60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM, 1999) orientam a implementação, no ensino de Física, de novas práticas como forma de superação das tradicionais. Outras publicações como, PCN+ (2002) e Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM, 2006), procuram oferecer subsídios para que tal mudança ocorra. No entanto, diversos fatores têm dificultado esse processo de mudança, de modo que há uma enorme lacuna entre o discurso das inovações e a implementação das novas práticas (RICARDO, 2003). Segundo (IMBERNON, 2005) dentre os fatores que influenciam a qualidade do processo de aprendizagem escolar estão: aspectos didático-pedagógicos, a interatividade, o uso das atividades e o material utilizado. Como a responsabilidade com a melhoria no ensino de Física, perpassa pelos professores e pelas instituições formadoras, e depende de esforços coletivos, buscou-se nessa pesquisa obter informações que possam servir de base para o planejamento de atividades de formação continuada para os professores de Física do nível médio em Santarém-PA, e teve como objetivos verificar como os docentes utilizam a infra-estrutura e os materiais disponíveis na escola, além de caracterizar as formas e estratégias de abordagem dos conteúdos para auxiliar no processo ensino aprendizagem.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada com um grupo de professores de Física que atuam no ensino médio no município de Santarém (PA), os quais eram participantes de um Ciclo de Oficinas de Formação Continuada, uma atividade de extensão promovida pela Faculdade de Física Ambiental da UFPA-Campus de Santarém. Na coleta de dados foi utilizado um questionário contendo dezoito questões referentes: a formação dos docentes, infra-estrutura e materiais de apoio didático disponível nas escolas onde os professores atuam, o uso dessa infra-estrutura e materiais, o tipo de abordagem trabalhada no ensino dos conceitos físicos, o uso do livro texto e outras referências no auxílio ao processo ensino-aprendizagem, a prática de leitura sobre temas referentes ao trabalho docente e o uso das publicações do MEC no planejamento das atividades didáticas.

RESULTADOS:

A pesquisa foi feita com vinte docentes de diferentes áreas de formação, sendo um Mestre, onze Especialistas e oito Graduados, com tempo de atuação entre um e dez anos. Da infra-estrutura, 80% dispõem de sala de vídeo, 70% de biblioteca, 65% de laboratório de experimentação (LE), 50% de laboratório de informática (LI) e 10% não dispõem dessa infra-estrutura. Dos materiais de apoio didático, 100% dispõem de TV e vídeo, 65% de retroprojetor e 10% de DVD. No uso da infra-estrutura e materiais disponíveis, 60% utilizam sala de vídeo e TV, 65% o LE, 50% o LI e a biblioteca. Na abordagem dos conteúdos, 60% trata os aspectos qualitativos e quantitativos de forma igual e 30% prioriza a abordagem qualitativa. O livro texto é utilizado por 75% dos docentes, predominando os autores Bonjorno et al (1997) e Sampaio e Calçada (2001). As atividades extra-classes utilizadas são questões quantitativas, conceituais, projetos de pesquisa e atividades experimentais. Para aprofundar os conteúdos são usados exercícios, atividades em grupo, pesquisas na Internet e apresentações orais. As leituras de maior interesse são as Metodologias de Ensino, Interdisciplinaridade e Contextualização. Sobre o uso das publicações do MEC, no planejamento das aulas, somente 15% dos professores tomam estas como base.

CONCLUSÕES:

Os resultados obtidos sugerem que além de fornecer aos professores infra-estrutura e material de apoio didático é necessário oferecer as condições para que esses recursos sejam de fato utilizados, visto que parte dos docentes não utiliza. Outro fator relevante é que a presença de práticas consideradas inovadoras ainda é pouco utilizada pelos professores, uma vez que a maioria ainda está presa ao livro texto e ao uso dos tradicionais exercícios. Por outro lado, percebe-se que há indícios de uma busca pela superação dessa realidade, notada a partir dos temas de leituras feitas pelos docentes. Entretanto, a ausência do uso das publicações disponibilizadas pelo MEC nas ações de planejamento da ação docente ainda é um grande obstáculo a ser superado. Desse modo, compreendemos que promover a aproximação entre a universidade e a educação básica, para compartilhar as dificuldades e desafios do ensino de Física, por meio de ações de formação continuada, como oficinas, palestras, grupos de estudo, dentre outros, pode contribuir de forma significativa para a melhoria da qualidade do ensino de Física na região.

Palavras-chave: Ensino de Física, formação continuada, atividades didático-pedagógicas.

E-mail para contato: claus.castro@hotmail.com