60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Desde o seu surgimento até os dias atuais a fotografia se constituiu como um elemento significativo na representação da narrativa da memória individual ou coletiva. Dentre as suas diversas aplicações, também podem estar inseridas como fonte de representação histórica, constituindo-se também como importante ferramenta de aprendizagem, desde que usada adequadamente, respeitando suas orientações, tanto estéticas quanto ideológicas. Observa-se que, em livros didáticos, as iconografias se configuram essencialmente como parte significativa de seus conteúdos, não só porque ilustram as informações contidas nos textos mas, sobretudo, também os materializa. Assim, a partir da realização desta pesquisa, investigou-se a inserção iconográfica nos livros didáticos de História relativa ao conteúdo de História da África e Cultura Afro-Brasileira e conseqüentemente o destaque dado a essas imagens em relação aos demais conteúdos. Como conclusão deste trabalho, tenciona-se apresentar uma proposta metodológica que ofereça um resultado mais significativo no emprego das imagens encontradas nos livros didáticos, sobretudo objetivando possibilitar uma ação mais afirmativa frente ao preconceito étnico-racial, muito presente em nossas relações sociais.

METODOLOGIA:

Inicialmente foi desenvolvido um levantamento bibliográfico, a fim de analisar e observar os referenciais teóricos ligados ao estudo da fotografia como instrumento documental histórico, bem como uma análise empírica do emprego de iconografias nas aulas de história, no ensino de educação básica da rede pública de Vitória da Conquista – BA. Tomou-se como ponto de partida o que preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana sobre o uso dos recursos didáticos - neste caso iconografias - como elementos de construção do conhecimento, além do próprio mapeamento das imagens encontradas nos livros. Todas as ações visaram à aplicabilidade da teoria piagetiana de desenvolvimento cognitivo, e a partir de então, verificou-se como os professores utilizavam estas iconografias nos seus contextos de aprendizagem. Também foram disponibilizadas outras imagens relativas à temática e que não foram encontradas nos livros adotados nestas escolas para que pudessem ser empregadas nas aulas de história. Esta atividade foi executada durante a unidade II do período letivo de 2007, em turmas de 1ª à 4ª séries de diferentes escolas.

RESULTADOS:

Ao final da execução da metodologia proposta na pesquisa observou-se que, em comparação a outras turmas, nas classes em que iconografias foram utilizadas como recurso de aprendizagem, houve uma melhor compreensão acerca do assunto abordado e da importância do negro na história. Alguns alunos expressaram identificação com alguns dos “personagens” estudados, bem como uma similitude sócio-cultural bastante significativa. Assim, pode-se afirmar que, a partir de uma proposição metodológica no ensino de História da África e Cultura Afro-Brasileira com o uso contextualizado das imagens relativas ao papel desempenhado pela população negra na história do Brasil, é possível estabelecer uma nova mentalidade em relação a esta mesma população, bem como superar as barreiras do preconceito e da discriminação, herdados do período colonial de nossa história e ainda fortemente presentes nos dias atuais. Por fim, a pesquisa ainda apresentou outro resultado intrínseco e não menos significativo: baixa ou inexistente habilidade para o manejo adequado de materiais pedagógicos relativos ao ensino de História da África. Tal característica pode ser resultado tanto da inexistência de recursos pedagógicos necessários, como pouca ou nenhuma capacitação para a instrumentalização devida de tais recursos.

CONCLUSÕES:

Os resultados da pesquisa permitem concluir que a inserção de iconografias no contexto do ensino de História da África possibilita uma melhor remontagem do ensino da história pelos alunos e conseqüentemente sua melhor compreensão a partir de um novo padrão educativo, valorado na superação e desconstrução dos preconceitos étnico-raciais há muito vigentes na sociedade e corroborados no âmbito escolar. Embora no tradicional contexto da sala de aula as imagens ocupem um status inferior ao texto didático, faz-se necessário que os professores, ao se utilizarem desse recurso, estejam capacitados para inserí-las como interlocutoras do texto escrito.

Instituição de fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Palavras-chave: Ensino de História da África, Iconografias, Preconceito Étnico-Racial

E-mail para contato: crismaroli@yahoo.com.br