60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

A DINÂMICA DE UM TERRITÓRIO FLEXÍVEL: FEIRA LIVRE NO MUNICÍPIO DE ABREU E LIMA - REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE-PE

Fabiana Alves Nunes da Silva1, 2
Flávia Maria da Silva1
Eline Silva de Paula1
Marlene Maria da Silva3

1. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
2. Programa de Educação Tutorial (MEC/SESu)
3. Profª. Drª. - Departamento de Ciências Geográficas. - UFPE - Orientador


INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa objetiva tratar a problemática que envolve as questões territoriais dentro de um espaço urbano, integrante do município de Abreu e Lima que está localizado na Região Metropolitana do Recife–PE. No início, o distrito de Abreu e Lima pertenceu administrativamente ao município de Igarassu e, depois, passou 47 anos integrado ao município de Paulista. Foi emancipado em 14 de maio de 1982, tornando-se, assim, mais um município integrante da Região Metropolitana do Recife. A feira de Abreu e Lima está localizada no centro da cidade e surgiu, aproximadamente, no ano de 1982, concomitante a sua emancipação. Desde então, funciona na Praça Antônio Vitalino que tem 6.665,87m2. Tal como foi verificado na feira livre desse município que conta com 269 feirantes cadastrados pela prefeitura da cidade, a ocupação do território por essa atividade pode ser vista como geradora de raízes e identidade, mostrando que a percepção sócio-cultural das pessoas está ligada aos atributos do espaço concreto. O tempo pode ser o gerador da identidade sócio-espacial, relacionada não apenas ao espaço físico, concreto, mas com o poder de controle desse território. A dinâmica desse território e as disputas que ocorrem neste espaço determinam a relevância desta pesquisa.

METODOLOGIA:
Como foco da referida pesquisa, foi escolhida a cidade de Abreu e Lima, por se tratar de um ambiente dinâmico, cuja feira livre é um lugar de disputa por poder e por espaço, ao mesmo tempo em que é vista como parte da identidade da configuração socioespacial da cidade. A pesquisa teve como ponto de partida, um levantamento bibliográfico de obras relacionadas aos conceitos de espaço, território e lugar. Entre essas obras, pode-se destacar: “Território: Globalização e Fragmentação” (SANTOS et al, 1994) e “Por uma Geografia do Poder” (RAFFESTIN, 1993), além de “Espaço e Lugar” (TUAN, 1993). Em seguida, o grupo, que conta com quatro integrantes, se dividiu para elaborar a pesquisa de campo que consistiu na coleta de dados na Prefeitura e em pesquisa realizada diretamente com os feirantes que conhecem toda evolução e problemática daquele comércio. A pesquisa abrangeu 20% dos feirantes, o que totalizou 58 dos 269 feirantes cadastrados. Por fim foram tomadas fotos do lugar estudado, as quais possibilitaram a caracterização das feições morfológica e socioespacial desse ambiente. Durante a pesquisa, realizaram-se sessões de estudo sob a supervisão da orientadora, Professora Doutora Marlene Maria da Silva.

RESULTADOS:
A feira surgiu ocupando inicialmente uma área de 6.665,87m2, pelos feirantes que, na ausência de um comércio permanente, obtinham ganhos significativos o que, juntamente com a carência de emprego existente na cidade, atraía uma quantidade considerável de mão-de-obra. Em seguida, os grandes estabelecimentos comerciais foram surgindo e originando o centro comercial que vem se expandindo até os dias de hoje, fato que ocasionou um enfraquecimento das vendas pelos feirantes. Além desse problema, episódios de deslocamentos semanais ocorriam devido à falta de um lugar fixo para as barracas, já que existiam mais feirantes que espaço para comportá-los, havendo, por isso um acordo de “rodízio” entre os mesmos. Este fato ocorrido com a feira de Abreu e Lima ratifica que o território não é um recorte fixo, e sim, flexível. A média de tempo de trabalho encontrada foi de 11,7 anos. Os principais produtos comercializados na feira são frutas, verduras, lanches, confecções, miudezas, carnes, calçados, entre outros. Com o passar dos anos e o surgimento das lojas e supermercados, os freqüentadores foram diminuindo as compras na feira. Em seguida, a feira passou por um processo de organização, sendo dividida em setores e cada feirante ganhou um espaço delimitado para trabalhar.

CONCLUSÕES:
Pôde-se caracterizar a feira como um território flexível em virtude da alternância das relações de poder exercida sobre o mesmo espaço. A formação de um território dá às pessoas que nele habitam o sentimento da territorialidade. São interesses diferentes, que geram conflitos e evidenciam o poder territorial de muitos em detrimento de uma minoria, neste caso, os feirantes. Os problemas com o deslocamento temporário ocorrem, geralmente, em épocas de festas, com a chegada de parques de diversão e a necessidade de uma área livre para eventos, ocasionando desde a diminuição brusca da renda obtida naquele período do ano até a falta de local adequado para guardar as barracas. Isto ocorre por causa da falta de uma estrutura apropriada tanto para eventos, quanto para a feira. Devido à existência desses transtornos, a Prefeitura da Cidade decidiu criar um projeto de construção, denominado “Mercado Público Feira Nova”, que tem por objetivo localizar a feira numa área reservada e fixa, com intuito de proporcionar mais conforto e uma estrutura apropriada para os feirantes e os usuários desse comércio. A medida, porém, tem encontrado forte resistência dos feirantes, que prevêem a não sobrevivência da feira nesse novo lugar.

Instituição de fomento: MEC/SESu

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Território, Dinâmica, Feira livre

E-mail para contato: fabi.nunes.geo@gmail.com