60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática

ECOLOGIA POPULACIONAL DE BRYCONAMERICUS STRAMINEUS EM RIACHOS DA BACIA DO RIO GUIRAÍ, ALTO RIO PARANÁ, MATO GROSSO DO SUL

Lilian Paula Vasconcelos1, 2
Yzel Rondon Súarez2
Sidnei Eduardo Lima Júnior2

1. Bolsista de Iniciação Científica CNPq/UEMS
2. UEMS/CInAM/Laboratório de Ecologia


INTRODUÇÃO:
O rio Paraná é o principal canal de drenagem da bacia do rio da Prata, segunda maior bacia hidrográfica da América do Sul. A planície de inundação do Alto Rio Paraná, entre as represas de Porto Primavera e Itaipu, é o último trecho livre de represamento em território brasileiro. Possui elevada diversidade de espécies e, apesar do crescente número de estudos sobre a ictiofauna neste trecho, poucos foram realizados em riachos do Mato Grosso do Sul. Bryconamericus stramineus é uma das espécies mais comuns em riachos do Alto Rio Paraná ocorrendo predominantemente em riachos rasos e com correnteza elevada, apresenta hábitos diurnos e habita a meia-água e superfície. Este estudo objetiva descrever alguns aspectos populacionais da espécie na bacia do rio Guiraí respondendo às questões: 1) Qual a equação que descreve a relação peso/comprimento para machos e fêmeas de B. stramineus? 2) O peso médio ajustado dos indivíduos varia ao longo do ano e em função do comprimento? 3) Ocorre variação na proporção sexual ao longo do ano?

METODOLOGIA:
As capturas dos peixes foram realizadas bimestralmente de outubro/2006 a agosto/2007 em sete locais da sub-bacia do rio Guiraí durante o período diurno utilizando uma peneira retangular de 1,2 x 0,8m, com 2mm de abertura de malha em um trecho de aproximadamente 50m de extensão. Os espécimes coletados foram fixados em formol 10% e preservados em etanol 70%. Em laboratório os peixes foram sexados, tiveram seu comprimento padrão e peso total registrados com uso de paquímetro digital e balança analítica, respectivamente. A relação peso/comprimento foi obtida através de regressão não linear para cada sexo. A comparação dos valores estimados do coeficiente angular de crescimento (b) entre machos e fêmeas foi realizada através da comparação de seus intervalos de confiança. Para cada mês foi calculada a proporção sexual, visando verificar possíveis variações temporais neste descritor das populações. A fim de se analisar a influência da variação temporal sobre o peso dos indivíduos, para cada um dos sexos foi realizada uma análise de co-variância do logaritmo do peso total em função do mês da amostragem e do logaritmo do comprimento padrão (log 10).

RESULTADOS:
Foram amostrados 960 indivíduos, distribuídos em 532 fêmeas e 316 machos, com variação na proporção sexual ao longo do ano, sendo que nos meses de outubro e dezembro a proporção de fêmeas era mais acentuada (qui-quadrado=32,82; P<0,000). O comprimento padrão médio encontrado das fêmeas foi 37,46mm (de 19,2 a 59,7mm, dp=8,314), e dos machos 36,32mm (de 18,4 a 58,9mm, dp=8,066). O Peso total médio das fêmeas foi 37,46g (de 0,094 a 3,216g,dp=0,568),e dos machos,36,32g (de 0,079 a 3,178g, dp=0,525). O modelo gerado para a variação do peso em função do comprimento para fêmeas (Peso= 0,00000749*LS3,165) pôde explicar 97,8% na variação dos dados e para machos (Peso=0,00000424*LS3,313), 97,7% da variação. Para ambos o valor estimado do coeficiente angular de crescimento (b) foi maior que 3, demonstrando o crescimento alométrico positivo. Através da análise de co-variância constatamos que tanto a variação sazonal quanto o comprimento padrão influenciam significativamente o peso de machos (r2=0,986; F-meses=9,079; F-comprimento=17525,1) e fêmeas (r2= 0,988; F-meses =14,43; F-comprimento=30552,3), sendo que no mês de dezembro machos e fêmeas apresentaram maior peso médio ajustado.

CONCLUSÕES:
As fêmeas apresentaram maiores comprimento padrão e peso total que os machos. No entanto, o coeficiente de crescimento dos machos foi maior que das fêmeas, sugerindo que estes alcançam o tamanho máximo mais rápido que as fêmeas. A variação no peso médio ajustado ao longo dos meses indica que a oferta sazonal de recursos pode atuar de forma significativa no ganho de peso, mesmo que o peso das gônadas possa estar influenciando este resultado. Ainda que não tenhamos informações sobre a dinâmica predatória nos ambientes amostrados, é possível que as diferenças observadas na proporção sexual sejam reflexo de maior predação dos machos uma vez que, apresentando menores tamanhos que as fêmeas, tornam-se mais suscetíveis, o que justificaria também o maior coeficiente angular de crescimento.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UEMS e Fundect (Processo n. 41/100.143/2006)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Bryconamericus stramineus, Alto Rio Paraná, Ecologia Populacional

E-mail para contato: liliantht@yahoo.com.br