60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: ESTUDOS DOS CURRICULOS DOS CURSOS DE LICENCIATURA DA UFSM.

Lúcia Loreto Lacerda1
Maria Inês Naujorks1

1. Universidade Federal de Santa Maria


INTRODUÇÃO:
Este estudo surgiu a partir da observação de experiências e reflexões das acadêmicas do Curso de Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria em atividades práticas nas escolas da rede pública de ensino da cidade de Santa Maria/RS, onde era possível coletar inúmeros depoimentos envolvendo diversas temáticas que desafiam o cotidiano pedagógico. Dentre as temáticas recorrentes, uma inquietava todas nós: a avaliação do desempenho escolar de alunos incluídos. Assim, percebemos que a avaliação continua sendo representada como a possibilidade do professor exercer algum tipo de autoridade sobre seus alunos fazendo-os avançar ou retroceder. Mesmo o discurso docente enfatizando um “ideal” de avaliação, onde há respeito às diferenças e ritmos individuais de aprendizagem, a prática é repleta de contradições. O processo de avaliar revela um complexo sistema de controle servindo, ainda hoje, para classificar, categorizar e rotular o aluno. Dessa forma, este estudo visa investigar como a avaliação da aprendizagem é explicitada nos currículos das licenciaturas, quais os pressupostos epistemológicos que fundamentam esta prática e como realmente se efetiva em escolas comprometidas com projetos inclusivos, que recebem alunos com necessidade educacionais especiais.

METODOLOGIA:
O estudo foi dividido em dois momentos: O primeiro, trata da análise dos currículos de Cursos de Licenciatura da Universidade Federal de Santa Maria, com o intuito de identificar de que forma a avaliação da aprendizagem está contemplada na formação inicial de professores. Ainda nesta primeira etapa, há a análise das ementas dessas disciplinas, identificando as concepções de avaliação, bem como a bibliografia utilizada. O segundo momento envolverá professores orientadores e acadêmicos em situação de estágio de final de curso, com o objetivo de refletir a respeito dos conhecimentos construídos a respeito da avaliação da aprendizagem e como estes conhecimentos fundamentam as práticas de estágio. Serão realizadas entrevistas semi-estruturadas onde, tanto os acadêmicos, como os professores orientadores poderão realizar uma reflexão a respeito de suas concepções de avaliação, e as implicações destas no processo realizado em sala de aula. Assim, a metodologia insere-se numa abordagem qualitativa na perspectiva crítico - colaborativa. Os estudos teóricos que fundamentam esta pesquisa levam em conta temas como: a formação de professores, os saberes da docência, a avaliação, e a teoria das Representações Sociais.

RESULTADOS:
Como a pesquisa encontra-se em fase inicial, alguns resultados preliminares do primeiro momento do estudo, mostram que dos dezoito cursos ofertados, dezessete apresentam, em seus currículos, disciplinas que contemplam a temática da avaliação. Um curso apresenta em sua grade curricular uma disciplina específica de avaliação. Nos demais cursos os conteúdos relativos a esta temática estão diluídos em disciplinas como Psicologia da Educação ou Didática. Estes dados podem justificar muitas dificuldades encontradas pelos alunos em fase de estágio e pelos próprios professores no que diz respeito a avaliação e nos ajudam a supor que os conhecimentos acadêmicos a respeito da avaliação são, muitas vezes, insuficientes e que os estagiários (e também muitos professores em serviço) realizam esse processo de forma “burocrática”, sem reflexão, baseados em representações que foram construindo ao longo de suas vivências na condição de alunos, reproduzindo os modelos de seus professores.

CONCLUSÕES:
A partir da teoria das Representações Sociais apreendemos que os seres humanos são culturalmente produtores e produtos da história sendo, também, os que constroem e se movimentam pelas representações sociais instituídas. Atuando na escola, os professores são produtos das representações de aluno que foram construindo em suas trajetórias de vida escolar e, ao mesmo tempo, são produtores dessas representações quando produzem uma atuação e um discurso avaliativo sobre os alunos. Com estes questionamentos lançamos mão da reflexão em torno da avaliação que normaliza, impõe regras, busca a homogeneidade e que não está aberta a identificar diferenças e diferentes perspectivas de aprendizagem. Somos desafiadas a construir um outro imaginário a respeito de nossos alunos que assuma a perspectiva da escola democrática. Não esperamos mudanças rápidas. No entanto acreditamos que a partir de reflexões que contemplem também o entendimento das representações sociais, possibilitam a todos a reelaboração das próprias representações a respeito da avaliação, tornando-a um processo mais justo, cooperativo, onde todos os envolvidos possam participar e serem ouvidos.



Palavras-chave:  Formação de professores, Avaliação

E-mail para contato: lucynhalacerda@gmail.com