60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem

AS DIFICULDADES PARA CUIDAR APRESENTADAS PELO CUIDADOR PRINCIPAL DO PORTADOR DA DOENÇA DE ALZHEIMER

Bruna Pessoa Tenorio Neves1
Patricia Alves Barros1
Maria Cristina Soares Figueiredo Trezza1, 2
Denis Antonio Santos de Melo1

1. Universidade Federal de Alagoas - Escola de Enfermagem e Farmacia
2. Profa. Dra. / Orientadora


INTRODUÇÃO:
As dificuldades para cuidar apresentadas pelo cuidador principal do portador da doença de Alzheimer, é o objeto desse estudo. Seus objetivos foram: 1) Traçar o perfil do cuidador principal de pessoas portadoras da doença de Alzheimer e do idoso por eles cuidado 2) Analisar as dificuldades que esse cuidador apresenta no manejo do cuidado dos idosos. A idéia de realizá-lo surgiu da necessidade de ter subsídios que avalie o preparo das pessoas que cuidam desses portadores para que a família possa ser orientada na escolha do cuidador, perceber suas deficiências, as necessidades de capacitação do mesmo e os profissionais de saúde possam acompanhar e dar o suporte básico com base nessa avaliação. O que se observa são idosos cuidados por pessoas ainda despreparadas. O cuidado é entendido apenas nos seus aspectos relacionados à higiene e alimentação, e os aspectos comportamentais e cognitivos que seriam fundamentais para deterem a evolução da doença, ficam em segundo plano. Esse estudo seria relevante porque traz como produto final subsídios, que poderão avaliar o nível de preparo dos cuidadores de pessoas com doença de Alzheimer e de instrumentos que quantifiquem esse preparo orientando aos profissionais de saúde e a família acerca da escolha desses cuidadores, dos seus déficits de capacitação e acompanhamento. E que quanto mais se aproximarem da realidade que vive o cuidador, das dificuldades apontadas por ele para desempenhar seu papel de cuidar, certamente trará os resultados que ainda estamos esperando.

METODOLOGIA:
O trabalho realizado é do tipo quantitativo, descritivo-exploratório e a população estudada, foi a de cuidadores de pessoas portadoras de doença de Alzheimer. A amostra foi constituída a partir dos seguintes critérios de inclusão: cuidadores principais daqueles portadores que estejam em fase moderada, moderadamente grave e grave de acordo com estadiamento funcional (escala FAST). O local onde o estudo se realizou foi escolhido pelos respondentes tendo sido na maioria das vezes o domicílio dos portadores, onde um formulário de entrevista semi-estruturado foi aplicado ao cuidador para levantar seu perfil e do idoso que cuidava e as dificuldades desse cuidador para exercer essa atividade. Os dados foram apresentados em tabelas e quadros sob a forma de freqüência(f) e percentual (%) e sua discussão foi permeada por algumas falas dos entrevistados no sentido de validar os achados descritos. Todos os cuidadores assinaram os TCLE atendendo assim o que determina a resolução nº. 196/96-IV, do Conselho Nacional de Saúde no caso de pesquisas com seres humanos.

RESULTADOS:
Os perfis do cuidador evidenciam que o cuidado do idoso continua com a família (92%), com mulheres (60%). Observou-se que nos casos das pessoas contratadas, essas eram cuidadores informais, que não detinham formação específica (100%). Estavam na faixa etária produtiva (84%) e tinham outra atividade (88%), o que não permitia uma dedicação exclusiva. O nível escolar (92%) favorecia a busca de informações pertinentes que não garantiu um melhor desempenho. A carga financeira representou mais um fator estressante, já que ele passou a administrar as questões financeiras do idoso, além das suas. Não possuíam patologias, mas à medida que aumentava a intensidade e o tempo da dependência funcional do idoso, incrementava-se a perda de controle, com conseqüente sentimento de desgaste físico, emocional, e estresse. Participação de cuidadores nos grupos de apoio (2%). Os idosos eram parcial ou totalmente dependentes (100%). Prevaleceu o sexo feminino, a faixa etária de maiores de 70 anos (100%), acrescidos de co-morbidades (72%), como hipertensão arterial, diabetes e osteoporose. As principais dificuldades para cuidar encontram-se no âmbito do manejo dos distúrbios comportamentais e de relacionamento, ressaltando-se como principais: Como agir em crises de agitação (60%); Entender o que o idoso quer dizer (52%); Como agir durante as tentativas de fuga (48%); Como agir durante os episódios de reações agressivas (44%); Para se fazer entendido pelo idoso e a respeito do conhecimento sobre a doença (40%).

CONCLUSÕES:
O trabalho foi relevante, pois levantou o perfil do cuidador e dos idosos que são cuidados e suas principais dificuldades. Diante disso sugerimos que seja construído um instrumento que avalie esse nível de preparo dos cuidadores, que será realizado em um trabalho subseqüente. Observou que há a necessidade dos profissionais de saúde, e em especial, aqueles que trabalham nas Equipes de Estratégia de Saúde da família darem o suporte para os cuidadores e que também seja previsto nos currículos de graduação e pós-graduação em saúde a preparação dos estudantes para cuidarem de idosos e orientarem seus cuidadores, realidade contundente da qual farão parte nesse terceiro milênio. É bom ressaltar que os pacientes portadores de Alzheimer são indivíduos normais que merecem respeito e cuidado, e que seus cuidadores são essenciais para a manutenção dessa integralidade, sendo necessário à orientação para exercerem essa plena atividade de cuidado, mantendo assim uma melhor qualidade de vida evitando assim sofrimentos futuros de uma maior intensidade. A percepção das dificuldades que cada entrevistado demonstrou em sua fala, fez com que fosse obtido o que se propõe à pesquisa. Esse nosso estudo demonstra a importância da enfermagem estar envolvida com essa problemática, já que a mesma está no âmbito das funções que se espera dessa profissão.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Doença de Alzheimer, Enfermagem, Idoso

E-mail para contato: bruna_pessoa@hotmail.com