60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia

ANÁLISE DA REPARAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO EM FERIDAS DE RATOS TRATADOS COM GEL CONTENDO EXTRATO DE HETEROPTERIS APHRODISIACA SEM TOXINAS E DE SUA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

Milene Haraguchi Padilha1
André Freitas Jesus1
Eneri Vieira de Souza Leite Mello2
João Carlos Palazzo de Mello3

1. Departamento de Farmacia e Farmacologia-UEM
2. Departamento de Ciencias Morfofisiologicas-UEM
3. Prof.Dr.-Departamento de Farmacia e Farmacologia-UEM-Orientador


INTRODUÇÃO:
O estudo do processo da cicatrização envolve os aspectos da neoformação tecidual como também a verificação dos efeitos sistêmicos ou tópicos, de drogas que atuam na evolução deste, verificando-se assim, que medicamentos de uso tópico aceleram o processo de cicatrização por segunda intenção. O seqüestro de radicais livres de extratos vegetais tem sido avaliado com freqüência, de acordo com a literatura. Substâncias fenólicas, principalmente, apresentam esse potencial, como exemplo, flavonóides. Na avaliação do potencial antioxidante de extratos vegetais, o teste mais freqüentemente utilizado é através da capacidade de seqüestro do radical 2,2-difenil-1-picrilidrazila (DPPH). A solução metanólica do radical livre apresenta-se com coloração púrpura forte, e na medida em que é seqüestrado, a coloração diminui e se altera. Heteropteris aphrodisiaca O. Mach. conhecida popularmente por nó-de-cachorro, é uma espécie vegetal pertencente à família Malpighiaceae, nativa da região centro-oeste do Brasil. Na medicina popular, extratos à base de aguardente das raízes são utilizados como tônico e estimulante. Assim, este trabalho avaliou o poder cicatrizante de um extrato preparado com as raízes, bem como sua capacidade antioxidante.

METODOLOGIA:
As raízes secas e moídas de H. aphrodisiaca foram submetidas à extração por turbólise. Após concentração em evaporador rotatório sob pressão reduzida, o extrato bruto foi congelado e liofilizado (pedido de patente PI9803518-5). Para a preparação do extrato bruto sem toxinas, as raízes secas e moídas foram colocadas em contato com o líquido extrator por maceração dinâmica por 48 h, e após, filtrado. A droga vegetal foi seca e o extrato preparado como anteriormente descrito por turbólise, de acordo com o pedido de patente PI0302921-2 (www.inpi.gov.br), fornecendo o extrato sem toxinas (EST). Foram feitas duas feridas no dorso de 15 ratos Wistar. Uma ferida foi tratada com gel base, e a outra recebeu uma aplicação de um gel contendo 1% de extrato. Após 4, 7 e 10 dias, fragmentos da pele foram removidos, e submetidos a cortes histológicos foram corados pelas técnicas de H&E e picro-Sirius. Os cortes foram analisados utilizando o programa Image Pro-Plus e análise estatística. Para a avaliação da atividade antioxidante foram utilizadas cinco diferentes concentrações do extrato sem toxinas 50,0, 25,0, 12,5, 6,25 e 3,125 µg/ml, através do método do radical livre DPPH, segundo Amarovicz et al. (2004).

RESULTADOS:
Nos dias 4, 7 e 10 houve uma considerável redução na área das feridas tratadas em comparação ao controle. Nas feridas tratadas com 4 dias, predominaram as fibras colágenas recém sintetizadas, já no décimo dia de tratamento predominaram as fibras maduras. Contrariamente, nas feridas controle uma grande área de fibras maduras foi encontrada no quarto dia e esta situação continuou até o dia 7. Ao décimo dia de tratamento predominaram as fibras imaturas. Os valores obtidos pelo método do DPPH para o extrato foram IC50 (μg.ml-1): EST=9,21±0,18 (CV%=1,95) e vitamina C= 5,34±0,15 (RSD%=2,81). Pode se observar que o extrato sem toxina não apresentou capacidade antioxidante comparado com a vitamina C. A presença de flavonóides glicosilados (astilbina, neoastilbina e isoastilbina) no extrato bruto foi descrita por Roman Júnior (2003). No entanto, acredita-se que estas substâncias tenham sido retiradas das raízes, quando estas foram tratadas com solvente orgânico, fase anterior ao processo de obtenção do extrato bruto, com conseqüente diminuição do poder antioxidante do EST.

CONCLUSÕES:
Os resultados indicam que o extrato apresenta potencial ação em reparar o tecido lesado, com considerável redução da área das feridas e modulação da fibroplasia, assim como um efeito antioxidante quando comparado com o obtido da vitamina C.

Instituição de fomento: CNPq, Universidade Estadual de Maringá

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  cicatrização, nó-de-cachorro, atividade antioxidante

E-mail para contato: milene_padilha@hotmail.com