60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

QUALIDADE DE VIDA E PROMOÇÃO DA SAÚDE DE ADULTOS COM LESÃO MEDULAR

Alexsandro Silva Coura1
Eurípedes Gil de França1
Francisco Henrique Assis Gadelha1
Fabiana Paulino Alves1
Narjara Neuman Vieira Basílio1
Inácia Sátiro Xavier de França2

1. Universidade Estadual da Paraíba - Departamento de Enfermagem
2. Doutora em Enfermagem. Departamento de Enfermagem - UEPB - Orientadora


INTRODUÇÃO:
O aumento da violência urbana vem intensificando a ocorrência de lesão medular (LM). A LM pode acarretar importantes alterações na vida do indivíduo influenciando de maneira significativa sua qualidade de vida (QV) e consequentemente originando necessidade de promoção da saúde (PS). Nesse projeto, considerou-se os conceitos de QV e de PS segundo a Organização Mundial de Saúde que definiu tais termos como sendo, respectivamente, a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida e a estratégia que visa capacitar as pessoas tornando-as aptas para buscar melhores condições de vida. Diante das dificuldades enfrentadas pelas pessoas com tal condição e do número ainda reduzido de pesquisas nesse âmbito tornou-se mister o presente estudo dada a possibilidade de gerar conhecimento que possa contribuir para programas de reabilitação e para o planejamento da assistência pós-reabilitação de modo a assegurar melhor QV e saúde. Objetivou-se averiguar o grau de satisfação dos adultos com LM em relação à habitação, educação, transporte, trabalho, renda, participação social e acesso aos serviços de saúde e enumerar os aspectos biológicos que possam estar interferindo na saúde e QV.

METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo descritivo, quanti-qualitativo. Estudou-se a amostra A, composta por 32 adultos com LM a não menos que 3 anos, cadastrados nas UBSF de Campina Grande-PB e já reabilitados em uma instituição especializada. E a amostra B, constituída por 20 enfermeiros e 15 médicos atuantes nessas UBSF. O instrumento utilizado para a amostra A foi o WHOQOL-bref, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde sendo composto por 26 perguntas que englobam diversos domínios como o psicológico, físico, relações sociais, meio ambiente e algumas questões gerais. Para a amostra B, utilizou-se uma entrevista semi-estruturada provida de 8 questões referentes ao tema e as atitudes dos profissionais de saúde para atender as necessidades afetadas dos adultos com LM. Cada participante da amostra B autorizou a gravação da entrevista e recebeu um pseudônimo para identificação. Todos os participantes foram esclarecidos sobre a pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Pós-Esclarecido conforme preconiza a Resolução 196/96. Os dados do WHOQOL-bref foram tratados com a estatística descritiva e apresentados em figuras e tabelas. Os dados da entrevista foram submetidos à análise de conteúdo para padronização, agrupamento e categorização temática dos dados.

RESULTADOS:
Detectou-se na amostra A: QV com insatisfação (65,61%). Está muito satisfeito com a saúde (0%); está satisfeito (37,5%); não está nem satisfeito nem insatisfeito (21,87%); demonstrou algum grau de insatisfação com a saúde (40,62%). Os participantes relataram insatisfação a respeito da educação (53,12%), transporte (53,12%), trabalho (59,37%), renda (78,12%), participação social e acesso aos serviços de saúde (56,25%) e satisfação apenas com relação à habitação (59,37%). Relatou-se dificuldades para realizar atividades do dia-a-dia devido a: déficit motor (62,5%), atrofia muscular (62,5%), alteração na aparência (25%), comprometimento no controle dos esfíncteres (9,37%) e lesão cutânea. (40,62%). Os dados da amostra B constam das categorias: O des-cuidar das pessoas com LM; A precarização do trabalho em saúde; e Percalços da acessibilidade. Os dados revelam que não existe assistência específica para os indivíduos com LM, são realizadas apenas visitas domiciliares, existe déficit de informação e de profissionais, não existe o vínculo com uma instituição especializada, há dificuldade para se conseguir órteses e próteses e que os pacientes têm dificuldade de locomover-se até a unidade.

CONCLUSÕES:
A partir da análise dos dados ficou evidenciado que a percepção dos participantes com relação a sua própria QV não é boa, pois os mesmos encontram dificuldades para realizar atividades cotidianas devido aos déficits motores e fisiológicos, prejudicando, dessa maneira, as várias esferas da vida. Entende-se que a saúde e a QV das pessoas com LM sofre forte influência de fatores biológicos e das seqüelas deixadas pelo trauma. Ficou explicito que a QV, a saúde e a LM estão interligadas e interferindo uma na outra. A assistência nas UBSF encontra dificuldades devido à falta de investimentos e programas específicos para os pacientes em questão. Recomenda-se que as UBSF desenvolvam ações e intervenções para uma assistência holística. Nessa perspectiva, é preciso otimizar o processo de reabilitação de modo a propiciar melhor QV as pessoas com LM; criar redes de apoio social para propiciar a inclusão social; trabalhar junto a comunidade para se atingir uma mudança na atitude sócio-cultural no concernente às pessoas com deficiência; melhorar o desempenho das políticas de saúde e promoção da saúde.

Instituição de fomento: Programa Institucional de Iniciação Científica - PROINCI/UEPB

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  pessoas portadoras de deficiência, promoção da saúde, qualidade de vida

E-mail para contato: alexcoura_@hotmail.com