60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal

CRESCIMENTO INICIAL DE MUDAS DE SIMIRA GRAZIELAE (RUCIACEAE) EM CONDIÇÕES NATURAIS DE PLENO SOL E SOB SOMBRA DE ARVOREDO.

Danielle Santos Brito1
Camila Vieira Leite1
Débora Leonardo dos Santos2

1. Graduanda em Ciências Biológicas - Departamento de Ciência Naturais - UESB
2. Profª. Drª. - Departamento de Ciências Naturais - UESB - Orientadora


INTRODUÇÃO:
No estudo do crescimento é conveniente considerar o ciclo de vida de uma planta como sendo constituído de vários estágios que se sobrepõem. Após a germinação o crescimento da plântula depende das reservas armazenadas na semente. Mais tarde, quando é estabelecida a fotossíntese, passa a depender do excesso líquido de produtos fotossintéticos disponíveis (Whatley e Whatley, 1982). O crescimento durante a fase juvenil é mais rápido do que durante a fase adulta, mas o crescimento em cada uma das fases depende da quantidade de luz recebida. Para Whatley e Whatley (1982) plantas já estabelecidas, em geral, crescem mais devagar sob condições de sombra que de sol. Simira grazielae, pertence à família Rubiaceae, o gênero está distribuído pela região neotropical (Callado e Neto, 2003) percorrendo desde o México até o Brasil. É representado por árvores de pequeno a grande porte (Peixoto, 1982), com espécies de interesse econômico, reconhecidas pelo valor tintorial, madeireiro, artesanal e paisagístico (Mainieri & Chimelo, 1989; Peixoto, 1982). O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento inicial de Simira grazielae em condições naturais de sombreamento e pleno sol, procurando fornecer informações ecofisiológicas para que possam ser utilizadas na recomposição de matas nativas.

METODOLOGIA:
As sementes de S. grazielae foram coletadas na mata ciliar do médio São Francisco no Município de Palma de Monte Alto, região Sudoeste da Bahia. Após o beneficiamento, as sementes foram armazenadas em geladeira. Para o estudo do crescimento foram produzidas 80 mudas, utilizando sacos de polietileno com capacidade para 5 litros, contendo a mistura de terra e húmus (2:1). Após a semeadura de três sementes por saco, 40 foram colocados sob sombra de arvoredo e os outros 40 em pleno sol, no campus da UESB, em Vitória da Conquista. A emergência das plântulas foi observada diariamente e o critério utilizado foi o aparecimento da plântula com todas as estruturas essenciais. Após 60 dias do início da germinação foi realizado o desbaste para uniformização das mudas, mantendo uma plântula por recipiente. A avaliação do crescimento foi realizada em intervalos de 30 dias, quando 10 indivíduos sorteados ao acaso, foram avaliados em altura da planta, diâmetro do caule e número de folhas. A cada 60 dias, 10 mudas foram sacrificadas, para a avaliação de peso de matéria fresca, peso de matéria seca, comprimento de raiz e área foliar. Os valores médios dos parâmetros foram utilizados na determinação das curvas de crescimento, taxas de acréscimo, taxas de crescimento absoluto e razão raiz/parte aérea.

RESULTADOS:
A porcentagem de sobrevivência das mudas foi em média de 92% e a abscisão dos cotilédones ocorreu entre 60 e 90 dias, para Lovell e Moore, (1970) a expansão das folhas cotiledonares é uma das adaptações que possibilita a produção de fotoassimilados para sustentar o crescimento inicial e o estabelecimento das plântulas. A análise das curvas de crescimento mostrou que as plantas dos dois tratamentos cresceram rapidamente nos primeiros 90 dias de experimento, ocorrendo um decréscimo no intervalo entre 90 a 120 dias, mantendo crescimento lento, mas uniforme após os 150 dias. As taxas de acréscimo foram calculadas mensalmente em relação aos valores anteriores, e mostraram uma queda significativa no desenvolvimento das plântulas no intervalo entre 90 e 120 dias, o crescimento foi restabelecido no intervalo seguinte, mantendo certa estabilidade, com menores oscilações. Ocorreu aumento gradativo na massa seca principalmente no tratamento do sol. A área foliar aumentou em ambos os tratamentos até 180 dias ocorrendo um decréscimo devido à queda das folhas, que foi mais acentuada nas plantas do sol. A taxa de crescimento absoluto mostrou que as plantas tiveram um crescimento muito lento, variando entre 0,002 a 0,009 g dia-1, sendo que as plantas mantidas no sol tiveram melhor desempenho.

CONCLUSÕES:
A taxa de sobrevivência das plântulas pode ser considerada alta. Viabilizando sua utilização em recomposição de matas nativas, o crescimento relativamente semelhante em plantas mantidas no sol e na sombra indica a espécie para enriquecimento de matas degradadas de áreas de caatinga, pois as mudas suportam a abertura no dossel das matas decíduas. O desenvolvimento inicial rápido das plântulas provavelmente está relacionado à presença de folhas cotiledonares, garantindo o estabelecimento da planta em ambiente instável. A taxa de crescimento absoluto mostrou que analisando o peso seco total das mudas, o tratamento no sol teve um ganho maior de matéria seca, que pode estar relacionada com o maior número de folhas das mudas do sol, apesar da área foliar total ter sido menor do que as da sombra. A razão raiz/parte aérea mostrou que a biomassa distribui-se mais para as raízes que para os órgãos fotossintetizantes. As oscilações presentes nos resultados foram constantes para os dois tratamentos, mostrando que foram interferências climáticas que atingiu igualmente todo experimento.

Instituição de fomento: UESB

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  crescimento, mata ciliar, sombreamento

E-mail para contato: daneologia@hotmail.com