60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

ANÁLISE ESPACIAL DA DOENÇA DIARRÉICA NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA NO PERÍODO DE 2001 A 2005.

Verena Sanchez Mizael Dias1, 3
Rafael Augusto de Carvalho Lima1, 3
Luiz Fernando Costa Nascimento1, 2

1. Universidade de Taubaté (UNITAU) / Departamento de Medicina
2. Professor Doutor / Orientador
3. Acadêmico do 4º Ano de Medicina


INTRODUÇÃO:
O conceito de diarréia é definido pela perda aumentada de água pela evacuação, que se expressa pela diminuição da consistência das fezes e ou aumento da freqüência de evacuações com fezes aquosas. Historicamente, a diarréia tem sido uma causa primária de morbidade e mortalidade infantil nos países em desenvolvimento, onde condições precárias de saneamento básico podem agravar essa situação. A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que as crianças com menos de cinco anos de idade apresentem em média 2 a 3 episódios de diarréia por ano e que nos primeiros anos de vida ocorram 20 óbitos por 1000 casos de diarréia. A maioria dos agentes etiológicos que levam a diarréia nos países em desenvolvimento é transmitida pela via fecal-oral e está relacionada à qualidade da água que a população recebe, e a falta de saneamento básico. O objetivo deste trabalho é identificar padrões espaciais das internações por doença diarréica no Vale do Paraíba Paulista.

METODOLOGIA:
É um estudo ecológico com dados de internação por doença diarréica em crianças menores de um ano, de um a quatro anos e de zero a quatro anos nos anos de 2001 a 2005, obtidos do portal DATASUS/MS, relativos aos 35 municípios do Vale do Paraíba Paulista. Foram calculadas as taxas de internação em menores de 1 ano por 1000 nascidos vivos e de 1 a 4 anos, por 100000 habitantes. Estas taxas foram criadas para cada um dos municípios e os valores obtidos foram inseridos numa planilha e analisados pelo programa TerraView 3.1.3 desenvolvido pelo INPE e de acesso público e gratuito. Este programa fornece os valores dos índices de Moran global e local (LISA). O Moran global avalia a existência de auto-correlação espacial e pode ter valores entre –1 e +1 e o LISA indica se há municípios com dinâmica própria, informando a significância destes valores. A base de dados geocodificada foi obtida do LAGEO (Laboratório de Geoprocessamento) da UNITAU. Foram construídos mapas com as distribuições das taxas de doença diarréica.

RESULTADOS:
No período de estudo foram internadas 872 crianças com menos de 1 ano, 1461 crianças de 1 a 4 anos e 2333 crianças no total. As taxas médias de internação foram 7,29/1000 NV (Mínimo = 0 e Máximo = 53,37), 0,17/100000 hab (Mínimo = 0 e Máximo = 1,34) e 0,28/100000 hab (Mínimo = 0 e Máximo = 2,29). Os índices de Moran global foram 0,53 (p=0,02) para as internações em menores de 1 ano, 0,49 (p=0,02) para a situação de 1 a 4 anos e 0,49 (p=0,02) para o global. Os mapas mostram um aglomerado (cluster) de altas taxas de internação na região Centro-Leste para os menores de 1 ano, e outro aglomerado na região Leste – Oeste, para as taxas de internação para crianças de 1 a 4 anos. Quanto aos valores do LISA, nota-se que dos 35 municípios existem 9 que apresentam dinâmica própria, com significância estatística menor de 5%, tais como Bananal, Caçapava, Cachoeira Paulista, Canas, Lorena, Paraibuna, Piquete, Redenção da Serra e Taubaté.

CONCLUSÕES:
A análise espacial por geoprocessamento permite identificar aglomerados de municípios com altas taxas de internação para doença diarréica nas faixas etárias de menores que um ano, de um a quatro anos e até quatro anos. As altas taxas de internação e a presença de municípios com dinâmica própria demonstram que existe um hiato nas políticas de saneamento básico e a assistência à saúde dos munícipes como um todo. Ainda hoje se constata que existe uma necessidade de investimentos e constantes aprimoramentos no que diz respeito ao saneamento básico e reeducação da população. Medidas que elevem o saneamento básico devem ser tomadas de uma forma global interessando vários municípios e não isoladamente em um ou outro município.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Análise Espacial, Diarréia, Saneamento Básico

E-mail para contato: rafaellima.verenasanchez@gmail.com