60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

ASSOCIAÇÃO ENTRE O DIAGNÓSTICO E O RELATO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL EM IDOSOS: RESULTADOS PRELIMINARES DE UM ESTUDO POPULACIONAL. CAMPINA GRANDE/PB.

Milena Abreu Tavares de Sousa1
Tarciana Nobre de Menezes2
Monalisa Taveira Brito3

1. Departamento de Fisioterapia - UEPB
2. Profa. Dra. - Departamento de Fisioterapia - UEPB - Orientador
3. Departamento de Farmácia - UEPB


INTRODUÇÃO:
Com o envelhecimento populacional, ocorre um aumento da prevalência de doenças crônicas e incapacitantes e, com isso, uma mudança no paradigma na saúde pública. Dentre essas doenças, encontra-se a hipertensão arterial, considerada, atualmente, um dos problemas de saúde mais relevantes que, se não diagnosticada precocemente, acarreta complicações e seqüelas que comprometem a qualidade de vida do indivíduo, principalmente do idoso. Estudos populacionais com idosos têm utilizado o relato de doenças, como forma de verificar a prevalência da hipertensão arterial. Outros estudos têm realizado a aferição direta da pressão arterial para posterior diagnóstico. No entanto, não foi encontrado na literatura, estudo que verificasse a associação entre as duas medidas, ou seja, que avaliassem se o relato da doença condiz com o diagnóstico direto (aferição da pressão arterial), uma vez que comprovada essa associação, se teria uma alternativa eficaz de avaliação da situação de saúde de grupos populacionais. Dessa forma, este estudo tem como objetivo verificar a associação entre o diagnóstico e o relato da hipertensão arterial.

METODOLOGIA:
Este estudo faz parte de um estudo maior que objetiva verificar a saúde do idoso de Campina Grande/PB em um enfoque multidimensional. Caracteriza-se por ser um estudo populacional, transversal, de base domiciliar e com coleta de dados primários. A população estudada é constituída por indivíduos com 60 anos ou mais, de ambos os sexos e residentes habituais em domicílios particulares de Campina Grande. Foram coletados dados que objetivaram obter informações sócio-demográficas, da pressão arterial, utilização de medicamentos anti-hipertensivos e relato de hipertensão arterial. Os dados sócio-demográficos incluem informações sobre sexo, grupo etário, cor e estado civil. Para a aferição da pressão arterial foi utilizada a técnica proposta pelo VII Joint National Cammittee (2003). Para a obtenção da informação sobre o relato da hipertensão arterial foi perguntado ao idoso: “Um médico ou outro profissional da saúde lhe disse que tem pressão alta?”. Foi considerado indivíduo com pressão alta, aquele que apresentou pressão sistólica maior ou igual a 140mmHg e/ou diastólica maior ou igual a 90mmHg e/ou aquele que estivesse fazendo uso de medicamentos anti-hipertensivos. As informações estatísticas foram obtidas com o auxílio dos aplicativos estatísticos Microsoft Excel e SPSS 10.0. Foi realizado o teste quiquadrado (x2) para verificar a associação entre a hipertensão diagnosticada e a referida pelo idoso. Em todas as análises foi utilizado o nível de significância α < 5%.

RESULTADOS:
Foram entrevistados 203 idosos (144 do sexo feminino e 59 do sexo masculino), com média etária de 72,3 anos (desvio padrão=8,9 anos). Entre os idosos do sexo masculino, a maior proporção (39%) pertencia ao grupo etário de 70 a 79 anos e com relação ao sexo feminino observou-se que 47,2% tinham de 60 a 69 anos. Dos idosos estudados 55,2% eram casados (86,4% dos homens e 42,4% das mulheres). Quanto à cor, 59,3% dos homens e 66,7% das mulheres foram classificados como pardos, morenos ou negros. A hipertensão arterial foi diagnosticada em 78,5% dos idosos do sexo feminino e em 61,0% dos idosos do sexo masculino. De acordo com as informações sobre o relato da hipertensão arterial, observou-se que 68,1% dos idosos do sexo masculino e 42,4% do sexo feminino, referiram a doença. A hipertensão arterial foi diagnosticada em 97,6% dos idosos que relataram ser hipertensos. Em 36,3% dos idosos que não relataram ou não sabiam se eram hipertensos, foi diagnosticada a hipertensão arterial. Foi verificada associação estatisticamente significativa entre o diagnóstico e o relato de pressão arterial (p=0,000).

CONCLUSÕES:
O diagnóstico de hipertensão arterial, entre os idosos deste estudo, não está associado ao relato da doença. Portanto, a utilização do relato, para o grupo estudado, não reflete a prevalência real da hipertensão arterial.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ).

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  idoso, estudo domiciliar, hipertensão arterial

E-mail para contato: milenaats@yahoo.com.br