60ª Reunião Anual da SBPC




B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil

ESTUDO DO CLIMA DE CAMPINAS: A DIFICULDADE DE CARACTERIZAÇÃO E PROPOSIÇÃO DE RECOMENDAÇÕES DE PROJETO PARA CLIMAS COMPOSTOS

Mariana Gavranich Lamotta1
Lucila Chebel Labaki1, 2

1. Departamento de Arquitetura e Construção/DAC
2. Orientadora


INTRODUÇÃO:
Não é de hoje que o homem busca a perfeição, não importa a área de atuação, importa como deve ser feito e claro com ótimos resultados. Já há alguns anos são notados a importância e o efeito direto que o conforto ambiental exerce sobre as atividades humanas, sobretudo o conforto térmico - Sempre em busca de um aperfeiçoamento social, físico e psicológico, e com a consciência de que o ambiente no qual vivemos tem influencia direta com o resultado de nossas atividades - sejam elas de trabalho ou lazer - é que estudamos o conforto térmico, pois este é sem duvida um dos principais fatores do nosso rendimento. O conhecimento do clima é exigência básica para que o arquiteto projete uma edificação confortável do ponto de vista térmico. As paredes, o piso, a cobertura, as aberturas e as superfícies envidraçadas devem ser concebidas de acordo com as características específicas do clima, as quais são expressas através de elementos como temperatura, umidade relativa do ar, velocidade e direção dos ventos, entre outros. O estudo desses elementos climáticos possibilita a identificação das principais exigências, guiando dessa forma as decisões tomadas no momento inicial de elaboração do projeto.

METODOLOGIA:
Os métodos utilizados identificam os meses de verão e inverno, como o método expedito de Akutsu, Vittorino e Kanaciro (1993), propõem recomendações para a estrutura térmica da edificação e para o projeto bioclimático, como, respectivamente, o método de Rivero (1986) e as tabelas de Mahoney (1973), e também fornecem subsídios para a fase de concepção, como o método de Aroztegui (1995) e o método dos triângulos proposto por Evans e Schiller (1991 e 1997). Este trabalho surgiu justamente com o objetivo de aplicar estes métodos simples de tratamento de dados climáticos a fim de diagnosticar o clima de Campinas e dessa forma chegar a diretrizes que possam fornecer alguns subsídios para o projetista na fase de concepção. O objetivo é atualizar o trabalho de Chvatal, 1998, que determinou estratégias de projeto bioclimático para a cidade de Campinas, com base em dados climáticos de 1981 a 1996, através de métodos simples de análise. No atual projeto pretende-se utilizar normais climatológicas de período mais recente, pois são visíveis as alterações climáticas ocorridas nos últimos anos. Os resultados obtidos serão comparados com os da pesquisa anterior, procedendo-se uma nova avaliação, originando uma descrição atual das principais características climáticas da cidade.

RESULTADOS:
Com este trabalho foi possível notar, pelo método expedito, que o período de inverno abrange os meses de Junho a Agosto e o verão Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março. Em relação às recomendações de projeto, as aberturas devem permitir a ventilação cruzada, porém sendo protegidas contra o vento diurno do verão. Devem ser reguláveis para controlar a ventilação do verão e, se necessário, do inverno. Também deve permitir a ventilação noturna nos meses de Janeiro e Fevereiro, ocupar 40 a 60% das fachadas N e S (nível do corpo) e serem protegidas da chuva e da luz solar direta. As fachadas maiores voltadas para norte/sul, protegidas com vegetação e coloração apropriada. Os fechamentos devem possuir média a alta inércia térmica e o espaçamento entre as edificações ter separação ampla para melhor ventilação, porém com proteção a vento quentes/frios. Para as superfícies envidraçadas podem-se prever elementos especializados como dispositivos de proteção exteriores. Ainda assim, as caracterizações citadas se encontram em zonas de transição, portanto os problemas não são claramente definidos e em conseqüência disto os recursos devem ser medidos com cautela.

CONCLUSÕES:
Comparando-se o projeto com o de Chvatal, notou-se que o verão aumentou, passando a ter um mês a mais, o de Outubro. Ocorreu também uma mudança nos grupos de umidade de alguns meses, passando de A1 (de umidade baixa) para U1 e U3 (de umidade elevada). Isto provocou mudança no tamanho da aberturas, que passaram de 25 a 40% para 40 a 60% das fachadas norte e sul e no material utilizado para paredes e pisos, que passaram de pesadas para leves e refletoras. Em relação à ventilação de verão, há a exigência de uma maior ventilação também nos meses de Dezembro e Março, principalmente a ventilação seletiva noturna durante os meses de Janeiro e Fevereiro já que as altas temperaturas permanecem durante a noite (amplitude menor), precisando-se de uma ventilação noturna para amenizar o calor. Para a inércia térmica, ocorreu a diminuição do coeficiente de amortecimento do fechamento horizontal para o período do inverno (Agosto). Isto porque o aumento da temperatura média no inverno possibilitou um clima mais ameno durante a noite, não havendo necessidade de armazenar muito calor durante o dia. No período de inverno notou-se a necessidade do uso da ventilação seletiva diurna também nos meses de Maio e Agosto, além dos de Junho e Julho já vistos por Chvatal.

Instituição de fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq – PRP

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  conforto térmico, diretrizes projeto, clima

E-mail para contato: marianalamotta@gmail.com