60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia

QUANTIFICAÇÃO FENÓLICOS TOTAIS E ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS DE ALTERNANTHERA MARITIMA

Ana Paula Teixeira1
Marcos José Salvador2

1. Curso de Farmácia, Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D)/UNIVAP
2. Curso de Farmácia, Departamento de Fisiologia Vegetal, Instituto de Biologia IB


INTRODUÇÃO:
A qualidade de um produto ou serviço remonta a adequação ao uso, assim parâmetros de qualidade são estabelecidos para a matéria-prima vegetal a fim de garantir, por exemplo, a segurança e a eficácia dos produtos e medicamentos fitoterápicos. Os métodos utilizados na obtenção de extratos podem influenciar diretamente a segurança e a eficácia do produto. Assim, diferentes fatores podem interferir nos processos extrativos: estado de divisão das drogas, agitação, temperatura, a natureza do líquido extrator, o pH e o tempo de extração. Alternanthera maritima (Gomphreneae, Amaranthaceae) é uma herbácea comumente encontrada nas restingas brasileiras e têm sido utilizada no combate a infecções. Estudos fitoquímicos prévios com A. maritima têm demonstrado a ocorrência de alcalóides, flavonóides, saponinas e esteróides como constituintes majoritários, entretanto, até o momento, nenhum estudo tecnológico para padronização da matéria-prima deste vegetal foi encontrado. Assim, no presente estudo procedeu-se a avaliação da atividade antioxidante de extratos (hexânicos, metanólicos e aquosos) de A. maritima obtidos por três métodos de extração (reator encamisado, ultra-som, e maceração) e a quantificação de compostos fenólicos totais presentes nestas preparações farmacêuticas.

METODOLOGIA:
Extratos vegetais de A. maritima (partes aéreas) foram obtidos empregando-se três métodos de extração (reator encamisado, ultra-som, e maceração), tendo como liquido extrator metanol, hexano ou água. A extração ocorreu em diferentes intervalos de tempo (30, 60, 720 e 1440 minutos) e a proporção de pó vegetal e solvente extrator foram de 1:20 (m/v). Após evaporação dos solventes os extratos foram pesados e determinou-se a eficiência de extração em termos de massa (g). Para avaliação da atividade antioxidante, os extratos foram diluídos com etanol (3,125 a 100µg/mL) e submetidos ao teste de “captura” do radical livre DPPH, sendo à leitura realizada em espectrofotômetro (517nm). Como controle positivo utilizou-se o flavonóide quercetina (40µg/mL). O conteúdo de compostos fenólicos totais foi determinado usando método colorimétrico de Folin-Ciocalteu. Os extratos foram solubilizados em etanol na concentração de 100µg/mL. O composto de referência utilizado para o experimento foi o ácido gálico nas concentrações de 3,125 a 100µg/mL. A absorbância das amostras e amostra-padrão foi medida em espectrofotômetro, no comprimento de onda de 726nm. Todos os experimentos foram realizados em triplicata.

RESULTADOS:
A maceração é um método convencional que exige mais tempo para obter o mesmo rendimento de massa que os métodos mais modernos. O emprego do ultra-som e do reator encamisado otimizou o processo de obtenção de extratos de A. maritima com atividade antioxidante, apresentando bom rendimento de transferência de massa em menor tempo de extração quando comparados com a maceração. A atividade antioxidante dos extratos obtidos foi comparada com o padrão quercetina e observou-se que os extratos hexânicos e aquosos não apresentaram atividade antioxidante considerável. Já os extratos preparados em metanol apresentaram promissora atividade antioxidante com valores de IC50 (concentração que inibe 50% do radical DPPH) variando entre 24,62 e 40,31µg/mL. Os extratos metanólicos, que foram extraídos pelo método de maceração apresentaram maior quantidade de compostos fenólicos, como também menores valores de IC50, seguidos dos extratos metanólicos obtidos com o auxilio de ultra-som. Os valores de fenólicos solúveis totais estimados variaram de 249,3 a 312,5 mg de acido gálico equivalente (AGE)/g de extrato. Estes resultados estão de acordo com relatos da literatura que correlacionam a efetividade antioxidante de produtos naturais às substancias fenólicas presentes na biomassa.

CONCLUSÕES:
Os resultados mostraram que a metodologia de extração empregando reator encamisado e a ultrassonificação otimizaram o processo quando comparados ao método clássico de maceração. Verificou-se também que variáveis como polaridade do solvente extrator e tempo podem influenciar diretamente o rendimento do processo de extração e conseqüentemente na atividade antioxidante destas preparações farmacêuticas. Os extratos metanólicos de A. maritima obtidos pelos três métodos de extração apresentaram promissora atividade antioxidante in vitro com valores de IC50entre 24,62 e 40,31µg/mL O conteúdo fenólico dos extratos metanólicos ativos variou de 249,3 a 312,5 mg de AGE/g de extrato em base seca.

Instituição de fomento: FAPESP

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Alternanthera maritima, Amaranthaceae, Fenólicos solúveis totais

E-mail para contato: annapt@bol.com.br