60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional

MODOS DE OCUPAÇÃO E SITUAÇÃO DO MEIO FÍSICO DO MUNICÍPIO DE MACHADINHO D’OESTE/RO: UM EXEMPLO DA PRESSÃO ANTRÓPICA NO SW AMAZÔNICO

Fabiana Barbosa Gomes1
Vanderlei Maniesi2
Alexis Bastos1

1. Mestranda (o) em Geografia - Universidade Federal de Rondônia/UNIR.
2. Prof. Dr. Universidade Federal de Rondônia/ DGEO/Educiências.


INTRODUÇÃO:
O município de Machadinho d’Oeste/Rondônia, com área de 213.911 ha, nasceu do antigo Projeto de Assentamento Machadinho implantado pelo INCRA em 1982, a partir de então foi definido seu arranjo espacial de ocupação através de ações governamentais o que possibilitou a introdução dos diversos tipos de uso do solo. É constituído por área urbana, vinte unidades de conservação federais e estaduais, treze projetos de assentamentos e propriedades particulares, onde as atividades econômicas estão voltadas principalmente para a agricultura, pecuária e extração de madeira. Está inserido na porção oeste do denominado Arco do Desmatamento da Amazônia, que sofre grande pressão antrópica com o avanço da fronteira agrícola. O trabalho tem como objetivo compreender a situação do seu meio físico através da avaliação do uso e ocupação do solo, processos erosivos e a vulnerabilidade à erosão da área, bem como os modos de ocupação do município de Machadinho d’Oeste. Com a definição de áreas vulneráveis e em conseqüência áreas que precisam de cuidados especiais, através do estudo da vulnerabilidade à erosão, é possível um cruzamento entre as informações das formas de ocupação da área com o quadro de vulnerabilidade, e a possibilidade de um planejamento mais adequado para a utilização das terras.

METODOLOGIA:
Para a pesquisa foi realizado levantamento bibliográfico abrangendo o tema, aquisição de bases de dados em formato “shapefile” de mapas temáticos e imagem do satélite Landsat TM 5, ano de 2005, bandas 3, 4 e 5, além de trabalhos de campo para verificação dos tipos de uso e ocupação do solo, tipos de degradação e reconhecimento de unidades geológicas, pedológicas e geomorfológicas. Para elaboração de mapas temáticos, utilizou-se os softwares TerraView e o ArcGIS. No caso da elaboração do mapa de vulnerabilidade à erosão baseou-se no método proposto por Crepani et al. (1996), que visa à elaboração de mapas da vulnerabilidade à erosão fundamentada no conceito de Ecodinâmica de Tricart (1977), utilizando-se de forma integrada mapas temáticos dos diversos componentes ambientais com a atribuição de valores de vulnerabilidade aos processos de perda de solos a cada tema analisado. Tais valores consideram os processos que influenciam no desenvolvimento da pedogênese e/ou morfogênese, convencionados nas seguintes classes: estável, moderadamente estável, medianamente estável/vulnerável, moderadamente vulnerável e vulnerável. Os valores atribuídos são reinterpretados sobre imagens de satélite em um SIG, gerando o mapa de vulnerabilidade à erosão.

RESULTADOS:
A classe de vulnerabilidade moderadamente estável possui representação mais significativa em termos de área no do município de Machadinho d’Oeste (64,8%). É constituída por latossolos, tendo como principal limitação ao uso agrícola a baixa fertilidade natural. A classe de vulnerabilidade medianamente estável/vulnerável é também representativa em termos de área (30%), e está localizada predominantemente em polígonos antropizados. A classe moderadamente vulnerável, com 5,01% da área, ocorre em porções distribuídas no município onde ocorre a vegetação do tipo savana com floresta de galeria, assentada sobre sedimentos arenosos terciários/quaternários localizados na porção centro norte do município e em eventuais locais junto a sedimentos aluvionares inconsolidados quaternários dos rios Machado e Machadinho. São locais que precisam de cuidados especiais em termos de ocupação, onde se deve evitar a retirada da vegetação, uma vez que os índices de vulnerabilidade indicam fragilidade de manejo e a tendência para a classe vulnerável à erosão. A classe de vulnerabilidade vulnerável obteve reduzida área de representação (0,19%), necessitando também de cuidados especiais e se encontra junto a sedimentos inconsolidados quaternários com cobertura vegetal secundária.

CONCLUSÕES:
O município de Machadinho d’Oeste por estar localizado junto ao Arco de Desmatamento Amazônico, vêm sofrendo desenfreados problemas relacionados ao intenso desmatamento, com justificativas da necessidade do avanço da fronteira agrícola. No entanto, tem-se verificado um aumento gradativo da presença de solos pouco férteis e susceptíveis à erosão quando retirada à cobertura vegetal relacionados também a intensificação do uso do solo para pastagens. A classe mais representativa de vulnerabilidade à erosão foi a moderadamente estável (64,8%). Por outro lado, onde ocorre uma maior área de antropização tem-se a classe medianamente estável/vulnerável (30%), um índice intermediário para as condições atuais, mais que deve ser conservado para que futuramente não se torne mais vulnerável. Em áreas de ambas as classes, que perfazem 94,8% do total do município de Machadinho d’Oeste, quando se verifica a retirada da cobertura vegetal para agricultura ou pastagem é constatada a presença de degradação do solo com ravinas evoluindo para voçorocas e consequentemente, intensificando o assoreamento de igarapés e rios. As áreas moderadamente vulneráveis e vulneráveis necessitam de cuidados especiais, uma vez que apresentam fragilidade de manejo e a tendência para a classe vulnerável à erosão.

Instituição de fomento: Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia – RIOTERRA e Universidade Federal de Rondônia/UNIR.



Palavras-chave:  Vulnerabilidade à erosão, Amazônia, Desmatamento

E-mail para contato: fabipvh@hotmail.com