60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional

A DIMENSÃO INFORMAL DA AVALIAÇÃO NA CRECHE

Elisandra Girardelli Godoi1

1. Unimarco


INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa teve como objetivo investigar e analisar as formas de avaliação presentes na educação das crianças de 0 a 3 anos e, para cumprir este propósito, destacou a creche como espaço de observação. O presente estudo ao tratar da avaliação na creche, traz uma contribuição importante tanto para o campo da avaliação como para a área da educação infantil, na medida em que abre a possibilidade de pensarmos a avaliação das crianças pequenas em espaços não-escolares, objeto ainda pouco pesquisado neste universo.

METODOLOGIA:
Na tentativa de entender as práticas avaliativas presentes no cotidiano, a metodologia foi construída através de pesquisa qualitativa, realizada em quatro turmas de uma creche da Rede Municipal de Campinas durante um ano. A coleta de dados foi efetivada a partir dos seguintes instrumentos e recursos: observações e entrevistas, totalizando 54 visitas e 288 horas de observação. A pesquisa foi construída de maneira que a creche fosse retratada a partir de suas experiências concretas, assim a observação e o registro do cotidiano em diário de campo, foram recursos imprescindíveis para a acumulação dos dados, sua compreensão e análise, constituindo-se como principal fonte de dados. As entrevistas foram conduzidas com as professoras, monitoras e orientadora pedagógica, cujo objetivo, foi o de complementar os dados, conhecer e confirmar as percepções dos participantes sobre temas que foram abordados em roteiros de entrevista organizados para este fim. Apesar do roteiro prévio, a dinâmica das entrevistas foi bastante flexível, sendo mais uma conversa sobre os temas colocados pela pesquisadora, o que permitiu que novas questões fossem levantadas a partir das respostas comentadas.

RESULTADOS:
A partir da análise dos dados, verificou-se uma tendência a ritualização das experiências vividas pelas crianças, além da existência de uma avaliação informal que se manifestava de modo freqüente neste processo, controlando o comportamento e a postura das mesmas. Para isso, o poder do adulto (professoras e monitoras) sobre a criança era permeado por ameaças, recompensas e punições. A avaliação presente neste espaço comparava, rotulava, classificava, ora reprovava, ora aprovava a criança. Uma avaliação baseada na vigia e no controle constante (na observação se a criança obedecia ou não às regras que eram determinadas), que disciplinava o corpo e determinava as formas das crianças se portarem, como: a maneira que deveriam se sentar, comer, dormir, brincar, entre outras. Ao mesmo tempo, os dados revelaram um movimento de transgressão por parte das crianças em relação a estas regras, ou seja, uma resistência à forma de trabalho que, se apresentava rotineiro e homogêneo, que educava para o disciplinamento e para a submissão.

CONCLUSÕES:
A organização do trabalho pedagógico e a avaliação presentes na creche, submetiam às crianças a uma posição passiva e de obediência, entretanto, esta forma de educação não era aceita sem resistências. Assim, ao mesmo tempo em que havia um controle permanente dos adultos, as crianças reagiam a esta situação, sinalizando através de múltiplas linguagens, informações que revelaram a existência de um (des) encontro entre suas propostas e as propostas da instituição. A pesquisa indica ser urgente uma revisão das concepções de educação que fundamentam e organizam a prática pedagógica e a avaliação. Para isso torna-se necessário uma análise sobre o olhar do adulto em relação à infância, ou melhor, sobre as imagens construídas a respeito da criança pequena e suas especificidades. Com esta análise, pode-se ter maior clareza na definição do projeto de educação e de sociedade pretendidos.



Palavras-chave:  avaliação, creche, educação básica

E-mail para contato: elisandra.godoi@smarcos.br