60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal

ANATOMIA ECOLÓGICA DO LENHO DE CAULE DE RUDGEA VIBURNOIDES (CHAM.) BENTH. (RUBIACEAE) EM DUAS FISIONOMIAS DISTINTAS DO CERRADO DE MINAS GERAIS

Merilluce Samara Weiers1
João Carlos Ferreira de Melo Júnior1

1. Universidade da Região de Joinville


INTRODUÇÃO:
Sendo a quarta maior família das angiospermas, Rubiaceae apresenta cerca de 6500 espécies descritas, com distribuição uniforme nos países de clima tropical, sem que se possa distinguir um centro vegetativo propriamente dito. O gênero Rudgea é representado por cerca de 90 espécies. Pertencente a família Rubiaceae, Rudgea viburnoides (Cham.) Benth., conhecida popularmente por congonha, congonha-de-bugre, bugre e cotó-cotó é uma planta arbórea que possui ampla distribuição na região do cerrado. Na fisionomia de campo cerrado, os indivíduos são arvoretas de tronco geralmente tortuoso, enquanto que no campo rupestre comportam-se como arbustos perfilhados de pequena dimensão e com área foliar reduzida. O presente trabalho visa comparar a estrutura anatômica da madeira de caule sob os aspectos qualitativo e quantitativo, em duas fisionomias do domínio do Cerrado em Minas Gerais: campo cerrado e campo rupestre.

METODOLOGIA:
Caracterização dos locais de coleta: a) campo cerrado: localizado no município de Matozinhos nas coordenadas 19º27’S e 43º58’W, com 711m de altitude snm, temperatura média anual de 22ºC, precipitação média entre 900 e 1300 mm. Solo classificado como latossolo vermelho, álico e pobre em nutrientes; b) campo rupestre: situado na Serra do Cipó, com coordenadas 19º12’S e 43º27’W, possuindo 1300m de altitude snm, temperaturas médias em torno de 18-20ºC no verão e abaixo de 15ºC no inverno e precipitação média entre 1450 e 1800 mm. Substrato do tipo afloramento rochoso com campo arenoso-pedregoso úmido. Coleta de madeira e preparação histológica: foram coletadas amostras de madeira na altura do peito em indivíduos de campo cerrado e na base nos indivíduos de campo rupestre. A obtenção de cortes histológicos de madeira, elementos celulares dissociados e confecção de lâminas permanentes foram seguidas às técnicas usuais de anatomia da madeira. Análise anatômica e estatística: na descrição e análise anatômica da madeira foram seguidas às orientações propostas pelo IAWA Committe. O número de mensurações das características anatômicas do lenho foi em n=30. Para a comparação de médias utilizou-se o Teste T com p<0,05.

RESULTADOS:
A madeira apresenta camada de crescimento distinta, vasos múltiplos de 3-12, com porosidade difusa e arranjo radial. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares areoladas com disposição alterna. Fibras septadas presentes. Parênquima axial vasicêntrico escasso e parênquima radial heterogêneo de unisseriado a multisseriado. Máculas foram observadas nos indivíduos estudados, sendo estruturas de origem traumática relacionadas aos danos causadas pelo calor ou frio. Diferenças estruturais ocorrem entre as plantas dos dois ambientes, tais como vasos múltiplos de 3-6, placas de perfuração simples e reticulada, pontoação intervascular guarnecida em indivíduos de campo cerrado e vasos múltiplos de 3-12, pontoação intervascular areolada e raramente guarnecida nos de campo rupestre. Vasos de maior diâmetro e cristais prismáticos aparecem nas plantas de campo rupestre. A maior freqüência de cristais é encontrada em plantas de ambientes secos. Medidas da altura e largura dos raios mostraram diferença significativa entre os dois ambientes, sendo os maiores relativos às amostras de campo cerrado. Raios mais altos são mais freqüentes em latitudes menores, diminuindo de tamanho com o aumento da latitude.

CONCLUSÕES:
O estudo comparativo da estrutura anatômica da madeira de R. viburnoides permitiu a formulação das seguintes conclusões: · a análise comparativa do lenho entre indivíduos procedentes do campo rupestre e de campo cerrado revelou alterações tanto no aspecto qualitativo e quantitativo. · as variações anatômicas constatadas no lenho sugerem que as diferentes condições físico-climáticas das fisionomias de cerrado estudadas (tipo de substrato, altitude e precipitação) podem estar exercendo efeito sobre a plasticidade fenotípica de R. viburnoides.

Instituição de fomento: FAP - UNIVILLE

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Anatomia ecológica, Madeira, Rudgea viburnoides

E-mail para contato: meri.weiers@gmail.com