60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 1. Biogeografia

ESCORPIOFAUNA DO ESTADO DA BAHIA: ATUALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO

Tiago Jordão Porto1
Tania Kobler Brazil1, 2

1. 1. Dep. de Zoologia, Instituto de Biologia/Universidade Federal da Bahia (UFBA)
2. 2. Professora orientadora


INTRODUÇÃO:
A fauna mundial de escorpiões abrange cerca de 14 famílias, 163 gêneros e 1500 espécies, sendo o Equador, Colômbia, Peru e Brasil as áreas de maior diversidade na América do Sul. São encontrados em todas as zonas tropicais do mundo e, no Brasil, são conhecidas 4 famílias, 18 gêneros e mais de 100 espécies atualmente válidas, distribuídas por todas as regiões. O Estado da Bahia apresenta peculiaridades geográficas e climáticas determinantes para a presença de uma das Biotas mais diversas de todo o país. Apesar disso, esta megadiversidade ainda é pouco conhecida para a maioria dos grupos de animais, o que determina a necessidade de investigar cada vez mais a ocorrência das espécies nos diversos ecossistemas do Estado. Esse trabalho objetivou apresentar um diagnóstico atual das espécies de escorpiões que aí ocorrem, vinculado a um banco fotográfico e mapas de distribuição geográfica, identificando as endêmicas das diferentes fitofisionomias, e as de importância conservacionista. Trata-se de um projeto comum a outros grupos de animais, desenvolvido no Núcleo Regional de Ofiologia e Animais Peçonhentos (NOAP) e no Museu de Zoologia da UFBA (MZUFBA). Foi iniciado em 2005, junto a outros Projetos Biota, com o objetivo maior de contribuir para o conhecimento da biodiversidade do Estado da Bahia.

METODOLOGIA:
Foram analisados os registros dos escorpiões das duas coleções científicas mais representativas do Brasil para este grupo: Instituto Butantan (São Paulo - 1902 a 2007) e Museu de Zoologia da Universidade Federal da Bahia (MZUFBA – 1982 a 2007), além dos artigos de descrição das espécies e de suas distribuições geográficas; relatórios técnicos de resgate de fauna e de projetos desenvolvidos pelo NOAP (1987 a 2007). Foram examinados todos os escorpiões registrados no MZUFBA (n=3.300 exemplares), tendo estes sua identificação taxonômica confirmada, foi realizada a biometria (Paquímetro Digital Starrett 727) e seus dados transcritos no Livro de Tombo da coleção, que foi totalmente informatizado. Os mapas de distribuição de todas as espécies nos municípios do Estado da Bahia foram confeccionados utilizando-se o programa TabWin®. Para o banco fotográfico foram selecionados apenas animais vivos mantidos em cativeiro no NOAP, com fotos representativas de todas as espécies registradas, em diferentes fases do desenvolvimento ontogenético. Os dados ambientais foram obtidos na Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, disponíveis no site: www.sei.ba.gov.br

RESULTADOS:
Foram registradas 27 espécies distribuídas por duas famílias (Bothriuridae e Buthidae) e sete gêneros (Bothriurus, Ananteris, Isometrus, Physoctonus, Rhopalurus, Tityus e Troglorhopalurus). O banco fotográfico possui imagens de 18 dessas espécies. Nove são endêmicas (33,3%): A. evellynae, Rhopalurus guanambiensis, R. lacrau, Tityus aba, T. brazilae, T. kuryi, T. lamottei, T. melici e Troglorhopalurus translucidus. Sete destas foram descritas nos últimos dez anos, e portanto este endemismo pode estar relacionado à escassez de conhecimento sobre sua distribuição. A nova listagem deste trabalho amplia em 80% a escorpiofauna do Estado, que agora apresenta 25% dos escorpiões do Brasil, sendo mais rica que a fauna escorpiônica de muitos países sul-americanos. Quatro espécies foram registradas pela primeira vez para a Bahia e outras seis tiveram sua distribuição ampliada dentro do próprio Estado. A coleção científica de escorpiões do MZUFBA teve seu primeiro registro em 1982 e no presente trabalho foi triplicada em número de exemplares, riqueza e representatividade, além de informatizada. Atualmente conta com 3300 exemplares, distribuídos por 3 famílias, 9 gêneros e 34 espécies.

CONCLUSÕES:
A informatização da coleção científica do MZUFBA permite uma maior visibilidade em relação a possíveis consultas e permutas com os especialistas do mundo. As recentes descobertas de novas espécies (sete espécies novas nos últimos 10 anos) e ampliação da distribuição geográfica de outras para o Estado da Bahia, é uma constatação de que a fauna escorpiônica do Estado ainda é parcialmente conhecida. A continuidade dos trabalhos de pesquisa do NOAP em contínuas coletas de campo e recebimento dos animais, e a conseqüente análise dos escorpiões tombados na coleção científica do MZUFBA poderão revelar novas ocorrências, e até mesmo espécies desconhecidas para a ciência. Toda esta revisão bibliográfica culminou no conhecimento das lacunas existentes pela falta de investigação em diversos níveis da pesquisa e, dessa maneira, contribui para o êxito do Projeto Biota-Bahia, abrindo um leque para a elaboração de outros trabalhos na tentativa de diminuir a relativa escassez de dados sobre nossa fauna.

Instituição de fomento: CNPq (PIBIC)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  escorpiões, endêmicos, coleção científica

E-mail para contato: tjporto@ufba.br