60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

INFLUÊNCIA DA BAIXA TEMPERATURA NOTURNA NA FOTOSSÍNTESE DE LARANJEIRA ‘VALÊNCIA’

Daniela Favero São Pedro Machado1, 3
Eduardo Caruso Machado2, 4, 6
José Rodrigues Magalhães Filho1, 3
Ricardo Silverio Machado1, 5
Rafael Vasconcelos Ribeiro2

1. Curso de Pós-graduação em Agricultura Tropical e Subtropical - IAC
2. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica - IAC
3. Bolsista de Mestrado da Fapesp
4. Bolsista em Produtividade Científica do CNPq
5. Bolsista de Mestrado da Fundag
6. Orientador


INTRODUÇÃO:
A fotossíntese é determinante na produção vegetal e é significativamente afetada pelas variações das condições ambientais. Folhas de laranjeiras permanecem sempre verdes e ativas fotossinteticamente durante todo o ano. Sob condições de campo, a produtividade depende da capacidade das plantas se adaptarem às mudanças bruscas e a estresses ambientais, por meio de mecanismos que conferem adaptação e/ou tolerância. No inverno, a ocorrência de temperatura do ar baixa durante o período noturno seguido de dia claro e quente ocorre freqüentemente em São Paulo. Esta condição causa redução na assimilação de CO2 (A) em tomateiro e mangueira. Em laranjeiras A decresce significativamente no inverno, porém as causas não estão esclarecidas. Uma das hipóteses é que a baixa temperatura noturna deva ser um dos fatores que afetam A. Uma forma de contornar os possíveis efeitos dos estresses ambientais é a utilização de variedades tolerantes. O objetivo desta pesquisa foi analisar o efeito da baixa temperatura noturna sobre os processos difusivos e fotoquímicos da fotossíntese em laranjeira ‘Valência’, sobre duas espécies de porta-enxertos.

METODOLOGIA:
Mediu-se A em folhas de laranjeira ‘Valência’ enxertadas em limoeiro ‘Cravo’ e citrumeleiro ‘Swingle’, com 6 meses de idade plantadas em sacos plásticos com capacidade para 5L de substrato. O experimento foi conduzido em câmara de crescimento (PGR14, Conviron, Canadá) com umidade do ar de 65±5%, fotoperíodo de 12h e densidade de fluxo de fótons fotossinteticamente ativos (DFFFA) de 800 µmol m-2 s-1. Foram realizadas curvas de resposta de A e da fluorescência da clorofila em função de DFFFA. A temperatura diurna na câmara de crescimento foi mantida constante (25°C), variando-se apenas a temperatura noturna entre 20°C e 8°C. As medidas foram realizadas em três momentos: durante um dia no regime de temperatura de 25/20°C (dia/noite); durante três dias após o resfriamento noturno, a 25/8°C (dia/noite); e durante dois dias após a temperatura noturna de 25/20°C (dia/noite). As medidas foram feitas com 5 repetições por espécie de porta-enxerto e por tratamento com um analisador portátil de fotossíntese (Li6400F, Licor, EUA). As variáveis de fluorescência medidas foram: eficiência quântica potencial (Fv/Fm) e efetiva (ΔF/Fm’) do fotossistema II (FSII), o coeficiente de extinção não fotoquímico da fluorescência (NPQ) e a taxa aparente de transporte de elétrons (ETR).

RESULTADOS:
No primeiro dia após o resfriamento noturno, houve queda de A e da condutância estomática (gs) em ambos porta-enxertos, sendo maior em ‘Cravo’. O fechamento parcial dos estômatos pode ter sido causado por uma inibição direta de A, o que causaria o aumento de Ci. Alternativamente, o estômato poderia ser o alvo do resfriamento, causando a queda de Ci, e declínio de A. Porém, Ci foi semelhante em plantas submetidas ou não ao resfriamento noturno. Assim a queda de A pode ser devida a causas difusivas e metabólicas. Em ‘Cravo’, logo após a 1ª noite de resfriamento, o ponto de compensação de luz aumentou permanecendo assim mesmo após o retorno da temperatura a 20°C. A razão Fv/Fm decaiu logo após a 1° noite de resfriamento e a recuperação, após retorno à 20°C, foi parcial, sugerindo a ocorrência de fotoinibição (Fv/Fm<0,65). Também A e gs não se recuperaram totalmente em Cravo. Em Swingle, além de Fv/Fm não ter sido afetada, A e gs decresceram menos do que em Cravo em decorrência do resfriamento noturno, recuperando-se totalmente após o retorno a noites de 20°C. Em Cravo houve acréscimo significativo em NPQ.

CONCLUSÕES:
A causa da queda de A em decorrência do resfriamento noturno foi relacionada com causas difusivas e metabólicas em ambos porta-enxertos. A e gs recuperaram-se totalmente em Swingle e não se recuperou em ‘Cravo’ até dois dias à temperatura de 20°C noturno. Em ‘Cravo’ os mecanismos de dissipação não fotoquímicos (NPQ) aumentaram significativamente com o resfriamento noturno, porém tais mecanismos não evitaram a ocorrência de fotoinibição durante as noites frias e nem depois do retorno a temperatura de 20°C. As respostas observadas sugerem maior tolerância ao frio noturno em laranjeira ‘Valência’ sobre porta-enxerto ‘Swingle’.

Instituição de fomento: Fapesp e CNPq



Palavras-chave:  Citrus sinensis, frio noturno, fotossíntese

E-mail para contato: danifavero@yahoo.com.br