60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza

AVALIAÇÃO DA TOLERÂNCIA À SATURAÇÃO HÍDRICA EM ESPÉCIES FLORESTAIS POTENCIAIS PARA RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES: AROEIRA, JENIPAPO, PAU-POMBO E TAMBORIL

Robério Anastácio Ferreira1
Jean Marcel Sousa Lira1
Carlos Dias da Silva Júnior2

1. Departamento de Engenharia Agronômica - UFS
2. Departamento de Biologia - UFS


INTRODUÇÃO:
Um dos problemas na recuperação de matas-ciliares é o estabelecimento das espécies utilizadas no reflorestamento, em virtude da não adaptação das mesmas à condição de hipoxia ou anoxia provocada pela saturação hídrica do solo nessas áreas. O conhecimento das espécies que apresentam resistência ou tolerância a anoxia e/ou hipoxia é de grande importância, pois permitirá que estas sejam utilizadas para plantios em áreas próximas a cursos d’água ou que apresentem lençol freático superficial. Deste modo, evita-se a implantação de espécies não resistentes o que resultaria na morte das plantas por anoxia (falta de oxigênio), prejudicando a recuperação da vegetação. Portanto, este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o grau de resistência ou tolerância à saturação hídrica de espécies arbóreas nativas, potenciais para serem utilizadas em programas de recuperação de matas ciliares, em regiões sujeitas a inundações temporárias. Para isto, analisou-se os parâmetros morfológicos (altura, diâmetro do colo, número de folhas, peso de matéria seca de raiz, peso da matéria seca da parte aérea e relação entre os dois pesos), bioquímicos (teor de clorofila “a” e “b”) e ecofisiológicos (condutância estomática, concentração de CO2 no mesófilo foliar, fotossíntese líquida e transpiração).

METODOLOGIA:
O experimento foi realizado no Viveiro Florestal do Curso de Engenharia Florestal, Departamento de Engenharia Agronômica-DEA, da Universidade Federal de Sergipe, no município de São Cristóvão – SE, situado a 11°01’34” de latitude S e 37°12’00” de longitude W, com altitude de 30m. Para o experimento as mudas produzidas foram transportadas para vasos de plástico de 5L, após atingirem altura adequada para irem a campo (30 a 40cm de altura e mínimo de 5mm de diâmetro do colo). Os indivíduos submetidos à saturação hídrica tiveram seus vasos acoplados a vasos de 10L, onde permaneceram sob constante lâmina d’água na altura da borda do vaso. As mudas testemunhas foram mantidas em vasos de 5L, sob condições normais de irrigação. Avaliações de altura, diâmetro do colo, número de folhas, peso da massa seca da raiz e peso da massa seca da parte aérea foram feitas quinzenalmente, enquanto análises do teor de clorofila “a” e “b” e trocas gasosas foram realizadas mensalmente. As avaliações foram realizadas pelo período de 30 a 90 dias e as espécies testadas foram: aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi.), jenipapo (Genipa americana L.), pau-pombo (Tapirira guianensis Abul.) e tamboril (Enterolobium contortisiliquum Vell. Morong.). O delineamento experimental foi realizado em blocos casualizados e as análises estatísticas foram feitas com o auxílio do Graph Pad Prism 4.00, utilizando-se o programa estatístico SANEST, sendo as médias submetidas ao teste de Tukey (P≤0,05).

RESULTADOS:
As médias nas variáveis de altura foram maiores nos indivíduos em condições hídricas normais. Aroeira obteve valores médios de 47,60±4,28cm e 31,20±4,28cm para indivíduos em condições normais e submetidos à saturação hídrica, respectivamente. O mesmo ocorreu nas outras espécies. No diâmetro do colo apenas em jenipapo os indivíduos em condições hídricas normais (10,00±2,10mm) obtiveram menor média do que os indivíduos submetidos à saturação hídrica (11,03±2,11mm). No número de folhas todas as espécies apresentaram igual comportamento, tendo os indivíduos submetidos à saturação hídrica menor número de folhas em relação aos indivíduos em condições normais de irrigação. Pau-pombo e tamboril apresentaram elevada mortalidade dos indivíduos submetidos à saturação hídrica, o que as impediu de completar os 90 dias de experimento. Considerando-se o teor de clorofila a e b, somente observou-se diferença significativa entre os tratamentos em jenipapo, cujos valores foram superiores nos indivíduos em condições normais de irrigação. Nas trocas gasosas as espécies apresentaram maiores valores médios nos indivíduos em condições hídricas normais.

CONCLUSÕES:
Tamboril (Enterolobium contortisiliquum) e pau-pombo (Tapirira guianensis) são impróprias para plantio em áreas sujeitas à inundação, já que, ambas apresentaram mortalidade de 100% das mudas submetidas às condições de saturação hídrica após 30 dias de experimento. Já jenipapo (Genipa americana) e aroeira (Schinus terebinthifolius) são recomendadas para plantio em áreas sujeitas à inundação, pois as mudas submetidas à saturação hídrica apresentaram adaptações como raízes adventícias e lenticelas hipertrofiadas, que fizeram com que as mesma resistissem até o final do experimento. Porém a aroeira, ao contrário do jenipapo, apresentou morte de alguns indivíduos a partir dos 60 dias, o que implica na utilização dessa espécie em locais com período de inundação menores que 90 dias.

Instituição de fomento: CNPQ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  saturação hídrica, tolerância, reflorestamento

E-mail para contato: jmslira@hotmail.com