60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

As enteroparasitoses são doenças que ocorrem com maior freqüência em populações pobres onde existe carência de saneamento básico e falta de educação e higiênica pessoal . As condições ambientais (temperatura, índice pluviométrico, umidade relativa) favorecem o desenvolvimento e a transmissão dos parasitos. Os fatores decorrentes da pobreza como moradia ,má alimentação, falta de água e saneamento básico, contribuem para o agravamento do estado de saúde das pessoas afetadas, principalmente as crianças. O presente trabalho foi realizado no bairro do Pedregal, na periferia de Campina Grande – Paraíba onde à semelhança de várias outras cidades brasileiras, tem recebido vasto contingente de migrantes de áreas rurais e muitos deles vão residir em assentamentos e “invasões”como no caso em tela. O presente estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Entamoeba histolytica e Giardia lamblia e a associação com índices pluviométricos.

METODOLOGIA:

No período de 16 de janeiro a19 de novembro de 2007, foram entregues 1.597 frascos coletores para fezes, ou seja, um espécime fecal por criança de 2 a 10 anos de idade, mas apenas 69% (n=1.101) o (a) responsável entregou a amostra fecal. Cada amostra fecal foi examinada pelos métodos de Ritchie e Kato-Katz, no Laboratório de Parasitologia da Faculdade de Medicina da UFCG. O projeto de pesquisa foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital Universitário Alcides Carneiro (22 de maio de 2006). No estudo estatístico foi utilizada a planilha Excel para analisar as freqüências da presença dos parasitos.

RESULTADOS:

Foram encontrados 27,25% (300/1.101) de A. lumbricoides, 82,92% (913 /1.101) T. trichiura, 48,05% (529/1.101) de E. histolytica e 19,35%(213 /1.101) G. lamblia e os valores do índice pluviométrico relativo a cada mês do ano de 2007, foram obtidos na Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba - AESA . Nos meses de janeiro a dezembro os índices de chuvas foram respectivamente em milímetros de, 29,0; 70,2; 95,1; 139,0; 62,2; 115,5; 59,2; 86,5; 82,3; 3,6; 7,8 e 3,9. Os dados, em números abolutos, mostrando o número de crianças infectadas por A. lumbricoides são assim distribuídos ao longo do ano 9, 16, 14, 3, 31, 37, 36, 34, 39, 39, 27 e 15. Em relação à contaminação por T. trichiura tem-se 11, 61, 51, 45, 132, 68, 137, 102, 92, 132, 49 e 33; por E. histolytica foram de 11, 37, 33, 18, 81, 56, 94, 49, 41, 51, 30 e 28 e finalmente por G. lamblia com os dados coletados mensalmente foram de 8, 13, 19, 8, 24, 25, 42, 18, 4, 37, 9 e 6. Plotando-se os dados num gráfico de linhas (de continuidade), constata-se que no mês de Abril em que observou-se um índice pluviométrico (139 mm), ocorreu uma nítida redução de indivíduos contaminados pelos parasitos envolvidos no estudo. Nos meses seguintes a esta ocorrência, o número de crianças infectadas por A. lumbricoides e por G. lamblia mantiveram-se sem alterações significativas. Entretanto o número de infectados por T. trichiura e E. histolytica comportou-se de maneira inversa ao índice pluviométrico. Observou-se ainda que nos meses de baixo índice pluviométrico (outubro, novembro e dezembro), os resultados positivos, tanto para protozoários como para helmintos, foram os menores encontrados.

CONCLUSÕES:

Os dados obtidos neste estudo, mostram que embora as crianças do bairro do Pedregal, sejam periodicamente medicadas com anti-helmínticos e anti-protozoários, pela equipe médica do Programa de Saúde da Família – PSF, ficam expostas à re-infestações. Porém com o aumento do índice de pluviosidade, observa-se diminuição no número de crianças infectadas por enteroparasitas.

Palavras-chave: enteroparasitose, índice pluviométrico, crianças

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