60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 2. Fisiologia Comparada

ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE ÁCIDO ÚRICO E URÉIA EM ACHATINA FULICA BOWDICH, 1822 EXPOSTOS A DIFERENTES FOTOPERÍODOS

Vinícius Menezes Tunholi-Alves1
Victor Menezes Tunholi1
Danilo Lustrino1
Jairo Pinheiro1

1. Departamento de Ciências Fisiológicas - UFRuralRJ


INTRODUÇÃO:
O gastrópode terrestre Achatina fulica possui importância médico-zoonótica, por atuar como hospedeiro intermediário de parasitos como Angiostrongylus cantonensis e econômico devido seu hábito alimentar, que o torna uma praga à agricultura. A partir de estudos sabe-se da importância de fatores abióticos e bióticos capazes de alterarem o metabolismo animal, apresentando influência tanto no aspecto reprodutivo, comportamental, quanto nos aspectos relacionados com sua sobrevivência. Nos gastrópodes pulmonados o metabolismo energético é baseado em polissacarídeos. No entanto, após a depleção dos monossacarídeos (glicose) e dos polissacarídeos de reserva (glicogênio), verifica-se a utilização de substratos alternativos para a produção de energia em substituição aos mesmos já escassos. Em decorrência deste reajuste bioquímico, tal organismo passa a ter que lidar com as conseqüências oriundas desta ação emergencial, e uma dessas é a elevação dos conteúdos de produtos nitrogenados de degradação em especial uréia e ácido úrico. O presente trabalho tem como objetivo analisar a influência do fotoperíodo, um fator abiótico, importante agente limitador na exploração do meio pelos moluscos, sobre os conteúdos de ácido úrico e uréia presentes na hemolinfa de A. fulica.

METODOLOGIA:
Moluscos foram coletados e mantidos em caixas plásticas com uma camada de 3cm de terra ao fundo e alimentados com alface ad libitum. As caixas eram envolvidas em papel alumínio para evitar a exposição à luz nos períodos de escotofase. Grupos de 5 animais foram expostos a cada um dos fotoperíodos analisados (0, 6, 12, 18 e 24horas de fotofase), sendo os experimentos feitos em duplicata (n=10). Após 2 semanas de exposição aos fotoperíodos, 2 moluscos de cada terrário foram dissecados para coleta de hemolinfa e posterior análises bioquímicas determinadas por leituras espectofotométricas. Os resultados foram expressos como média±desvio-padrão e submetidos ao teste de Tukey para comparação de médias (α =5%). O teste de regressão polinomial foi aplicado para verificar a relação entre o tempo de fotofase e os conteúdos de ácido úrico e uréia na hemolinfa. Na quarta semana do experimento, o restante dos moluscos foi dissecado para a mesma finalidade.

RESULTADOS:
No primeiro período de análises, não foi observada variação significativa em relação aos conteúdos de ácido úrico nos grupos mantidos em fotoperíodos de 0, 6, 12 e 18h de fotofase (0,4; 0,69; 0,44 e 0,5 mg/dl, respectivamente), contrapondo aqueles expostos a 24h de fotofase, no qual evidenciaram, comparativamente aos demais, o maior conteúdo de ácido úrico (0,93 mg/dl). Após quatro semanas de exposição, os valores referentes ao conteúdo de ácido úrico entre os grupos submetidos aos fotoperíodos não apresentaram diferença significativa, havendo uma relação negativa entre o tempo de fotofase e o conteúdo de ácido úrico na hemolinfa dos moluscos (0h – 0,469; 6h – 0,53; 12h – 0,44; 18h – 0,52; 24h- 0,28mg/dl). Em relação ao conteúdo de uréia dos organismos submetidos a duas semanas de exposição não foi verificada relação significativa entre o período de fotofase e o conteúdo de uréia na hemolinfa. Contudo, no segundo período de estudos houve uma forte relação negativa (Período de duas semanas: 0h 4,3; 6h 2,8; 12h 3,75; 18h 2,72; 24h – 4,6mg/dl. Período de 4 semanas: 0h – 2,41; 6h – 3,1; 12h – 2,1; 18h – 1,45; 24h – 1,63mg/dl).

CONCLUSÕES:
As concentrações de ácido úrico e uréia na hemolinfa de A. fulica são influenciadas pela variação do fotoperíodo. Moluscos de forma geral são organismos que fisiologicamente apresentam enorme capacidade de adaptação contribuindo diretamente para sua multiplicação e posterior disseminação. De acordo com os resultados apresentados, os grupos expostos a menor fotofase no segundo período de análises foram os que apresentaram uma maior concentração de produtos nitrogenados livres na hemolinfa. Tal fato pode ser explicado mediante a um maior deslocamento dos mesmos na tentativa de promover o reconhecimento do meio em que estão submetidos, denotando desta forma uma íntima associação do metabolismo protéico na manutenção da glicemia, sendo isto de importância vital para os organismos vertebrados e invertebrados. No entanto, os resultados expressados no primeiro período de análises o grupo que obteve a maior média foi de 24hs tanto para os conteúdos de ácido úrico quanto de uréia. Neste caso, como os moluscos ficaram expostos 24hs de luminosidade, a mesma atuou como potente agente estressor levando uma maior mobilização de carboidratos repercutindo com aumento dos produtos de degradação.

Instituição de fomento: FAPERJ; PROIC-UFRRJ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Achatina fulica, Produtos nitrogenados, Fotoperíodo

E-mail para contato: vinnytunholi@yahoo.com.br