60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza

COMPORTAMENTO FENOLÓGICO DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS NO MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVÃO-SE

Paula Luíza Santos2
Robério Anastácio Ferreira4

2. Eng. Florestal, Mestranda em Agroecossitemas - NEREN - UFS
4. Prof. Dr. - Núcleo de Engenharia Florestal / DEA - UFS - Orientador


INTRODUÇÃO:
A fenologia compreende os fenômenos de floração, frutificação, brotamento e queda foliar, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo, visando o conhecimento do ciclo anual das espécies, o qual está intimamente relacionado às condições climáticas e ao caráter adaptativo de cada espécie em sua área de dispersão. A compreensão e o conhecimento das informações fenológicas são importantes do ponto de vista botânico e ecológico, podendo-se subsidiar outros estudos, como os de produção e tecnologia de sementes, indicando, por exemplo, a melhor época de colheita e de plantio para cada espécie, sendo, portanto uma ferramenta indispensável para programas de manejo e de recuperação florestal. Apesar da importância de tais estudos, poucos são os trabalhos desenvolvidos na região nordeste, principalmente no estado de Sergipe. Portanto, é necessário o conhecimento dos padrões fenológicos das espécies de árvores nativas, o qual poderá contribuir direta ou indiretamente no desenvolvimento e compreensão de várias pesquisas e trabalhos na área florestal, tornando-se fundamental para o conhecimento do ciclo anual das espécies. Assim, este trabalho foi realizado, com o objetivo de se obter informações básicas sobre a fenologia de quatro espécies florestais nativas e sua relação com o clima.

METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no Campus da UFS, São Cristóvão-SE. O período chuvoso na região ocorre entre os meses de abril a agosto, a temperatura média é de 25,5ºC, precipitação média anual de 1.200mm e umidade relativa do ar média de 75%. Foram observados quinzenalmente, com o auxílio de um binóculo, 16 indivíduos de pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.), 21 indivíduos de pau-pombo (Tapirira guianensis Aubl.), 10 indivíduos de pau-ferro (Caesalpinia leiostachya Benth.) e 16 indivíduos de aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi.). Foram acompanhados os eventos de floração, frutificação e mudança foliar. As avaliações com a aroeira e o pau-brasil duraram 10 meses, enquanto que as avaliações com as demais espécies duraram 30 meses. Foram utilizados para análise: a) Porcentagem de Indivíduos – que constata somente a presença ou ausência da fenofase em cada indivíduo, estimando-se também, a sincronia entre os indivíduos da população; b) Percentual de Intensidade de Fournier - que estima a intensidade de cada fenofase por meio de uma escala intervalar semiquantitativa de 5 categorias (0 a 4), com amplitudes de 25% cada uma. Dados mensais de precipitação local foram utilizados para serem relacionados com os padrões fenológicos, durante o período estudado.

RESULTADOS:
O brotamento e a queda de folhas nas espécies não seguiram um padrão sazonal, apresentando variações durante todo o período estudado. A floração na aroeira ocorreu durante a estação úmida na região (set-dez/2006 e fev-jun/2007), atingindo 81,50% dos indivíduos. Já a frutificação ocorreu em 84,70% dos indivíduos, durante a transição da estação chuvosa para a seca e durante a estação chuvosa (set/2006-mar/2007). Ambos os eventos apresentaram alta sincronia entre os indivíduos. O pau-brasil apresentou baixa sincronia para a floração (50%), que ocorreu durante a transição da estação seca para chuvosa (set/2006-abr/2007). Já a frutificação foi considerada alta (75%), durante a transição da estação seca para a chuvosa, prolongando-se na estação chuvosa (out/2006-jun/2007). O pau-pombo apresentou alta sincronia para a floração (95,24%), durante a estação seca e no início das chuvas (out-mai) e baixa sincronia para a frutificação (33,33%), que ocorreu durante a estação seca e chuvosa (dez-jul). O pau-ferro apresentou baixa sincronia tanto para a floração como para a frutificação, com floração na transição da estação seca para úmida (jan-abr) e frutificação na estação úmida e seca (fev-nov).

CONCLUSÕES:
Foi constatado um comportamento fenológico ao longo de 30 meses para o pau-pombo (T. guianensis) e pau-ferro (C. leiostachya), com períodos de floração e frutificação definidos. Apesar da aroeira (S. terebinthifolius) e do pau-brasil (C. echinata) possuírem apenas 10 meses de avaliação, também foi constatada a presença de eventos reprodutivos e vegetativos nessas espécies. O conhecimento do comportamento fenológico para as espécies avaliadas possibilitou a identificação da ocorrência, intensidade e previsibilidade dos eventos reprodutivos e vegetativos, principalmente em relação aos processos relacionados à reprodução. Com o conhecimento do período de maturação dos frutos é possível estabelecer um cronograma de produção de sementes, escalonando saídas à campo e otimizando o processo de colheita de sementes na região.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  espécies nativas, floração, frutificação

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