60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM POPULAÇÃO URBANA, BAHIA, BRASIL.

Joyce Campodonio Falcão Elias1
Tânia Maria de Araújo1, 2
Paloma de Sousa Pinho1
Maura Maria Guimarães1
Edna Maria Araújo1
Kionna Bernardes1

1. Departamento de Saúde - Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, UEFS
2. Profa. Dra. - UEFS - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A literatura tem registrado preocupação crescente com a saúde mental das populações, especialmente em decorrência das elevadas prevalências de adoecimento psiquico, observadas nos últimos anos. Dentre os efeitos avaliados estão os Transtornos Mentais Comuns (TMC) que se caracterizam por um conjunto de sintomas psíquicos ou de alterações no comportamento como insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento e queixas somáticas (GOLDBERG & HUXLEY, 1992). Face à elevada prevalência dos transtornos mentais comuns, faz-se necessário atentar para a influência dos diversos fatores de risco associados aos transtornos mentais, como fatores biopsicossociais, econômicos e demográficos, assim como perda de emprego, divórcio e episódios de violência que contribuem para o aumento da ocorrência da morbidade psíquica (LIMA et al., 1996). Estudos de base populacional são relevantes para estimar, com maior precisão, a freqüência de morbidade psíquica e seus fatores associados em situações concretas. Esse estudo objetivou analisar a prevalência de transtornos mentais comuns na população de Feira de Santana, BA, investigando os fatores associados à sua ocorrência.

METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo do tipo corte transversal, incluindo amostra representativa da população urbana de Feira de Santana, selecionada por procedimento aleatório. Foram estudadas 3.190 pessoas com 15 anos ou mais de idade. Na coleta de dados foram aplicados dois questionários: uma ficha domiciliar e um questionário individual contendo 12 blocos de questões (informações sociodemográficas, trabalho profissional, aspectos psicossociais do trabalho - que incluiu o Job Content Questionnaire, atividades domésticas, saúde reprodutiva feminina, saúde reprodutiva masculina, atividades de lazer, doenças auto-referidas, SRQ-20, uso de bebidas alcoólicas, hábito de fumar, atos de violência e vitimização e questionário de saúde da pessoa). Avaliaram-se, no presente estudo, características sociodemográficas, condições de vida e hábitos de vida. Para verificação da morbidade psíquica foi utilizado o Self Reporting Questionnaire (SRQ-20).

RESULTADOS:
Entre os entrevistados, predominou o sexo feminino (64,5%). A prevalência global de TMC foi 31,0%, sendo mais elevada entre as mulheres (39,4%) do que em homens (16,2%). Aquino et al. (1995) apontam que o esforço e o desgaste na tentativa de conciliação do trabalho doméstico e laboral geram ansiedades e tensões cujas implicações sobre a saúde física e mental das mulheres são ainda insuficientemente elucidadas. Observou-se que a maior prevalência de TMC associou-se a: ser negro, estar na faixa etária de 50-69 anos, ser viúvo, estar desempregado e ter baixo nível de escolaridade. A educação tem um efeito direto e significativo na saúde psicológica, pois aumenta a possibilidade de escolhas na vida e influencia aspirações, auto-estima e aquisição de novos conhecimentos. A gama de oportunidades que a educação promove pode incentivar atitudes e comportamentos mais saudáveis (LIMA et al., 1996). A prevalência de TMC foi menor entre pessoas com melhores condições de vida: 29,9% entre aqueles com casa própria contra 37,5% e 37,1% entre aqueles com casa cedida ou alugada. A prevalência foi elevada entre pessoas com média (35,3%) ou precária infra-estrutura domiciliar (33,3%). Registrou-se alta prevalência de TMC entre fumantes (42,2%) e pessoas sem atividades de lazer (43,5%).

CONCLUSÕES:
Os resultados revelaram elevada prevalência de TMC, constituindo-se importante problema de saúde pública na zona urbana de Feira de Santana. Os transtornos mentais afetaram predominantemente as mulheres e pessoas com baixos níveis de escolaridade e condições de vida precárias. Estudos epidemiológicos adicionais são necessários para análise mais aprofundada dos fatores de risco para a morbidade psíquica observada. Mediante estudos, podem-se melhor avaliar os mecanismos etiológicos dos transtornos de modo a orientar ações em saúde a fim de prevenir a morbidade e o sofrimento associado aos TMC.

Instituição de fomento: CNPq, Fapesb, Ministério da Saúde

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Morbidade psíquica, Epidemiologia, Fatores sociodemográficos

E-mail para contato: joycecampodonio@hotmail.com