60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Serviço Social Aplicado

HÁBITOS ALIMENTARES, AUTO-IMAGEM E AUTO-CONCEITO DE ADOLESCENTES DE ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE MANAUS-AM E SUA RELAÇÃO COM A VIOLÊNCIA ESCOLAR

Mônica dos Santos1, 2
Sulamy da Silva Isolino Pereira1, 2
Tereza Cristina Fonseca1, 2
Sandra Beltran-Pedreros1, 3

1. Faculdade Unilasalle
2. Acadêmica do 5º Periodo do Curso de Educação Física
3. Profª. Msc. Orientadora


INTRODUÇÃO:
O corpo humano, fonte de inquietação e prazeres, pode revelar muito de sua subjetividade ou camuflá-la. Passa por transformações nem sempre desejáveis, nunca satisfazendo ao homem plenamente. O anseio por um corpo belo não é novidade para a humanidade; novos, são os meios usados para atingir tal fim. Esta busca frenética acarreta falta de bom senso e de limites, pois o essencial é estar dentro dos padrões determinados. Neste cenário de informações distorcidas e estereótipos está o adolescente, alvo fácil para a indústria da beleza. Acreditava-se que a pressão para a obtenção do corpo perfeito afetasse somente as mulheres. Porém, constata-se que os meninos também são infelizes com sua aparência. Auto-estima e auto-conceito são suportes para o adolescente externar a representação social que tem de si. A escola, espaço de aprendizagem e do exercício da ética e da razão, tem se mostrado como palco para diversas formas de violência. A violência não-física, geralmente, é velada e de complicado diagnóstico. Na escola, a “ditadura” da beleza expõe o adolescente à violência, resultando em marcas que lhe acompanharão pelo resto da vida. Nesse ambiente, a presença do professor de Educação Física torna-se decisiva na construção de uma boa auto-imagem e de um bom auto-conceito do adolescente.

METODOLOGIA:
Os sujeitos da pesquisa foram 82 alunos (50% para cada sexo) da 7ª série da E.E. Zulmira Bittencourt (Manaus-AM), com idades entre 12 e 18 anos. Os instrumentos da coleta de dados foram: a) Escala de Rosemberg para avaliação da auto-estima: 10 itens com atitudes positivas e negativas e 4 opções de respostas (concordo totalmente - 4 pontos, concordo - 3, discordo - 2, discordo totalmente - 1), onde altos escores indicam alta auto-estima; b) Escala de Violência nas Escolas: 8 questões dicotômicas, que avaliaram situações vividas pelo adolescente na escola; c) Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26): 26 questões com 6 possíveis respostas (sempre - 3 pontos, muito freqüente - 2, frequentemente - 1, às vezes - 0, raramente - 0, nunca - 0). As respostas dos 3 instrumentos foram tabulados em planilha EXCEL, considerando cada pergunta como uma variável. No teste EAT-26 foram somados os escores e com base no total, cada aluno foi classificado em seus hábitos alimentares como: < 10 - normal; de 10 a 19 - não usuais; e ≥ 20 - anormais. O teste X² foi usado para comparar os grupos por sexo e faixa etária com uma confiabilidade de 99%. Para os Testes de Auto-Estima e de Violência nas Escolas, seguiu-se o mesmo procedimento adotado para o EAT-26, tendo sido os resultados também testados com X².

RESULTADOS:
Da amostra, a maior proporção foi de meninos de 13 anos (20,7%) e de meninas de 14 (21,9%). 20,7% apresentaram hábitos alimentares anormais (9,8% mulheres e 11% homens); 33% não usuais (18,3% mulheres e 14,7% homens); e 34,1% normais (21,9% mulheres e 24,4% homens). Por idade, dos 20,7% com hábitos anormais, 29,4% tinham 14 anos; dos 33% com hábitos não usuais, 37% tinham 14 anos; e dos 34,1% com hábitos normais, 34,2% tinham 13 anos. A análise de auto-estima apontou que, dos 40 pontos possíveis na escala, a média foi de 26,1 (± 3,2 SD). Por sexo, as médias foram muito próximas, não apresentando diferenças significativas com o teste “t” (26,4±3,3 SD para mulheres e 25,8±3,1 SD para homens). O mesmo ocorreu por idade. A análise da Escala de Violência na Escola indicou que das 8 situações possíveis, 38,1% já haviam vivenciado em média 3. Não houve diferença significativa entre os gêneros, ainda que as mulheres tenham se sentido mais agredidas (40,2% contra 36% dos homens). A violência em relação à idade foi maior nos alunos de 16 anos (54,1%) e menor nos de 12 (18,7%). O grupo mais atingido foi o de homens de 16 anos (58,3%) e o menos atingido o de mulheres de 12 (12,5%). Foi evidente uma tendência de crescimento da violência dos 12 aos 16 anos, voltando a diminuir após essa faixa.

CONCLUSÕES:
Os resultados quanto aos hábitos alimentares e auto-estima evidenciaram hábitos similares entre os gêneros. Nas meninas os índices de baixa e alta auto-estima apareceram, respectivamente, aos 15 e 16 anos, idades de aceitação do próprio corpo, da sensualidade aflorada, do “sentir-se mulher”, o que ocasiona muitos conflitos em suas vidas. Nos meninos, a baixa e a alta auto-estima apareceram, respectivamente aos 13 e 17 anos, isto é, início e o fim da adolescência de um lado. No início da adolescência o menino se sente um “fracote”, pois está iniciando o processo de desenvolvimento. No fim, se sente o “máximo”, pois já possui todos os atributos de homem. A Escala de Violência na Escola deixou em evidência maior predisposição à violência, em ambos os gêneros, aos 16 anos. Esse resultado pode ser entendido como uma estratégia de comportamento, na qual a violência se configura de forma fantasiosa. Neste caso, a menina que se sente inferior e com baixa auto-estima, tende a se sentir violentada. Já os meninos, para mostrar virilidade, fator essencial na sociedade, utilizam-se da força bruta para demonstrar superioridade. A maioria dos adolescentes mora próximo à escola e vivem realidades parecidas.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  adolescentes, auto-conceito, violência escolar

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