60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

NARRATIVAS E MEMÓRIAS DE ALFABETIZADORAS: UM ESTUDO SOBRE AS CARTILHAS UTILIZADAS PARA A ALFABETIZAÇÃO NAS ESCOLAS DO CAMPO (RURAIS) DA REGIÃO DE SANTA MARIA – RS.

Fabiana Bopp Pereira1
Graziela Franceschet Farias2
Helenise Sangoi Antunes3

1. Acadêmica Curso de Educação Especial - Bolsista BIC/FAPERGS - UFSM - Autora
2. Pós-Graduanda em Educação - UFSM - Co-autora
3. Profª. Drª. - Departamento de Metodologia de Ensino - UFSM - Orientadora


INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa busca conhecer e realizar, através das memórias orais e escritas das professoras do meio rural, as cartilhas utilizadas para a alfabetização nas escolas do campo (rurais) da região de Santa Maria – RS. Justifica-se a relevância desta pesquisa no sentido de que a mesma irá oportunizar uma reflexão sobre os processos de leitura e escrita nos anos iniciais do ensino fundamental, os métodos de alfabetização utilizados, a concepção de alfabetizar e letrar dos sujeitos da pesquisa e relacioná-los com os processos formativos vivenciados por estas alfabetizadoras.

METODOLOGIA:
A metodologia é de caráter qualitativo, a partir dos estudos realizados por Bogdan; Biklen (1994), e utiliza-se de uma investigação histórica, através de entrevistas semi-estruturadas, relatos autobiográficos e registros em diário de campo. A metodologia, portanto vai além de definir os métodos a serem utilizados pelo pesquisador. Através desta pesquisa, tivemos a possibilidade de interagir com o espaço físico local e pedagógico da escola rural, com o trabalho das professoras alfabetizadoras, buscando conhecer, através das memórias, a utilização das cartilhas de alfabetização. Torna-se importante ainda, enfatizando o espaço da escola do campo, relacionar o papel desempenhado pela família no processo de construção da identidade do aluno desta escola, bem como do papel das cartilhas de alfabetização utilizadas pelas professoras no processo de construção da lecto-escrita dos alunos, através da aplicação de entrevistas semi-estruturadas, a escrita dos relatos autobiográficos e a sistematização dos registros nos diários de campo com as alfabetizadoras das escolas rurais.

RESULTADOS:
A partir da pesquisa bibliográfica, Mortatti (2000) revela-nos que algumas cartilhas continuam a circular nesta década e, algumas outras, vão surgindo para dar suporte para a alfabetização de adultos, para o ensino noturno, bem como para as escolas rurais. Nesta perspectiva, surgem também novas editoras, especialmente criadas para este fim, publicando cartilhas e livros didáticos. Tivemos também a oportunidade de apreciar, através do acervo histórico da biblioteca da UFRGS, os “antecessores das cartilhas”, os “HORNBOOK” e os “BATTLEDORE”, pedaços de madeira em forma de pá segurados pelo cabo e utilizados entre os séculos XV e XVIII na Inglaterra e nas Colônias Americanas. Contudo, através das parcerias firmadas e da colaboração da SMED e 8ª CRE, foi nos possibilitado conhecer um pouco mais sobre a realidade do meio rural e com as professoras antigas da região e as que ali estão sediadas atualmente, as cartilhas utilizadas e os métodos de alfabetização usados por elas. Assim, cartilhas como as enunciadas por Peres; Trindade (2007; 2004), tais como a “Cartilha Sodré” de 1940, “Cartilha Maternal” de 1990, “Testes ABC” de 1985, “Caminho Suave” de 1950 permanecem vivas nas memórias e nos acervos destas professoras alfabetizadoras do campo.

CONCLUSÕES:
Acreditamos na possibilidade de que os alunos aprendam a ler e escrever mesmo em situações precárias, desde que o professor seja capacitado regularmente através de cursos de formação continuada oferecidos por Instituições próximas ou Secretarias e Coordenadorias de educação. Com essa pesquisa desmistificamos a idéia de que na escola do campo (rural), assim como nas escolas urbanas, a alfabetização das antigas professoras das décadas de 40, 50, 60 não utilizava as cartilhas, pois, ao aproximarmos das memórias destas professoras alfabetizadoras, percebemos que as cartilhas foram utilizadas e que precisam ser objetos de estudo na formação inicial e continuada de professores. Percebemos ainda, através da rememoração destas alfabetizadoras, as lembranças que possuem com relação a facilidade e rapidez com que foram alfabetizadas por suas professoras através do uso das cartilhas, bem como também relembram com clareza das primeiras lições, frases e palavras que aprenderam na escola.

Instituição de fomento: Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Alfabetização, Cartilhas, Educação Rural

E-mail para contato: fabiana_bopp@yahoo.com.br