60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional

ANÁLISE SOCIAL DO MACROPÓLO DO RIO DE JANEIRO NOS ANOS DE 1990 E 2000: A VIOLÊNCIA

Eline Silva de Paula1, 2
Fabiana Alves Nunes da Silva1, 2, 3

1. Universidade Federal de Pernambuco
2. Departamento de Ciências Geográficas
3. Programa de Educação Tutorial de Geografia


INTRODUÇÃO:
O macropólo do Rio de Janeiro possui uma área total de 89.987,8 Km². Composto por vinte micro regiões é representado por 169 municípios. O Rio de Janeiro viveu uma crise nos anos 90, resultado de fenômenos como o crescimento do desemprego, expansão das favelas e aumento da violência, dentre outros que dificultam o seu desenvolvimento. O presente trabalho se dispõe a analisar a relação entre indicadores sociais (emprego, pobreza e IDH) e violência apresentando um conjunto de evidências, com base nas informações do Atlas de Desenvolvimento Humano para o Brasil e dos dados colhidos no IPEADATA, que podem sugerir possíveis explicações as causas da violência. O crescimento da violência no Estado do Rio de Janeiro, principalmente vem atraindo a atenção de toda a sociedade brasileira. Como conseqüência, houve um aumento do número de estudos socioeconômicos sobre a área. Fato que contribuiu para a escolha do macropólo em questão como objeto de estudo. A apresentação desta pesquisa está subdividida em seis categorias: população, educação, renda, violência, emprego e IDH. A análise está focada na observaçãos das relações entre o crescimento da violência e os indicadores sociais.

METODOLOGIA:
Para a realização da pesquisa foram utilizadas três fontes dados: IPEADATA, cujos dados resultaram em tabelas comparativas; CEDEPLAR, que serviu como base primária de informações sobre o macropólo do Rio de Janeiro, visto que a divisão apresentada por ele é a mais atual e do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil - que é fruto de uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação João Pinheiro (FJP) -, pôde-se colher informações complementares a respeito das cidades que se destacaram, além de dados colhidos no IBGE. A partir desses dados, foi realizado um estudo, agrupando-se informações a respeito da violência instaurada nas principais cidades deste macropólo.

RESULTADOS:
A partir do estudo realizado, pôde-se obter as considerações a seguir. Existiram algumas micro regiões que se destacaram com os maiores ou menores índices e, os que apresentam os piores indicadores sociais não correspondem aos mesmo que apresentam as maiores taxas de violência. As micro regiões do Rio de Janeiro e Santa Maria Madalena mereceram destaque. A primeira apresenta a maior população, menor índice de pobreza e de menor taxa de analfabetismo do macropólo, já a segunda, possui a menor população e ocupa os maiores índices de pobreza e analfabetismo. Nova Friburgo e Campo dos Goytacazes apareceram como os que mais empregam. O vale do Paraíba Fluminense é a região que apresenta o melhor índice de educação, seguido por Santa Maria Madalena, enquanto o Rio de Janeiro é o que apresenta maior diferença no crescimento educacional de uma década para outra. E mesmo apresentando o maior crescimento educacional o Rio de Janeiro apresenta o maior número de homicídios no período de 1990 a 2002, já Santa Maria Madalena, não apresentou homicídios no mesmo período.

CONCLUSÕES:
Violência urbana é a expressão que designa o fenômeno social de comportamento deliberadamente transgressor e agressivo ocorrido em função do convívio urbano. O que a diferencia de outros tipos de violência é por se desencadear como conseqüência das condições de vida e do convívio no espaço urbano. Sua manifestação mais evidente é o alto índice de criminalidade; e a mais constante é a infração dos códigos elementares de conduta civilizada. (DUTRA, 2005). Uma das causas do crescimento da violência urbana no Brasil é que a sociedade admite passivamente tanto a violência dos agentes do estado contra as pessoas mais pobres quanto o descompromisso do indivíduo com as regras de convívio. Sendo assim, analisados os dados sociais constatou-se que áreas que apresentaram os piores indicadores em educação, participação no emprego e IDH, não foram as mesmas a expressarem os maiores índices de violência. Valores sociais, culturais, econômicos, políticos e morais de uma sociedade determinam a violência urbana. Portanto, na região estudada, foi constatado que a violência não está obrigatoriamente associada ao fraco desempenho dos indicadores sociais.

Instituição de fomento: MEC/SESu



Palavras-chave:  Macropólo do Rio de Janeiro, Indicadores Sociais, Violência

E-mail para contato: eline.geo@gmail.com