60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

As dificuldades na aprendizagem de biologia são determinantes para o tipo de abordagem que o estudante terá em relação a esta ciência, em sua formação secundária e às vezes, por toda vida. Por suas características intrínsecas, a biologia não deve ser vista apenas como um componente curricular uma vez que tem fronteiras expandidas para o cotidiano de forma a proporcionar uma real inclusão social do homem, pelo conhecimento de aspectos que perspassam da fisiologia reprodutiva à ecologia humana. Faz-se prioritário discutirmos aspectos deficitários no seu processo de ensino aprendizagem de forma que resulte em implementos efetivos à prática docente. Este trabalho baseia-se em dados que foram coletados por dois anos consecutivos em escola particular de Manaus, tendo por objetivos localizar as principais dificuldades relacionadas ao ensino de biologia, identificando os conteúdos mais e menos significativos para os estudantes e o por que desta diferenciação, e questionar até que ponto a limitação de recursos (materiais e físicos) contribuem para a problemática proposta. A identificação de problemáticas características no processo de ensino aprendizagem de cada ciência apresenta-se atualmente como uma das tendências mais propícias a alavancar a educação no Brasil.

METODOLOGIA:

Para execução deste trabalho foram coletados dados com fins de promover uma pesquisa exploratória descritiva de ordem aplicada. Quanto aos meios de investigação é uma pesquisa de campo que tem como instrumento de coleta de dados, aplicação de questionários e observação participativa. Estes foram apresentados escritos e individuais, junto a alunos das três séries do ensino médio do Centro Educacional Magister Excelsior, na cidade de Manaus, no Amazonas, nos anos de 2006 e 2007. Os estudantes participaram espontaneamente da pesquisa. Eram de ambos os sexos, inseridos na classe média e estavam na faixa etária adequada ao curso. A referida escola foi escolhida para sediar a pesquisa por apresentar características típicas representativas da maioria das escolas da rede particular de Manaus. O questionário constituiu-se de vinte cinco perguntas de múltipla escolha, abordando aspectos pessoais, ético-sociais e de significativos biológicos; aplicados no mês de abril de 2006 e repetidos em abril de 2007, totalizando o número de 208 participantes. Os dados obtidos foram sumarizados em tabelas, analisados diagnosticamente, indicam de forma simples e objetiva as críticas e dificuldades propostas pelo corpo discente. Informações obtidas foram compartilhadas com os gestores da Instituição.

RESULTADOS:

A nomenclatura biológica foi apontada como a principal dificuldade para a aprendizagem, por constituir-se de termos específicos desta ciência que não participam do cotidiano do aluno nem de outros componentes curriculares; seguida da necessidade de pré-requisitos, muitas vezes não dominados devido à abordagem mecanicista e compartimentalizada ainda muito marcante no ensino da biologia. A quase inexistência de material concreto e a apresentação excessivamente técnica da maior parte dos textos didáticos, também foram indicados como agravantes ao processo de ensino aprendizagem. Como forma de auxílio para esta, foram apontados: excursões em campo, aulas práticas, material concreto e leituras complementares desprovidas dos rigores da literatura científica. Percebe-se a consciência da importância da biologia para o cotidiano quanto à sexualidade, doenças, drogas e assuntos afins relacionados à saúde. Temas mais solicitados relacionam-se com genética, evolução e ação antrópica, indicando uma melhor percepção das problemáticas atuais. Os seres vivos são o conteúdo de maior interesse com destaque para a fisiologia e reprodução humana. O vestibular reforça a aprendizagem mecânica e fragmentada, inviabilizando um domínio curricular interdisciplinar.

CONCLUSÕES:

Infere-se a necessidade de uma prática docente que atenda as perspectivas atuais da juventude, articulando o conteúdo programático à realidade da comunidade escolar, e às demandas do desenvolvimento científico e tecnológico ao qual o estudante esta direta ou indiretamente inserido, levando-o a compreender a importância do conhecimento, uma vez que a ciência esta atrelada a todos os aspectos de sua vida. Estas expectativas podem concretizar-se através da melhoria na formação e capacitação dos professores, da incrementação de aulas práticas motivadoras e participativas, que devem ocorrer independentes da presença de laboratório, inclusive considerando o aproveitamento potencial de ambientes não formais como recurso criativo e indispensável à pratica pedagógica atual. Esta deve ensinar os alunos a pensar e buscar solução de problemas e não esperar que a resposta lhes seja apresentada. A formulação e aplicação de materiais concretos é apontada como elemento facilitador, que permite ao estudante “ver acontecer”, ampliando a capacidade de inferência, possibilitando maior independência do livro didático e até mesmo do conteúdo programático que muitas vezes enclausura as necessidades reais do aluno.

Instituição de fomento: FAPEAM

Palavras-chave: ENSINO DE CIÊNCIAS, NOMENCLATURA BIOLÓGICA, PRÁTICA DOCENTE

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