60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Apesar da obrigatoriedade da dança no ensino regular e do aumento de estudos relacionados a ela, constatamos que ainda existe certo senso comum e que a mesma ainda tem sido negligenciada no ensino formal. Estas são heranças de um campo de conhecimento que não tem reconhecimento em si mesmo e em que os professores não tiveram a formação necessária. Em decorrência disso, nossa preocupação neste estudo é trazer reflexões sobre esta temática, abordando a compreensão da dança e seus significados, na relação com os contextos que emergiram nas vivências, como elementos interdependentes na influência que exercem no seu trato pedagógico, e que poderá subsidiar a análise de sua prática em variados ambientes da Cidade. Sendo assim, essa pesquisa teve como objetivo principal contribuir para a formação continuada de professores/as visando à dança como conteúdo de lazer e as suas possibilidades no contexto comunitário. Pretendeu, ainda, o diálogo entre as diversas compreensões de dança, para a formulação do trato teórico-metodológico desse conteúdo nos diferentes espaços de lazer e formação, garantindo, assim, uma presença maior da dança em diferentes ambientes, especialmente aqueles que valorizem a diversidade cultural, o componente lúdico e o pedagógico.

METODOLOGIA:

A metodologia baseou-se nos fundamentos da pesquisa-ação. Nesse sentido, as ações desta pesquisa foram planejadas na perspectiva de uma intervenção que se propôs a ser técnica e educativa, na medida em que o grupo pesquisador procurou responder sob a forma de ação transformadora os problemas da situação envolvente. Essa perspectiva implicou, assim, em ações específicas que caracterizaram os procedimentos durante a investigação, entre os quais ganharam relevância a problematização, a crítica e a avaliação conjuntas entre as pesquisadoras e os/as participantes do projeto, caracterizando a construção coletiva do conhecimento, prevista no processo investigativo. Os instrumentos de coleta de dados usados foram: o caderno de campo, registro áudio-visual das aulas-oficinas, entrevistas e questionários. A população oscilou em torno de 30 professores (as) de Educação Física, e eventualmente de Arte, da rede Municipal de Ensino de Florianópolis, e a pesquisa-ação-formação foi conveniada com a Secretaria Municipal de Educação. Participaram do projeto 02 (duas) professoras do DEF, sendo uma coordenadora; 02 (duas) professoras da rede municipal de ensino; e 02 (dois) bolsistas. As intervenções aconteceram na sala de dança do Bloco 5B do CDS, ao longo dos meses de Março a Agosto de 2006.

RESULTADOS:

A pesquisa possibilitou analisar significados da dança no contexto atual. Inicialmente esses significados configuraram a dança como possibilidades de conhecimento de si e como manifestação de estados de espírito e liberação de energias. Esta compreensão foi ampliada, evidenciando-se o seu papel de registro cultural, de história e de arte, que pode expressar-se de diferentes formas. Manifestou-se a influência da mídia sobre a dança, reforçando-se a idéia de que a dança na atualidade é marcada pelo processo de mercadorização posto pela indústria cultural, condicionando suas formas de expressão: sendo esvaziada do conteúdo simbólico, que é arte, e de potencial formativo e educativo, como linguagem expressiva. Outro dado revelado foi o paradoxo presente: a existência de trabalho relacionado à dança em quase todas as unidades de ensino, apesar da manifesta falta de interesse dos professores pela dança, gerada pela precariedade de experiências na formação inicial e pela falta de vontade dos profissionais na busca de novos conhecimentos. Todavia, os professores indicaram que é possível o ensino da dança re-significada em diferentes espaços, pois a cultura desse grupo é geradora da prática e pode subsidiar processos de gestão participativa e democrática no campo das políticas públicas.

CONCLUSÕES:

Nossas intervenções foram frutos de nossas necessidades, de nosso trabalho, da nossa ânsia de querer ou conhecer mais, ou seja, inventamos a dança ao longo da história e podemos ainda reinventá-la, como momento possível da transformação e a via de transformação possível de outros momentos, na perspectiva de um “estado estético” que provoca o esclarecimento de si e do mundo. Isso foi percebido com a ajuda dos enunciados dos interlocutores e das interlocutoras da investigação e da nossa própria experiência no ensino da dança. Houve uma participação ativa dos/as profissionais envolvidos neste trabalho no sentido de dialogar sobre a dança, e construir conhecimento sobre ela e eles afirmaram que levarão as experiências vividas para os momentos de suas práticas pedagógicas. Salientaram, também, a necessidade de outros momentos de experiências semelhantes como vivenciado durante esta pesquisa: momentos de formação, que qualifiquem suas atuações e momentos de prazer e satisfação nas experimentações e descobertas pessoais na dança. De forma parcial, mas evidente, foi compreendido que a formação passa pelo “fazer” a dança, vivenciá-la corporeamente, para se compreendê-la e se instrumentalizar melhor para ensiná-la.

Instituição de fomento: REDE CEDES - MINISTÉRIO DOS ESPORTES

Palavras-chave: DANÇA, EDUCAÇÃO FÍSICA, FORMAÇÃO

E-mail para contato: elainebo@uol.com.br