60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

A INDISCIPLINA NA PERCEPÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Claudio José Santana de Figueiredo1
Vera Lúcia Blum1

1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


INTRODUÇÃO:
A indisciplina faz parte do processo ensino-aprendizagem e pode ser considerada como resistência à dominação. Ela está presente no cotidiano da sala de aula e pode comprometer a fluidez, a qualidade e a efetivação da prática pedagógica. Segundo Oliveira (2005), os atos indisciplinares fazem parte das reclamações de professores das séries iniciais, do ensino fundamental e do ensino médio e não se restringem a uma determinada classe sócio-econômica ou região geográfica. Como a indisciplina é um problema recorrente nas escolas, os estudos realizados para pensar o enfrentamento dessa questão são inúmeros e multifacetados. Para a psicanálise, o processo ensino-aprendizagem se dá em meio a relações transferenciais entre alunos e professores, que, por sua vez, permeiam os comportamentos indisciplinares em sala de aula. O objetivo desta pesquisa foi verificar a concepção de professores do ensino fundamental sobre a indisciplina, procurando dar visibilidade ao modo como eles enfrentam as situações perturbadoras em sala de aula.

METODOLOGIA:
A pesquisa desenvolveu-se segundo a metodologia qualitativa e o procedimento utilizado para a coleta de dados foram os Grupos Focais. Segundo Gondim (2003) esse procedimento é apropriado para estudos que buscam entender atitudes, preferências, necessidades e sentimentos. Foram realizados encontros semanais com equipes de professores das séries iniciais do ensino fundamental. Para a análise dos dados, consideraram-se palavras utilizadas repetidamente, o contexto no qual a informação foi obtida, concordâncias entre as opiniões dos participantes, idéias principais, comportamentos, gestos, reações, sentimentos, preconceitos, dificuldades de compreensão das perguntas feitas, entusiasmos, dificuldades no enfrentamento de desafios.

RESULTADOS:
Os resultados apontam para a existência da relação entre a indisciplina e a temática da violência, como se a primeira fosse geradora da segunda na sala de aula. Segundo os professores, a disciplina necessária para a execução das atividades pedagógicas requer mecanismos autoritários para sua efetivação. Ressaltam ainda que eles participam juntamente com os alunos da elaboração das regras para o convívio na sala de aula, mas quando ocorre a não-obediência a elas, recorrem às punições ou reforçam sua observância. Acreditam que a problemática da indisciplina na escola deve-se à crise de valores da família, esta considerada desestruturada, quando não apresenta a configuração tradicional (pai, mãe e filhos). Evidenciam que diante dessa situação, os professores apresentam dificuldades em se estabelecer como referência para o aluno.

CONCLUSÕES:
Frente à incidência da indisciplina nas escolas, expressa principalmente através de agressões verbais e físicas entre os alunos e destes para com professores e funcionários, um clima de medo e insegurança parece se instalar no espaço da relação pedagógica, que extrapola o espaço geograficamente demarcado da sala de aula e da escola. Percebe-se assim, que a indisciplina na sala de aula não é necessariamente conseqüência de “falhas” pedagógicas dos professores, uma vez que eles freqüentemente buscam estratégias, às vezes sem sucesso, para a minimização de ações geradoras de indisciplina. É preciso criar um espaço para dar voz e vez aos professores, a fim de que eles possam pensar a relação pedagógica, elaborar suas dificuldades e lidar com situações de indisciplina.



Palavras-chave:  Indisciplina, Educação, Ensino Fundamental

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