60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO SUBCLÍNICA PELO VÍRUS DENGUE EM BAIRROS DO RECIFE-PERNAMBUCO.

Priscila Mayrelle da Silva Castanha1
Maria Priscila Cavalcanti do Nascimento2, 1
Maria Cynthia Braga1

1. Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães - FIOCRUZ
2. Universidade Federal Rural de Pernambuco


INTRODUÇÃO:
Os vírus da dengue apresentam propriedades antigênicas distintas, caracterizando quatro sorotipos (DENV 1, 2, 3 e 4), que são responsáveis pela mais importante arbovirose em termos de morbidade e mortalidade nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. A maior parte das infecções são clinicamente inaparentes e contribuem de forma significativa com a transmissão de forma silenciosa da doença. A ausência de sintomas entre os casos inaparentes faz com que as pessoas infectadas pelo vírus não tenham conhecimento da sua condição e não procurem atendimento médico, não sendo, portanto, notificados pelos serviços de saúde. Além disso, segundo a teoria que prevalece, indivíduos que foram previamente infectados com outros sorotipos têm maior chance de desenvolver sintomas clínicos das manifestações hemorrágicas da doença, após infecção com um novo sorotipo. Sendo assim, este estudo teve como objetivo determinar a prevalência de infecções inaparentes pelo vírus da dengue e investigar fatores sócio-demográficos associados a sua ocorrência em três diferentes áreas da cidade do Recife, Pernambuco.

METODOLOGIA:
Foi estudada uma amostra aleatória dos moradores dos bairros de Engenho do Meio, Brasília Teimosa e Casa Forte/ Parnamirim, com idade entre 5 e 64 anos, no período de agosto de 2005 a setembro de 2006. Informações individuais e domiciliares dos residentes foram obtidas por uma equipe treinada, mediante a aplicação de questionários, e amostras de sangue venoso foram coletadas para a realização do teste sorológico para a dosagem de anticorpos IgG específicos para o vírus dengue, através da técnica de ELISA (PANBIO dengue IgG). As variáveis estudadas foram: sexo, grupo etário, nível de escolaridade, atividade remunerada, tipo de imóvel, freqüência de abastecimento de água e o destino do lixo e dos dejetos da residência. Os dados foram analisados no Programa Epi Info, onde foi calculada a prevalência de infecções inaparentes pelo vírus dengue segundo características da população e seus respectivos Intervalos de Confiança de 95%. As diferenças de proporção de dengue inaparente foram verificadas pelo teste do qui - quadrado e o valor de p, a um nível de significância de 5%.

RESULTADOS:
Das 2.515 pessoas com sorologia positiva para o vírus dengue, 65,4% afirmaram nunca ter contraído a doença, tratando-se assim de casos de infecção inaparente, sendo o bairro de Brasília Teimosa o que obteve a maior prevalência desses casos. Pertencer ao sexo masculino, possuir baixa escolaridade, grupos etários mais jovens e ausência de atividade remunerada foram características que estiveram associadas a uma maior prevalência de casos inaparentes. Este elevado índice de casos assintomáticos chama a atenção para o alto nível de transmissão da dengue e para o aumento do risco de desenvolvimento das formas hemorrágicas da doença entre estes grupos. Quanto às características domiciliares, observou-se que fatores como residir em imóvel do tipo casa, elevada quantidade de moradores por residência, freqüência de abastecimento de água irregular e destino impróprios dos lixos e dejetos domiciliares estiveram associados a uma maior prevalência de casos assintomáticos. Dessa maneira, domicílios com essas características favoreceriam uma transmissão mais intensa e, conseqüentemente, uma maior proporção de casos assintomáticos da doença.

CONCLUSÕES:
Diante das informações apresentadas pode-se concluir que as infecções inaparentes possuem grande importância epidemiológica, pois podem contribuir para a dispersão e manutenção da circulação viral, de forma silenciosa. Ressalta-se, portanto, a importância do desenvolvimento de novas estratégias de vigilância epidemiológica que visem à identificação desses casos, com vistas à detecção precoce da transmissão da doença na população e prevenção de epidemias.

Instituição de fomento: CNPq - FIOCRUZ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  dengue, infecção subclínica, soroepidemiologia

E-mail para contato: priscila.castanha@cpqam.fiocruz.br