60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior

ESTUDO ACERCA DA POLÍTICA DE EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR NO NORTE DO ESTADO DO MATO GROSSO

Lucio Jose Dutra Lord1, 2

1. Universidade Estadual de Campinas
2. Universidade do Estado do Mato Grosso


INTRODUÇÃO:
Este trabalho discute limites e possibilidades da implantação de uma política de ampliação do Ensino Superior Público na região norte do Estado do Mato Grosso. Esta política compõe um conjunto de estratégias definidas pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECITEC) para tornar a região do município de Sinop em pólo de referência em Ensino Superior no Estado. A pesquisa que dá origem a este trabalho é uma parceria entre Universidade do Estado do Mato Grosso, SECITEC, Universidade Estadual de Campinas e Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Alguns aspectos que interessam à pesquisa é verificar as condições político-administrativas da SECITEC em conduzir de forma autônoma a efetivação de sua proposta, autonomia sobretudo em relação aos interesses de grupos e governos locais, bem como de outros órgãos do próprio Estado quanto ao orçamento destinado pelo governo estadual. A relevância da pesquisa se dá nos seguintes sentidos: primeiro seus resultados auxiliam as escolhas da SECITEC na elaboração de estratégias de implantação da sua proposta; segundo, acompanha e investiga os resultados do investimento em Educação sobre o desenvolvimento econômico de uma região periférica do país; terceiro, busca contribuir para com os estudos sobre Ensino Superior.

METODOLOGIA:
Dado o estágio ainda inconcluso da pesquisa que se estenderá por mais 18 meses, para o desenvolvimento da mesma e alcance dos objetivos até o momento foi empregada uma metodologia de trabalho que envolveu discussões do grupo de pesquisa entorno de um referencial teórico, entrevistas semi-estruturadas, análise documental e de legislação junto à SECITEC e instituições de ensino superior, e o estudo das atividades que em anos passados reuniram o órgão, as instituições de ensino superior e os governos municipais da região norte do Estado. Com as instituições de ensino superior públicas e privadas foram realizadas entrevistas que, junto aos documentos recolhidos, possibilitou elaborar um histórico político e social do contexto no qual veio se dando a expansão da oferta do Ensino Superior na região. De outro modo, a partir do estudo da agenda dos governos locais, cruzadas com entrevistas, pode-se compreender a atenção dada em nível local aos investimentos neste serviço público.

RESULTADOS:
Os resultados até agora obtidos podem ser separados em três pontos principais, dizendo respeito ao próprio órgão do Estado (a SECITEC), ao campo propriamente científico de estudos políticos e ao grupo de pesquisa. Resultados mais específicos têm sido a compreensão de um campo político e de um mercado que se consolida com a oferta do Ensino Superior. Isto pode ser verificado com a aquisição recente de duas faculdades particulares no Estado por um grupo norte-americano. Além disto, no último ano as instituições privadas têm buscado ser mais agressivas na expansão de cursos de graduação e especialização, sem, contudo, possuírem metodologias de estudo de demanda de mercado. Os governos locais, por sua vez, têm buscado menos a cooperação com as instituições públicas de ensino superior do que em anos passados, e propiciado até mesmo o incentivo à oferta privado do serviço.

CONCLUSÕES:
Os resultados da pesquisa, mesmo que ainda parciais, indicam um momento menos propício para a expansão do Ensino Superior Público do que em períodos passados, como quando da implantação de campus da Universidade Estadual no norte do Estado nos anos 1990. As demandas de mercado, mesmo que parciais, têm sido atendidas pelas instituições privadas que disputam e mantêm concorrência por preços baixos, bolsas do ProUni e parcerias empresariais. No entanto, não existem cursos de mestrado e doutorado na região, o que pode ser a melhor possibilidade de investimento da SECITEC. Os limites para se vencer, neste caso, são tanto políticos como de falta de recursos humanos, uma vez que a Universidade do Estado possui um quadro de docentes que lentamente tem alcançado melhor formação. Nestes termos, é possível concluir que a implantação da proposta da SECITEC exige mais do que dois anos como proposto pelo órgão de Estado, exige primeiro o investimento em formação do quadro de docentes da Universidade do Estado e a consolidação da mesma como ator político-social na região e no Estado. Assim, mais do que de relações com atores locais, em um primeiro momento as condições da SECITEC implantar sua proposta depende de relações internas ao Governo do Estado, onde questões como orçamento, autonomia política e projetos políticos contam.

Instituição de fomento: FAPEMAT



Palavras-chave:  Ensino Superior, Avaliação, Política Educacional

E-mail para contato: lord@unicamp.br