60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil

O PAPEL DA FOTOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM PÚBLICA DO ESTADO IMPERIAL NO GOVERNO DE DOM PEDRO II

Clenya Ferreira Gonçalves1

1. UFMA/Departamento de História


INTRODUÇÃO:
O presente trabalho tem como finalidade mostrar a dimensão simbólica da fotografia no poder político durante o governo de Dom Pedro II, no período monárquico brasileiro, e como o Estado Imperial utilizava a mesma para construir e manter uma imagem pública e figurativa. A fotografia era incorporada como um exemplo de perfeição de representação, e em meio a uma sociedade quase iletrada, as suas potencialidades são rapidamente percebidas. A foto tornava-se, assim, um instrumento interessante de visibilidade da monarquia.

METODOLOGIA:
O exame aqui proposto visa reunir o maior número de dados seguros para a determinação do assunto. A separação entre análise técnica (as coordenadas da situação discutida) e análise iconográfica (conjunto de informações visuais que compõem o conteúdo do documento) dá-se apenas para efeitos didáticos, e no cruzamento das informações implícitas e explícitas da fotografia como fonte documental, refletindo assim, a representação fotográfica não apenas como uma estética inerente à sua expressão, mas também, como uma estética de vida ideologicamente preponderante nesse contexto do Brasil Imperial em particular.

RESULTADOS:
A maior parte das imagens do Brasil Império era composta de litogravuras, pinturas, esculturas e aquarelas. Somente a partir do início da década de 1860, torna-se mais nítido o predomínio do material fotográfico. Através da imagem, um universo de significações possibilita que se reconheça de formas variadas estruturas semelhantes. No processo de criação da representação da imagem pública do Império, o recurso da fotografia se torna original para época, pelo fato de prover uma associação à possível modernidade ocidental idealizada como símbolo de progresso. Com a fotografia, a monarquia encontrará mais espaço para a sua difusão, pois esse novo tipo de tecnologia - mas difundido durante a metade do século XIX - não só multiplicava e espalhava a imagem do Imperador por todo o Brasil, mesmo por que era mais econômico. Então se pode dizer que, todo poder instituído gera suas próprias imagens e símbolos. Associar o poder a uma imagem de opinião publica, transforma o Estado na única forma de poder possível e visível. Na construção da figura publica do governo de Dom Pedro II, a intinerância do soberano com a utilização da fotografia, de certa forma, reafirma seus direitos, legitima o seu poder de apropriar o espaço e as fronteiras; além de contribuir para alargar a recepção da imagem da monarquia interna e externamente. O recurso fotográfico permitia a ilusão de perenidade, e acabou por se transformar em um ícone do período. A realidade nesse jogo político tenta esculpir a memória do governante, criando uma imagem do país que se decalcava na figuração do Império.

CONCLUSÕES:
A fotografia funcionava como mecanismo de construção e manutenção da figuração pública do Império e do Imperador, vendendo a imagem de um Brasil que tentava se constituir como uma nação moderna e civilizada, além de servir como artífice da construção de uma memória nacional. Em uma sociedade em que a maioria da população era analfabeta, tal experiência possibilita um novo tipo de conhecimento, mais imediato, mais generalizado, ao mesmo tempo em que habilita os grupos sociais a formas de auto-representação, colaborando para a efetivação de uma imagem representativa e positiva do Império.



Palavras-chave:  FOTOGRAFIA, IMPÉRIO, REPRESENTAÇÃO

E-mail para contato: pepittaferreira@hotmail.com