60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 3. Saúde de Populações Especiais

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS IDOSOS SOBRE METODOS DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS.

Priscila Katsumi Matsuoka1
Rafael Fagionato Locali1
Talita Micheletti1
Eliana Suelotto Machado Fonseca1
Marair Graccio Ferreira Sartori1
Manoel João Batista Castello Girão1, 2

1. Departamento de Ginecologia da UNIFESP
2. Prof. Dr.


INTRODUÇÃO:
A OMS constata que a população mundial está envelhecendo gradativamente. Em vista disso, há preocupação em garantir uma longevidade saudável para esta faixa etária. Para isto, faz-se necessário entender melhor o processo de envelhecimento e, nesse sentido importa, também, compreender as mudanças na sexualidade na 3° idade. Nos últimos anos, com avanços para melhorar disfunções sexuais, o desempenho sexual foi impulsionado nesta população, de forma a contribuir para melhora na qualidade e freqüência das relações sexuais. Contudo, este processo não foi acompanhado por incentivos à prática de sexo seguro. Reflete este panorama o número de casos de DST em idosos, segundo o Ministério da Saúde, os casos de AIDS entre os idosos aumentaram em 115% na última década. Além disso, acentuando a gravidade desse panorama, sabe-se que as mazelas sócio-econômicas impõem um cenário segregacionista à população, principalmente aos idosos, marginalizando-os em todos os níveis de atenção, inclusive na esfera da saúde. Sendo assim, medidas que levem a solucionar este agravo devem ser incentivadas, pois, questões desta ordem não podem mais fazer parte da saúde pública brasileira. Na literatura, embora, exista uma gama de estudos em relação à prevenção de DST, esses não focam o idoso. Ademais, não há nenhum instrumento validado para mensurar o conhecimento dessa faixa etária sobre o assunto. Portanto, o objetivo deste estudo é elaborar um instrumento capaz de avaliar o conhecimento de idosos sobre métodos de prevenção de DST.

METODOLOGIA:
Entrevistaram-se 80 idosos, de ambos sexos, acima de 50 anos, provenientes do Ambulatório Geral (UNIFESP), sem restrições. Não fizeram parte do estudo, idosos incapazes de comunicar-se, que necessitassem de acompanhante durante a entrevista e que não compreendessem o português. Para a elaboração do questionário, o estudo foi dividido em 4 fases: formulação do instrumento, adaptação cultural, validação e atribuição de escala de pontuação. Na 1° etapa, elaborou-se o questionário piloto. A seguir, foi realizada uma reunião de consenso entre especialistas, para aprimorá-lo. Em seguida, o questionário aprimorado foi adaptado culturalmente para idosos brasileiros. Estipulou-se índice de compreensão mínimo para cada questão de 85%. Para validação do questionário calculou-se a consistência interna das variáveis observadas com Teste da Estatística Alfa de Cronbach, para avaliar o nível de confiabilidade inter-observador e o Teste dos Postos Sinalizados de Wilcoxon para confiabilidade intra-observador. Quanto à reprodutibilidade do instrumento aplicou-se a Análise de Correlação de Spearman. Para construção de uma escala de pontuação, foram selecionadas questões com a possibilidade de averiguar acertos ou erros. A estas questões atribuiu-se pontos de acordo com as respostas do idoso, sendo que, estabeleceu-se como correta, as respostas de acordo com as informações do Ministério da Saúde. Além disso, considerou-se a importância para risco comportamental de cada questão dando pesos a cada questão.

RESULTADOS:
Os idosos estudados apresentam idade média de 66,5 anos e escolaridade média de quatro anos. A aplicação do questionário durou em média 3,5 minutos. Quanto à elaboração do questionário, quatro versões foram elaboradas antes de chegar ao questionário definitivo, cujo nome é “Questionário CISPDST - Conhecimento dos Idosos Sobre Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis” . Após a adaptação cultural a partir de entrevistas com 64 idosos, obteve-se questionário definitivo com 14 perguntas, divididas em 3 domínios de acordo com o tema abordado nas perguntas, sendo eles: “Conhecimentos sobre as DST”; “Conhecimento sobre como prevenir DST” e “Opiniões Pessoais sobre Prevenção de DST”. Para análise de confiabilidade intra-observador foram entrevistados mais 16 pacientes, com questionário definitivo, completando um total de 80 idosos. Em relação à validação do questionário, os coeficientes Alfa de Cronbach para avaliação da confiabilidade inter-observador mostraram p < 0,05 em todass questões , semelhantemente os Testes dos Postos Sinalizados de Wilcoxon para a verificação do nível de confiabilidade intra-observador apresentaram p> 0,05. Os resultados da Análise de Correlação de Spearman para verificação da reprodutibilidade do instrumento mostram que há 85,75 % de concordância entre as correlações estudadas, com p< 0,001 . Na última etapa, foi elaborada a escala de pontuação do instrumento a qual reflete diretamente o nível de conhecimento dos idosos.

CONCLUSÕES:
Dados internacionais revelam que idosos conhecem, equivocadamente, DST além de acreditarem que possuem menos riscos comparados aos jovens. No Brasil, não é diferente, considerando que a prevalência de HIV entre idosos já supera os de adolescentes. Entretanto, muitas são as ações que podem reverter essa situação, no entanto, a educação continuada deve ser vista como o pilar de todas aquelas voltadas ao combate das desigualdades e à promoção de saúde. Por isso, destaca-se a relevância deste estudo, pois para qualquer ação em saúde pública faz-se necessário, primeiramente, conhecer a população alvo da intervenção. Esse conhecimento é alicerce para um sólido e eficaz programa de saúde, que, ao propiciar a intervenção primária pode ocasionar menos ônus financeiro ao Estado e menos doenças à população. O Questionário CISPDST é o 1º instrumento validado capaz de avaliar o conhecimento dos idosos sobre prevenção de DST, além disto possui 3 domínios para apontar de forma precisa os pontos chaves da deficiência do conhecimento do idoso. Outrossim, no 1º domínio foi atribuído uma escala de pontuação que refletisse de modo seguro o nível de conhecimento do idoso, respeitando o risco comportamental de cada resposta. A escala de pontuação, também, tem a função de servir como termômetro na avaliação antes e após uma intervenção educacional, dando um reflexo aos educadores sobre a eficácia da ação. Elaborou-se questionário adaptado para população de idosos brasileiros e validado para avaliar o conhecimento dos idosos sobre métodos de prevenção de DST.

Instituição de fomento: CNPQ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Idoso, Doença Sexualmente Transmissível, Prevenção

E-mail para contato: priscila.matsuoka@hotmail.com