60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional

CARACTERIZAÇÃO DOS ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE BURNOUT E EDUCAÇÃO PUBLICADOS EM PERIÓDICOS DE PSICOLOGIA INDEXADOS NAS BASES BVS-PSI E BIREME

Tatiane Oliveira Zanfelici1, 2
Fernanda Aguillera3, 4, 5

1. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial – UFSCar
2. Psicóloga graduada pelo Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas
3. Professora do Serviço-Escola de Psicologia – Uniararas
4. Professora do Centro de Estudos Aplicados em Psicologia – UNIMEP
5. Doutoranda, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP


INTRODUÇÃO:
Conceitua-se burnout a reação ao estresse ocupacional crônico gerado a partir do contato profissional direto e excessivo com outras pessoas, especialmente quando elas estão preocupadas ou com problemas. Embora não seja um tema novo em outros países, as pesquisas da área vem sendo largamente exploradas no Brasil atualmente. Uma análise de artigos sobre o tema advindos de periódicos de psicologia nacionais apontou que as publicações em tal segmento ampliaram-se significativamente a partir do ano de 2002, com artigos que se voltavam principalmente ao estudo e pesquisa do burnout em trabalhadores da educação. Tais profissionais caracterizam-se como trabalhadores de alto contato, isto é, necessitam em suas condições de trabalho do relacionamento direto e permanente com outras pessoas, se destacando ainda pela sobrecarga de trabalho em ambientes conflituosos, aliada às longas jornadas e ao envolvimento com problemas de seus clientes. A fim de identificar o panorama atual das pesquisas neste contexto (tipos de pesquisa desenvolvidos, categorias mais estudadas, principais instrumentos de aferição, etc), o objetivo deste estudo foi caracterizar os artigos sobre burnout e educação publicados em periódicos de psicologia brasileiros indexados em duas bases de busca eletrônica.

METODOLOGIA:
O acesso aos artigos ocorreu por meio de coletas realizadas no segundo semestre de 2007 em dois ambientes de busca na Internet que abrangem, entre outras ciências, a psicologia: a Bireme e a BVS-Psi. Ambas representam uma significativa fatia da produção científica publicada em artigos na América Latina, e em muito se complementam, já que existem revistas indexadas em apenas uma das bases. Para o rastreamento dos artigos foram estabelecidos os critérios: palavras burnout ou síndrome de burnout no título, idioma português, e psicologia como tema principal das coleções de revistas científicas. Foram obtidos 29 artigos nesta busca, dos quais 12 se voltavam ao tema burnout e educação, área de interesse do estudo. Tais artigos foram recuperados da Internet quando existia acesso eletrônico e em bibliotecas universitárias, por meio de acesso direto e pedidos de comutação, quando as versões disponíveis eram apenas as impressas. Todos foram lidos integralmente, sintetizados e tabulados em um protocolo criado para tal fim, visando sistematizar as informações: título, autoria, periódico, ano, participantes ou público alvo, metodologia, instrumentos utilizados e tratamento dos resultados. Para a análise foi utilizada estatística descritiva e posteriormente, os dados foram discutidos.

RESULTADOS:
Os 12 artigos foram publicados entre os anos de 2002 e 2007, sendo que o ano que mais concentrou publicações foi 2003 (33,3%). Referiam-se principalmente à pesquisa do burnout em professores de ensino regular (infantil, fundamental e médio) de escolas privadas (50%), contudo, existiram também trabalhos dedicados ao estudo do tema em professores do ensino fundamental de escolas públicas, professores de educação especial e a professores de universidades privadas. A maioria das pesquisas (66,7%) referia-se a levantamentos que se serviram de diversos inventários e tratamento estatístico. O principal inventário utilizado foi o Maslach Burnout Inventory- MBI (75%), mas foram empregados também outros questionários a fim de estudar fatores correlatos, como os instrumentos de caracterização das amostras (dados sócio-demográficos e profissionais). As revisões bibliográficas constituíram 25% da amostra e não se referiam a profissionais da educação específicos, mas sim ao estudo do burnout neste mesmo contexto, sendo publicadas entre os anos de 2002 e 2003. As revistas que concentraram a maior parte dos artigos foram edições de Psicologia em Estudo (25%) e Psicologia Escolar e Educacional (25%). Eram de autoria ou co-autoria de uma mesma pesquisadora 58,3% dos artigos levantados.

CONCLUSÕES:
Percebeu-se que os estudos sobre burnout e educação vêm se sofisticando em relação às metodologias utilizadas. Nos primeiros trabalhos, o assunto era explorado somente em revisões bibliográficas, passando em seguida a levantamentos de variáveis correlacionáveis ao burnout utilizando o mais comum dos inventários da área (MBI) e, recentemente, a utilização de método experimental em grupos de encontro (em somente um artigo). A fim de explorar a preferência por estudar profissionais da educação, pode-se formular hipóteses como: a alta quantidade de artigos de autoria ou co-autoria da mesma autora; a acessibilidade e numerosidade de professores, já que o Brasil possui muitas instituições educacionais; e o considerável volume de materiais já publicados sobre o tema, possibilitando subsídios aos estudos e influências para novas idéias. Diante do amplo interesse e quantidade de pesquisas voltadas à categoria profissional, parece importante pensar em uma revisão posterior que contemple também os resultados destas pesquisas e inspire trabalhos de intervenção, possibilitando ainda nortear políticas que potencializem fatores de proteção e minimizem os riscos de burnout nesta população, contribuindo para melhorias em suas condições de trabalho e, por que não, para a própria educação.

Instituição de fomento: Não houve



Palavras-chave:  Burnout , Educação, Artigos Científicos

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