60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental

AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE HG, CD, CU, CR E PB EM SEDIMENTOS DO PANTANAL MATO-GROSSENSE

Keila Cristina Pinheiro Antunes1
Adriana Paiva de Oliveira2
Edinaldo de Castro e Silva2
Ricardo Dalla Villa2

1. Universidade Federal de Mato Grosso/Departamento de Química
2. Prof. Dr. -Departamento de Química-UFMT - Orientador


INTRODUÇÃO:
Os sedimentos têm sido considerados um compartimento de acumulação de espécies poluentes a partir da coluna d’ água, devido às altas capacidades de sorção e acumulação associadas (FORSTER et al., 1981). Dentre os poluentes, os metais representam um grupo especial, pois não são degradados de forma natural (SANTOS et al., 2002). A presença destes contaminantes no ambiente possibilita a bioacumulação e a biomagnificação na cadeia alimentar, podendo oferecer riscos para diferentes espécies da biota e para o homem (LENZI et al., 2001). Com isso em vista, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a concentração de Hg, Cd, Cu, Cr e Pb nos sedimentos ativos dos rios: Rio Arrozal, Faz. São Francisco, Rio Dois Irmãos, Córrego Cachoeirão, Rio Aquidauana, Córrego Ceroula, Rio Taquaruçú, Córrego Acogo, Rio Miranda, Rio Nioaque, Rio Formoso, Rio Chapena, Rio Salobra, Rio Sepotuba, Rio Cabaçal, Bento Gomes, Rio Cuiabá, Rio Negro, Rio Paraguai numa tentativa de avaliar as condições atuais de impacto do Pantanal Mato-Grossense.

METODOLOGIA:
As amostras de sedimento ativo foram coletadas sob lâminas de água, de profundidade variável, utilizando um coletor de Eckman, logo após, armazenadas em sacos plásticos e congeladas até o momento da análise. Estas amostras foram homogeneizadas e submetidas a peneiramento úmido, utilizando uma peneira, com fundo de náilon, de 200 mesh (0,074 mm). Para determinação Cd, Cu, Cr e Pb foram pesadas 0,2 g de amostra em duplicatas. As amostras foram digeridas adicionando-se 2 mL de HCl (conc) e 1 mL HNO3 (conc). A mistura foi aquecida em bloco digestor a 160° C até a secura. Adicionou-se novamente 2 mL de HCl (conc) e 1 mL HNO3 (conc) e aqueceu-se por um minuto para o desagregamento do resíduo. Após esfriar, acrescentou-se 17 mL de água deionizada (EMBRAPA,1979). Em seguida, procedeu-se às leituras da concentração dos metais por espectrometria de absorção atômica em chama (FAAS), modelo SPECTRA 220, marca VARIAN. Para determinação de Hg foi utilizado 2,0g da amostra em duplicatas. As amostras foram digeridas conforme metodologia descrita por Gonçalves & Paiva (1995). Adicionou-se 7 mL de água régia (uma alíquota de 5,0 mL de HCl (conc) e 2,0 mL HNO3 (conc). A mistura foi aquecida em bloco digestor a ±70°C por 30 min e depois a ±110ºC por 01h30min. Em temperatura ambiente adicionou-se 23mL de água deionizada. Em seguida procedeu-se às leituras da concentração de mercúrio por espectrometria de absorção atômica com o geração de vapor frio (CV-AAS).

RESULTADOS:
Neste estudo, o Cd e o Pb não foram detectados em nenhum dos sedimentos analisados, e os limites de detecção foram 0,20 mg kg-1 e 10,00 mg kg-1 para o cádmio e chumbo, respectivamente. O Hg e o Cr foram detectados, porém os valores de concentração determinados nos sedimentos não ultrapassaram os limites máximos estabelecidos pela Environmental Protection Agency (EPA) 0,696 mg Hg kg-1; 160 mg Cr kg-1, e pelo Canadian Environmental Quality Guidelines (EQGs) 0,486 mg Hg kg-1 ;90 mg Cr kg-1. Já o cobre em alguns rios apresentou concentrações relativamente altas e podem oferecer riscos ambientais. A concentração de Cu (108 mg Cu kg-1) foi superior aos valores estabelecidos pela EPA nos sedimentos dos rios Dois Irmãos, Miranda e Niaoque (145,39; 145,02; e 122,69 mg Cu kg-1) e nos córregos Cachoeirão e Ceroula (237,90 e 250,66 mg Cu kg-1). Porém, em relação ao EQGs, os valores de concentração de Cu (160 mg Cu kg-1) foram superiores apenas para os córregos Cachoeirão e Ceroula. As possíveis fontes de cobre nestas regiões podem ser atribuídas ao carreamento de águas pluviais, a contribuição geológica local e ao descarte de efluentes domésticos e industriais. A concentração de Cr foi relativamente alta, porém não ultrapassou os valores de referência. Apesar disso, o cromo merece uma atenção especial dada à presença de curtumes na região, que fazem uso extensivo deste metal.

CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos neste trabalho mostram que a concentração de cobre em sedimentos de diversas regiões do Pantanal Mato-Grossense são superiores aos valores de referência. Apesar das concentrações de Hg e Cr serem menores que a de referência, estes metais foram detectados em todos os sedimentos analisados. Com isso, cabe averiguar as fontes destes metais para avaliar os riscos que os mesmos poderão trazer no futuro.

Instituição de fomento: UFMT, CNPq e IPEM.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Sedimentos, Metais, Pantanal

E-mail para contato: keila_antunes@hotmail.com