60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 24. Economia Regional e Urbana

INTERAÇÃO, COOPERAÇÃO E AÇÕES CONJUNTAS NO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL) DE CONFECÇÃO DE MARINGÁ

Vinícius Gonçalves Vidigal1
Antonio Carlos de Campos1, 2

1. Departamento de Economia / UEM
2. Professor Doutor / Orientador


INTRODUÇÃO:
O arcabouço teórico apresentado neste trabalho insere-se em um tema que vem merecendo crescente atenção na literatura econômica, seja do ponto de vista teórico ou da observação empírica, que envolve as discussões acerca da organização industrial através dos Arranjos Produtivos Locais (APL). Portanto, o conceito de APL se baseia na proximidade das firmas e nas suas semelhanças históricas, culturais e sociais. Esses são elementos que estimulam o processo de interação local o qual viabiliza o aumento da eficiência produtiva e proporciona um ambiente favorável à elevação da competitividade das empresas, via fortalecimento da cooperação e de ações conjuntas. Pressupondo que a cooperação e as ações conjuntas determinam uma melhor performance das firmas, o objetivo do trabalho é evidenciar os níveis de consolidação desses elementos no APL de confecção de Maringá. Serão tratados, especialmente, os aspectos de interação, cooperação e ações conjuntas, uma vez que esses são elementos determinantes para a elevação da competitividade das empresas, melhoria da eficiência conjunta e consolidação de um arranjo produtivo local.

METODOLOGIA:
Inicialmente, procedeu-se a caracterização da atividade de confecções no município de Maringá, a partir do emprego de dados secundários provenientes das bases de dados da RAIS/MTE (2005). Num segundo momento, realizou-se pesquisa de campo por meio da aplicação de questionários junto às empresas do setor de confecções no município de Maringá. As questões elaboradas incorporam elementos extraídos de outros questionários já constituídos e empregados em casos semelhantes em diversas regiões do Brasil. As informações obtidas nas entrevistas possibilitaram a identificação e avaliação de características das várias indústrias presentes no arranjo produtivo, assim como das relações entre essas e outros agentes do arranjo, sobretudo no que se refere aos aspectos anteriormente apresentados. Em relação à amostra utilizada, foi constituída a partir da reunião de cadastros de instituições públicas e privadas e obteve-se a identificação completa de um número total superior a 300 empresas. Então foi estabelecida uma amostra não probabilística equivalente a 10% (30 empresas) do número de estabelecimentos identificados.

RESULTADOS:
A atividade de confecção na região de Maringá teve seu início na década de 1980. Recentemente, dando continuidade à intensificação observada nos anos 90, o seu crescimento tem sido acelerado. Espera-se em um arranjo produtivo local a atração de outras empresas com objetivo de atender à atividade dominante. Contudo, vê-se que a interação com fornecedores de bens e serviços locais não é significativa (15%), uma vez que a matéria-prima principal provém de outros estados, sobretudo de São Paulo. A interação entre empresários é observada pelo modo como esses se relacionam na busca de informações frente às inovações tecnológicas. Há forte participação das empresas em feiras e congressos locais e em outras regiões do Brasil (85%). Além disso, um grau de interação mais sólido está presente nos contatos com clientes (48%) e outros empresários (44%). Verificou-se que maior parte das empresas (48%) afirma não ter realizado qualquer tipo de atividade de cooperação. Apenas 37% delas deram resposta positiva à questão, o que mantém o grau de cooperação relativamente baixo. Essa excessiva concorrência vai de encontro a uma condição elementar de um arranjo produtivo, o qual deveria se basear na inovação e na cooperação, mas que, nesse caso, centra-se na competição via preço e qualidade.

CONCLUSÕES:
Constatou-se predominância de micro e pequenas empresas aglomeradas em Maringá, atributo que propicia maiores possibilidades de interação e cooperação entre as empresas. Ainda, a maior parte dessas pequenas empresas desenvolve todas as etapas do processo de confecção, o que as permite autonomia e disponibilizar seus produtos no mercado nacional. A competição entre as firmas se mostrou demasiadamente elevada, o que contribui para um cenário de resistência à interação e às ações conjuntas entre os agentes, como em outros casos estudados no Brasil. Essa condição de excessiva concorrência vai de encontro a essa nova forma de organização industrial, a qual deve se basear na interação, cooperação e proposição de ações conjuntas, mas que, nesse caso, não é vista pelos atores como elemento a favor da competitividade. As interações entre os agentes do arranjo têm se mostrado incipientes e, de certa forma, configuram obstáculos à consolidação do arranjo produtivo em Maringá, uma vez que um ambiente de maior cooperação e trabalho conjunto é determinado pela articulação entre os próprios empresários. Tendo em vista essas fragilidades, faz-se necessária uma maior articulação entre os agentes, os quais deveriam adotar ações conjuntas a fim de se ampliar a eficiência coletiva da atividade.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq-UEM, Universidade Estadual de Maringá.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  arranjos produtivos locais, ações conjuntas, cooperação

E-mail para contato: viniciusgv@gmail.com