60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O trabalho denominado “Reflexões sobre preconceito e formação” - vinculado ao projeto “O preconceito e as atitudes em relação à educação inclusiva tendo a exclusão social como base”, que conta com o apoio financeiro da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul/ FUNDECT - teve como objetivo entender, por meio de estudo bibliográfico, de que forma o preconceito, que está arraigado na sociedade atual, interfere na formação do indivíduo e de que forma a semiformação gera o fenômeno do preconceito. Foi utilizada como abordagem teórica a Psicanálise Freudiana e a Teoria Crítica da Sociedade, sendo que esta última tem uma concepção dialética do processo de formação do indivíduo, considerando-se a relação entre indivíduo, cultura e sociedade.

METODOLOGIA:

A metodologia utilizada percorreu os campos do conhecimento do processo de formação do indivíduo e como o preconceito se insere e atua nesta formação, mediante levantamento bibliográfico e análise dos conceitos implicados. A participação na primeira fase da pesquisa supracitada (à qual este projeto se relaciona) se deu por meio da coleta e da análise das informações resultantes de questionário aplicado aos acadêmicos de Licenciatura de duas universidades de Campo Grande-MS, uma particular e outra pública, propiciando subsídios empíricos para o desenvolvimento deste estudo. O questionário utilizado conta com itens tipo Likert, elaborados a partir das escalas I (ideologia da racionalidade tecnológica), F (fascismo), E (atitude a respeito da educação inclusiva) e P (preconceito), sendo salientados os dados obtidos da relação entre preconceito e educação inclusiva.

RESULTADOS:

Os principais resultados e conclusões foram: 1) a semiformação do indivíduo - caracterizada pela ausência de conhecimento, de reflexão e de experiência - promove e fomenta o preconceito; 2) o indivíduo deve se diferenciar da realidade social totalitária, pois a indiferenciação não permite a individuação; 3) as atitudes contrárias à educação inclusiva relacionam-se mais com o preconceito. Por fim, a importância deste tema vai ao encontro do que se tem discutido no Brasil quanto à inclusão social e as propostas de educação inclusiva. A difusão do preconceito apresenta-se como principal barreira na implantação e implementação dessas propostas, considerando-se a importância da formação dos indivíduos na cultura e na sociedade contemporânea de que fazem parte.

CONCLUSÕES:

De acordo com o objetivo proposto neste trabalho, a semiformação relaciona-se ao preconceito, em especial no que concerne ao caráter limitado do conhecimento que provoca, e a partir do qual não se supera pré-conceitos, isto é, conceitos prematuros relativos às vítimas do preconceito. Desta maneira, as atitudes contrárias à educação inclusiva, afastando a perspectiva de experiência e de reflexão em relação às pessoas com deficiência, podem ser relacionadas ao preconceito. Pensando sobre esta situação, percebe-se em proposta de autor da teoria adotada, uma alternativa viável para se buscar a formação plena, o que se contrapõe à fomentação de “sujeitos preconceituosos”, que seria o exercício constante da reflexão desde os primeiros anos de vida, promovido pelos pais e pelas instituições porventura comprometidas com a expressão dos indivíduos quanto ao que pensam sobre si, sobre os outros e também sobre as situações de vida; instigar a criança e o jovem e instigar-se a participar deste processo com eles; pensar conjuntamente com eles, de modo acessível, respeitando-se a idade, o nível sócio-econômico, buscando deixá-los livres para questionar até mesmo sobre o que sentem enquanto refletem a respeito de determinados assuntos. Estas seriam atitudes iniciais a serem tomadas que poderiam ter conseqüências favoráveis na formação de indivíduos.

Instituição de fomento: CNPQ/PROPP - UFMS

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Preconceito, Formação, Semiformação

E-mail para contato: talinecosta@terra.com.br