60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia

CONSTRUÇÃO DA INOVAÇÃO ATRAVÉS DE REDES DE COOPERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA: ANÁLISE DE QUATRO INCUBADORAS SETORIAIS DE BASE TECNOLÓGICA LOCALIZADAS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO RS

Gabriela Dias Blanco1
Thays Wolfarth Mossi1
Sonia Maria Karam Guimarães1, 2

1. Departamento de Sociologia/UFRGS
2. Profa. Dra. - orientadora


INTRODUÇÃO:
Este trabalho faz parte do projeto "Construção da Inovação através de Redes de Cooperação Universidade-Empresa: Análise das Iniciativas e Estratégias de Cooperação no RS". Realiza-se um recorte, tendo por objeto uma universidade pública do RS e suas quatro incubadoras setoriais. Parte-se do pressuposto de que o desenvolvimento das economias mundiais exige a acumulação de insumos intangíveis como conhecimento, aprendizado e adaptação (Banco Mundial, 1999), bem como a construção de um meio inovador (Lecoq, 1995), no qual haja a interação entre diversos agentes – universidades, empresas, governos. O objetivo aqui é analisar as incubadoras sediadas na Universidade, buscando identificar possíveis contribuições e obstáculos no processo de inovação por elas vivenciado. Estudos sobre o tema identificam dificuldades na implantação e operacionalização dessas iniciativas em economias emergentes. Estas se apoiariam em modelos adotados em países desenvolvidos, nos quais a infra-estrutura tecnológica já está consolidada e a preocupação seria com o seu desenvolvimento contínuo (Vedovello, 2005). Este estudo faz-se relevante, na medida em que realiza um diagnóstico de quatro experiências que, incentivadas por políticas públicas, visariam promover negócios de êxito e desenvolvimento regional.

METODOLOGIA:
A pesquisa da qual resulta esse estudo, deu-se em etapas distintas: a primeira consistiu em visitas de campo exploratórias; a segunda, na elaboração de indicadores e roteiros de entrevistas; na terceira foram realizadas as entrevistas formais semi-estruturadas; e atualmente, encontra-se em andamento a análise destas. Para este trabalho serão utilizadas um total de 17 entrevistas. Quatro delas são de gerentes das incubadoras, e treze de empresários incubados. Estas estão assim distribuídas: quatro na área de tecnologia da informação (TI); duas na de engenharia de alimentos; quatro da área de física e engenharia; e três na de biotecnologia. Esse material consiste num mapeamento completo de todas as incubadoras da universidade estudada, tendo sido entrevistadas todas as empresas que nelas encontravam-se no período da pesquisa de campo- de agosto de 2007 a fevereiro de 2008. Para análise, construiu-se um banco de dados utilizando-se o software Nvivo, a partir do qual as entrevistas foram analisadas e categorizadas de acordo com os resultados da segunda etapa da pesquisa.

RESULTADOS:
Os resultados aqui apresentados possuem um caráter parcial, uma vez que o trabalho encontra-se em fase de categorização dos dados. De modo geral, observa-se que as incubadoras provêem suas empresas, fundamentalmente, com apoio gerencial. Assim, há uma convergência entre o oferecido por elas e o buscado pelas empresas. No entanto, diferenças foram constatadas entre os empresários da área de TI e os de outras áreas. Uma delas refere-se as suas motivações. Foi mais recorrente na fala dos primeiros a existência de uma motivação também econômica para a incubação, enquanto que na fala dos segundos destaca-se uma motivação técnica. Outra diferença corresponde às interações estabelecidas entre as empresas e a universidade. Utilizando-se da categorização de Vedovello (2001), pode-se dizer que as empresas de TI interagem com a universidade, majoritariamente, através de ligações informais. Já as outras empresas possuem ligações formais, informais e de recursos humanos. Quanto às dificuldades no processo de incubação, destaca-se um obstáculo apresentado pelas empresas de áreas distintas a de TI: o constrangimento de seu crescimento em função da inexistência de um parque tecnológico na universidade. Já um obstáculo mencionado em todas as incubadoras foi a burocracia da instituição pública.

CONCLUSÕES:
A interação universidade-empresa no processo de construção da inovação é central para a existência de um meio inovador. Igualmente, a infra-estrutura tecnológica oferecida pela universidade faz-se importante, já que consiste na absorção e difusão de informações relevantes para os negócios, além do conhecimento tecnológico. Os resultados do trabalho apontam uma oposição a estudos que demonstram que incubadoras de países emergentes oferecem apenas estrutura física às empresas, reproduzindo o modelo de países desenvolvidos (Vedovello, 2005). O encontrado na universidade estudada indica um esforço por parte das incubadoras em oferecer, além de uma estrutura física de baixo custo, apoio de gestão às empresas. Embora a estrutura gerencial seja oferecida em todas as incubadoras, percebe-se que as empresas de biotecnologia, engenharia de alimentos e física e engenharia recebem um maior aporte de conhecimento tecnológico em relação às empresas de TI. O que, portanto, demonstra uma maior consolidação da infra-estrutura tecnológica nessas áreas. Entretanto, são essas mesmas empresas que vêem seu crescimento cerceado pela não existência de um parque tecnológico na universidade. Dessa forma, o afastamento físico traz obstáculos ao processo de inovação, uma vez que elas saem do meio inovador.

Instituição de fomento: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  incubadoras tecnológicas, meio inovador, infra-estrutura tecnológica

E-mail para contato: gabrielita.blanco@gmail.com