60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira

PERSONAGENS NEGROS NOS LIVROS DE LITERATURA INFANTO-JUVENIL DO BRASIL

Liliam Teresa Martins Freitas1
João Paulo Soares Júnior2

1. Universidade Federal do Maranhão
2. Universidade Estadual do Maranhão
3. Departamento de Letras/UEMA


INTRODUÇÃO:
A literatura para crianças e adolescentes trazida para o Brasil é de matriz européia, aliás, eurocêntrica, história da Branca de Neve, Chaupezinho Vermelho, Soldadinho de Chumbo em que o negro não aparece. No Brasil quando isso acontece, ele é estereotipado colocado como o escravo passivo, doméstica ou em outras tantas posições subalternas. O negro sofre a exclusão na sociedade brasileira, e tem implicações na literatura, inclusive na infanto-juvenil. A estética da beleza (do bonito, belo, superior e perfeito) nas histórias não é o do fenótipo do negro: cabelo pixaim, pele escura, olhos pretos lábios grossos. Nesse ensejo a problemática é: nos livros de literatura nacional infanto-juvenil, percebe-se a orientação do velho mundo predominar e suprimir as relações étnico-raciais. A Europa é transportada para o Brasil. Então pergunta-se: Como conceber o negro a partir dos livros de literatura para crianças e adolescentes em que no geral ele é estereotipado? Como objetivo maior a pesquisa tem Analisar os personagens negros nos livros de literatura infanto-juvenil e específicos: apresentar o perfil dos personagens negros na literatura infanto-juvenil; Abordar os estereótipos nas historias infanto-juvenil; e Discutir a importância da Literatura infanto-juvenil.

METODOLOGIA:
A pesquisa é do tipo bibliográfica com o método sócio-histórico de investigação dialético que se deu com levantamento bibliográfico, análise de textos e produção já existente sobre a temática, além da leitura de 25(vinte e cinco) livros de literatura brasileira infanto-juvenil.

RESULTADOS:
O negro adentrou ao mundo da literatura, inclusive ao reino infanto-juvenil. Nesse ensejo a pesquisa buscou analisar os personagens negros na literatura nacional infanto-juvenil. Para isso estudou o perfil do negro nessa literatura. Os personagens encontrados ainda em 48% das histórias são de negros escravizados como escravos passivos, as mulheres negras como empregadas domésticas, por outro lado em 52%, os negros protagonizam, onde cultura, costumes e religião de matriz africana são trabalhados. O estereótipo, na acepção de Shestavov, “é uma padronização, com a eliminação das qualidades individuais e das diferenças com ausência total do espírito crítico nas opiniões sustentadas”, que acompanha o negro tem se tornado menos freqüente nos livros voltados para crianças e adolescentes, em 48% dos livros eles ainda se fazem presente, um número ainda significativo, em 52% há uma mudança. No que tange esse tipo de literatura, os malefícios dos estereótipos potencializam-se pois eles se engendram no período de constituição da identidade, inclusive étnico-racial do “ser negro” e do “ser branco”. A Psicanálise explica. E a Análise de Discurso mostra que as histórias não são tão ingênuas.

CONCLUSÕES:
A pesquisa se propôs a analise dos personagens negros nos livros de literatura nacional infanto-juvenil e o fez, contou com a Psicanálise e Análise do Discurso na leitura de 25 livros desse gênero. Diante do resultado, ficou notório que existe: uma tendência de reducionismo em relação ao negro, de retratá-lo apenas papéis e/ou funções sociais de desprestigio, a exemplo de Tia Nastácia, e de deturpar o continente africano; e no contraponto uma nascente criticidade e consciência racial nessa literatura em diversas histórias como A Cor da Ternura, de Geni Guimarães, Rainha Quiximbi, de Joel Rufino dos Santos, Na Terra dos Orixás, de Ganymedes José, História da Preta, de Heloísa P. Lima e A Fada que queria ser Madrinha, Gil de Oliveira. Sendo assim, a concepção do negro a partir dos livros dessa literatura pode ser negativa se tiver por base as histórias em que o negro é estereotipado, por outro lado, positiva com os livros que trazem os negros sem estereótipo nem preconceitos.



Palavras-chave:  Negro, Brasi, Literatura Infanto-juvenil

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