60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 6. Odontopediatria

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DAS MÃES DO DISTRITO DO SAÍ (SÃO FRANCISCO DO SUL – SC) EM RELAÇÃO AO POTENCIAL CARIOGÊNICO DA SACAROSE NAS MAMADEIRAS DE SEUS BEBÊS

Karine Helouisa Eberhardt1
Edward Werner Schubert1
Célia Maria Condeixa de França Lopes2

1. Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
2. Profª Msc. - Depto Odontologia - Univille - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A cárie dentária é uma doença que ocorre nos dentes permanentes e decíduos de grande parte da população. Trata-se de uma doença multifatorial, que está intimamente relacionada com hábitos alimentares, o padrão de higiene bucal, a agregação e a especificidade das bactérias ao dente e a predisposição do indivíduo. Tem sido observada a presença precoce de cáries na dentição de bebês, logo após a erupção dos primeiros dentes, que normalmente representam lesões conhecidas como “Cárie de Mamadeira”. Walter, Ferelle & Issao (1999) observaram que o índice de cárie em crianças de 0 a 24 meses é bastante variável. Entre 0 e 12 meses, chegou-se ao valor médio de 8,7% e na faixa etária de 12 a 24 meses, 27,4%. A alimentação com inclusão de derivados de sacarose e má higienização bucal colaboram para o estabelecimento desses números. A comunidade do Distrito do Saí encontra-se isolada da sede do município (São Francisco do Sul) constituída principalmente por população de baixo padrão sócio-econômico. Estudos científicos comprovam que adoçar bebidas com açúcar é largamente utilizado em classes sociais mais baixas, como visto no estudo realizado por Fadel (2005), em que foi observada a utilização em larga escala de açúcar como complemento das mamadeiras de bebês. Esta comunidade é carente de atendimento odontológico regular, e não conta com a fluoretação da água de abastecimento público. O objetivo do presente estudo foi avaliar o nível de conhecimento das mães de bebês de 0 a 24 meses do Distrito do Saí (São Francisco do Sul/SC) sobre o potencial cariogênico da sacarose utilizada nas mamadeiras dos bebês.

METODOLOGIA:
Este trabalho seguiu as proposições apresentadas em projeto, ao Comitê de Ética em Pesquisa da Univille adequando-se às suas sugestões e recebendo a sua aprovação. A amostra foi constituída por 11 mães de crianças de 0 a 24 meses de idade, de ambos os sexos, moradoras do Distrito do Saí (São Francisco do Sul/SC). Participaram da pesquisa todas as mães que aceitaram responder as perguntas por livre e espontânea vontade, consentindo em sua participação verbalmente e por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Estas mães foram entrevistadas em seus domicílios, identificados pelas agentes comunitárias de saúde (ACS), através do mapeamento das famílias realizado pelo Programa da Saúde da Família (PSF). O método utilizado para a coleta de dados foi um questionário de respostas objetivas, com questionamentos sobre: o uso da mamadeira; conteúdo da mamadeira; qual o adoçante utilizado; motivo de adoçar a mamadeira; orientação quanto ao adoçar; conhecimento sobre a cárie relacionada à mamadeira. Também registrou-se nesta ficha que contém o questionário dados referentes à idade da mãe, quantos filhos ela possui e seu grau de escolaridade. A aplicação deste questionário foi individual, sempre pelo mesmo entrevistador, sendo que as mães não tiveram acesso as alternativas dos testes.

RESULTADOS:
Das 34 mães de bebês, apenas 11 responderam ao questionário e encontravam-se na faixa etária entre 15 e 31 anos. Considerando o uso de mamadeira, 7 (63,7%) mães relataram o uso de mamadeira pelos filhos e 4 (36,3%) mães disseram que seus filhos não usam mamadeira. O leite utilizado pelas mães nos 7 (100%) casos é o leite artificial. Com relação a adoçar o leite, as 7 (100%) responderam afirmativamente, e todas utilizam o açúcar. A orientação para uso do açúcar em 5 (71,4%) casos foi pela avó das crianças e em outros dois casos (28,6%) foram outras pessoas, concordando com o estudo de Valle, Modesto & Souza (2001) onde grande parte do grupo que usava açúcar como adoçante para mamadeiras, fazia-o como uma forma de costume, o que indica que isto seja um processo cultural, ou seja, os hábitos familiares são transmitidos para as gerações seguintes.Com relação ao conhecimento sobre o potencial cariogênico do açúcar, 5 (71,4%) mães acham que adoçar a mamadeira pode causar cárie, 1 (14,3%) mãe acha que não e 1 (14,3%) diz não saber responder, discordando da pesquisa de Silva et.al. (1999), onde apenas 2% das mães entrevistadas relataram o uso de mamadeira como provável fator etiológico da doença cárie. A relação entre o grau de instrução das mães e o uso de sacarose foi de que das 9 mães que tem ensino de 1º ou segundo grau, 5 (55,5%) fazem uso de mamadeira com açúcar para seus filhos e 100% das mães com ensino superior e pós graduação também o fazem. Este resultado concorda com o estudo de Franzin e Bijela (2005), que demonstraram haver nivelamento de conhecimento e informação a respeito de alimentação e saúde bucal entre os diversos níveis de escolaridade.

CONCLUSÕES:
A partir dos dados obtidos conclui-se que a maior parte das mães de bebês entre 0 e 24 meses do Distrito do Saí (São Francisco do Sul/SC) tem conhecimento sobre o potencial cariogênico da sacarose na mamadeira de seus bebês e que o uso do açúcar nas mamadeiras é um hábito cultural e independe do nível de intrução das entrevistadas.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Conhecimento, Dieta, Bebês

E-mail para contato: karininhah86@gmail.com