60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior

AS IMPLICAÇÕES POLÍTICO-IDEOLÓGICAS DO JORNAL 4º PODER DENTRO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Odiliana Ribeiro de Souza1
Isabel Ibarra Cabrera2

1. Nedesc/ FE /UFG
2. Profª. Drª. - FE - UFG - Orientadora


INTRODUÇÃO:
Este trabalho intitulado “As implicações político-ideológicas do jornal 4º PODER dentro da Universidade Federal de Goiás”, desenvolvido no Núcleo de Estudos e Documentação Educação, Sociedade e Cultura (Nedesc/FE/UFG), vincula-se ao projeto de pesquisa “UFG: História, Memória e Leitura”. A escolha do tema originou-se durante a elaboração do subprojeto de pesquisa de Iniciação Científica “Os desdobramentos da Reforma Universitária de 1968 na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFG”. Após observação atenta dos artigos publicados no jornal universitário 4 PODER, da UFG, inferimos que foi substantiva sua importância na instituição, principalmente porque sua criação, em 18 de dezembro de 1962 e sua extinção, em 18 de maio de 1964, incidiram em um momento conturbado do contexto nacional – golpe de 1964 – e do próprio contexto da UFG, que ainda estava em processo de estruturação. Neste sentido, percebemos a necessidade de analisar a dinâmica de funcionamento desse produto cultural, interpretar sua fala, buscar respostas para o seu desaparecimento, e compreender as implicações do fechamento desse jornal para a universidade.

METODOLOGIA:
O trabalho de investigação foi fruto de uma pesquisa documental, com a contribuição de fontes orais, objetivando abordar o processo de constituição e extinção do Jornal “4º PODER”, da UFG, bem como, as referências políticas e ideológicas de seu conteúdo, considerando os espaços sociais que contextualizam sua história. Especificamente às questões relacionadas à leitura de periódicos, buscamos concentrar a observação tanto no conteúdo e no discurso do periódico quanto nas suas relações com o social. A pesquisa trabalhou com um percentual de 100% das edições publicadas do Jornal 4º PODER, que somam um total de 72 exemplares. Todos os exemplares estão catalogados no Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central (IPEHBC /UCG), em formato de microfilme.

RESULTADOS:
O jornal 4º PODER constituiu-se em um veículo eficaz na produção de valores e na formação da opinião pública, tendo como proposta vincular a universidade ao povo goiano e debater os problemas políticos nacionais. Percebemos que o modelo de imprensa universitária da UFG, no período precursor ao Golpe Militar de 1964, legitimou os intelectuais como atuantes no espaço público através do engajamento político-revolucionário. Quanto à proposta ideológica, o 4º PODER não apresentava uma linha editorial portadora de um único discurso (progressista ou conservador), mas adotou uma característica social do período: ter presente em seu discurso diversos setores. Embora inovador quanto a sua proposta ideológica, a estrutura da redação do 4º PODER funcionava nos moldes dos “velhos jornais”, abordando basicamente em seu conteúdo, matérias vinculadas à literatura e a política. A perda do engajamento político do jornal é notória a partir da edição nº 72, momento marcado pela nomeação de interventores na UFG. A pesquisa aponta que no jornal, o ano de 1963 mostrou-se um momento de abertura política para a discussão dos problemas brasileiros. Com o Golpe Militar de 1964, a possibilidade de se ter um “quarto poder” foi interrompida, proporcionando uma reconfiguração e em seguida a extinção do jornal.

CONCLUSÕES:
Para que a “investida intelectual” sobre a formação ideológica das classes populares fosse solidificada, a mídia, no caso específico o jornal 4° PODER, surge como um espaço de atuação, influência e legitimação dessa “classe pensante”. Dessa forma, conclui-se que a imprensa universitária foi empregada para efetivar a estreita vinculação da universidade ao povo, “conscientizando-o”, e prestando-lhes assistência social (idéias propagadas na época), e também, legitimando a categoria dos intelectuais, colocando-os em um patamar superior: o de não se submeter às imposições da militância político-partidária, dando-os o destaque de produzir críticas “independentes” e “formadoras” aos movimentos da sociedade civil. Deste modo, o fechamento do 4° PODER pela intervenção militar extinguiu intencionalmente da mídia universitária, um período de discussão, proposta e crítica social. E mesmo após o fim da Ditadura Militar, não se teve registro na UFG de outro jornal cuja proposta explicitasse a vinculação entre universidade e povo. Atualmente a imprensa universitária representada pelo “Jornal da UFG” tem se restringido à comunidade universitária, consideramos esse fato como sendo uma das implicações do período analisado.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Educação Superior, Ditadura Militar, Imprensa Universitária

E-mail para contato: odiliana@hotmail.com