em escala numérica para a contribuição no efeito estufa, o CO₂ é o principal gás emitido pelas incontáveis atividades antrópicas e também produto final de inúmeros processos químicos que ocorrem na natureza. Os estudos apresentados pelo IPCC (2007) revelam a periodicidade do aumento das concentrações de CO₂ atmosférico e um crescimento atual quase exponencial destes níveis, levando-nos a precisão de eficazes e rápidos monitoramento e medição de CO₂ e suas emissões, a fim de estabelecer um banco de dados confiável para estudos sobre as suas reais conseqüências. Neste trabalho, direcionamos o estudo da concentração de CO₂ na atmosfera numa área de escala reduzida, possibilitando a análise da dispersão deste gás na baixa atmosfera e em diferentes alturas a nível de verificação da interferência destas na concentração de CO₂, seja através da respiração de plantas ou de atividades antrópicas urbanas.

METODOLOGIA:

Inicialmente confeccionou-se uma régua de drenagem apresentando 6 medidas verticais eqüidistantes que variavam de 0,5 m a 3,0 m, possuindo cada medida uma válvula controladora, permitindo a regulagem da passagem de ar. Ao final das válvulas, um outro duto exercia a ligação entre a régua e o aspirador de sucção de ar atmosférico, sendo o último conectado a um homogeneizador de fluxo e a um sistema de aquisição de dados. A escolha do aparelho medidor deu-se em virtude de sua praticidade, de conectores de rápida e simples conexão, sendo a aquisição de dados em tempo real, e da dispensa de freqüente calibração. O “LI-820 Gas Analyzer”, fabricado pela Li-Cor Nebraska (EUA) quantifica a concentração de CO₂ mediante a espectroscopia de absorção ótica nas faixas de 4,24 e 3,95 micrometros. Com o sistema devidamente montado, foram escolhidos 6 locais do campus da UNESP de Rio Claro tendo como critérios os fatores de circulação humana e veicular, quantidade, densidade e diversidade de vegetação e proximidade com a Floresta Estadual. Realizou-se 216 medidas, abrangendo os três períodos do dia (manhã, tarde e noite). Como parâmetros climáticos utilizou-se os dados fornecidos pela estação meteorológica do campus.

RESULTADOS:

Os dados coletados receberam tratamento estatístico através do software SAS 9.1 (registro da licença: 9.01.01M3P021605), possibilitando a observância de relações entre os locais medidos e os possíveis fatores determinantes dos resultados finais, explicitados a seguir: • A altura não influenciou na concentração, evidenciando a dispersão do CO₂ em alturas entre 0,5 e 3,0 m e a não estratificação mesmo sob diferentes condições de vento, umidade e temperatura; • As maiores concentrações foram registradas no período noturno, resultantes da respiração vegetal; • Locais de menor circulação de pessoas e veículos registraram concentrações mais baixas, revelando a permanência local (não significativa) de CO₂ concentrado na atmosfera medida; • Locais de maior densidade de vegetação obtiveram diferença maior na comparação de suas concentrações ao longo dos diferentes períodos do dia; • Nenhum dos outros parâmetros climáticos e ambientais foi decisivo para determinar uma diferença na concentração; • Os pontos mais próximos da Floresta Estadual não sofreram grandes modificações nos valores de concentração, tendo todos apresentado faixas de concentração semelhantes se comparado o mesmo período do dia medido; • A faixa total de concentrações variou entre 370 e 415 ppm.

CONCLUSÕES:

• Na região da baixa atmosfera medida (0,5 a 3,0 m) não houve estratificação na concentração, indicando a rápida dispersão do CO₂ advindo do solo pela respiração vegetal e de atividades humanas e/ou aeróbias, sendo o aumento de concentração levemente evidenciado ao longo de toda a faixa medida; • A respiração aeróbia e fontes antrópicas de geração de dióxido de carbono não representaram aumento local significativo; • Os dados de concentração revelaram-se condizentes com a média mundial quantificada pelo IPCC (2007) em cerca de 390 ppm, mostrando uma dispersão homogênea ao longo de todo o campus e que a capacidade de dispersão deste gás é extremamente rápida e bem distribuída ao longo de toda a área estudada; • No presente estudo, as variações de temperatura, vento e umidade não registraram grandes variações, podendo ter ocultado seus possíveis efeitos sobre as concentrações, já que não foram feitas medições em diferentes épocas do ano para efeito de comparação.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Efeito Estufa, Dióxido de Carbono, Concentração

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