60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade

INCIDÊNCIA E ANÁLISE DAS PERDAS PROVOCADAS PELA SÍNDROME DO AMARELECIMENTO FOLIAR DA CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DE ALAGOAS

DYANA DE ALBUQUERQUE TENORIO1
LUCIANA DE OMENA GUSMÃO1
GAUS SILVESTRE DE ANDRADE LIMA1
NADJA MARIA FERNANDES LIMA2
VIRGÍNIA MARIA TENÓRIO DONATO2
JÚLIO ZOE DE BRITO2

1. Universidade Federal de Alagoas/Departamento de Fitossanidade
2. Universidade Federal de Pernambuco/Setor de Biotecnologia/IPA


INTRODUÇÃO:
O cultivo da cana-de-açúcar constitui uma das principais atividades econômicas do estado de Alagoas, movimentando milhares de dólares ao ano. Contudo, nos últimos anos vem crescendo em várias regiões produtoras a importância de uma doença da cana-de-açúcar conhecida como síndrome do amarelecimento foliar (SAF). A doença se caracteriza pelo amarelecimento da nervura central que se expande para o limbo foliar. Em determinadas variedades o amarelecimento evolui para um arroxeamento da nervura central e áreas adjacentes. Outra característica da doença é o acúmulo de sacarose na nervura central (CHATENET et al., 2001). Durante muitos anos a etiologia da SAF foi atribuída a fatores abióticos, porém Scagliusi e Lockhart (2000) demonstraram que um vírus pertencente à família Luteoviridae, denominado Sugarcane yellow leaf luteovirus (SCYLV) era o agente etiológico da doença. Em Alagoas vem se observando com freqüência sintomas muito similares aos relatados para a SAF, em canaviais comerciais e na coleção de germoplasma da RIDESA. Ensaios de RT-PCR realizados no IB de São Paulo confirmaram a presença do SCYLV em algumas amostras. Contudo, nenhum levantamento foi realizado para se determinar a incidência da doença em campo ou seu impacto na produção, tampouco para caracterizar isolados do SCYLV que ocorrem em Alagoas. Esse trabalho tem como objetivos realizar um levantamento da incidência do SCYLV em áreas comerciais e na coleção de germoplasma, caracterizar isolados do SCYLV e determinar as perdas ocasionadas pela SAF nas principais variedades plantadas no estado.

METODOLOGIA:
Foram coletadas amostras de folhas jovens de algumas variedades de cana-de-açúcar exibindo sintomas característicos da SAF em plantios comerciais e experimentais no estado de Alagoas. As amostras foram encaminhadas ao Lab. de Fitopatologia para detecção do vírus, empregando-se a técnica de RT-PCR. O procedimento se iniciou com a extração do RNA total, utilizando-se trizol. O RNA purificado foi quantificado e utilizado para a síntese do cDNA por meio de transcrição reversa, utilizando-se o primer antisenso P2r descrito por Gonçalves et al. (2002). A transcrição reversa foi processada com 1 µl do primer antisenso, 3 µl da amostra e 6 µl um pré-mix (Gibco) contendo os demais componentes da reação. O mix para PCR consistiu de 1 µl de cada primer, 5 µl do tampão 10x da Taq, 8 µl de 25mM MgCl2, 5µl de dNTPs1mM, 2.5U de Ampli-Taq Gold (Perkin Elmer), 5 µl das amostras de cDNA e 24.5 µl of água ultrapura. A PCR foi realizada em 30 ciclos de desnaturação (1’/94ºC), anelamento (1’/50ºC) e extensão (2’/72ºC). RNA extraído de plantas sadias foi empregado como controle negativo da reação Alíquotas das reações foram submetidas à eletroforese em géis de agarose para confirmação da amplificação e estimativa do tamanho do fragmento amplificado. Após a eletroforese o gel foi corado com EtBr e visualizado e fotografado sobre luz UV. Os produtos de RT-PCR provenientes da capa protéica de dois isolados foram seqüenciados em ambos os sentidos utilizando-se seqüenciador automático de DNA.

RESULTADOS:
A incidência do SCYLV em Alagoas foi determinada, de maneira preliminar em alguns canaviais comerciais ou experimentais. Conforme observado na Tabela 1 o vírus foi detectado em metade das amostras da variedade RB 931530 cultivada no CECA e em um terço das amostras da variedade RB 92579. Contudo faz-se necessário ampliar o número de amostras avaliadas bem como diversificar suas procedências. Tabela 1. Incidência do Sugarcane yellow leaf virus em algumas variedades de cana-de-açúcar no estado de Alagoas. Variedade Procedência Incidência (%) RB 931530 U.A.CECA 50,0 RB 93509 U.A.CECA 0 RB 92579 U.A.CECA 0 SP79-1011 U.A.CECA 0 RB 92579 Usina Santo Antônio 0 RB 92579 Serra do Ouro 33,3 RB 92579 Usina Triunfo 0 No Brasil apenas no estado de São Paulo foi realizado um levantamento da incidência do SCYLV, onde foi constatado valores próximos de 25 % na variedade SP 6163, no entanto, de acordo com TOKESHI (2005) perdas de até 50 % foram observadas em algumas áreas plantadas com essa mesma variedade, sendo essas perdas mais severas quando o cultivo era realizado em solos ácidos, compactados, de baixa fertilidade e com elevada saturação de alumínio. Um fragmento do gene da capa protéica de dois isolados do SCYLV de ocorrência no estado de Alagoas foi seqüenciado (um procedente da Serra do Ouro e outro da U.A. CECA), verificando-se 100 % de identidade entre eles e 98,5 % com um isolado desse mesmo vírus procedente do estado de São Paulo e caracterizado por SCAGLIUSI & LOCKHART (2000).

CONCLUSÕES:
Plantas infectadas com o SCYLV foram observadas apenas em áreas experimentais ou na coleção de germoplasma de cana-de-açúcar; Os dois isolados caracterizados apresentaram 100 % de identidade par a região genômica e foram muito relacionados a um isolado do SCYLV proveniente do estado de São Paulo

Instituição de fomento: FAPEAL – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas; BNB – Banco do Nordeste do Brasil

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Sugarcane yellow leaf luteovirus, RT-PCR, Caracterização molecula

E-mail para contato: dayagro@gmail.com