60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal

CARACTERIZAÇÃO DE PARENTAIS E HÍBRIDOS INTERESPECÍFICOS DE ALGODOEIROS UTILIZANDO CARACTERES MORFOLÓGICOS

Ana Luiza Ramos Cazé1, 2
Guilherme da Silva Pereira1, 2
Jair Móises de Sousa3, 2
Lucia Vieira Hoffmann4
Paulo Augusto Viana Barroso4

1. Graduandos em Biologia pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB
2. Estagiários (a) do Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Algodão
3. Mestrando em Genética e Biologia Molecular pela UFRN
4. Pesquisador (a) Dr(a). do Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Algodão


INTRODUÇÃO:
Três espécies do gênero Gossypium ocorrem no Brasil. São elas: G. hirsutum L. , G. barbadense L. e G. mustelinum Miers ex Watt; todas são alelotetraplóides e sexualmente compatíveis. As espécies de algodoeiro cultivadas são G. hirsutum e G. barbadense, embora a primeira represente a quase totalidade do algodoeiro cultivado comercialmente. Hoje em dia, plantas de G. barbadense são encontradas basicamente em fundos-de-quintais. O algodoeiro transgênico Bt é resistente a diversas espécies de lepidópteros que afetam a cotonicultura. O plantio do algodoeiro Bt foi liberado no Brasil em 2005; porém, para se evitar o fluxo gênico indesejável dos campos de cultivo para populações selvagens e ferais, propuseram zonas de exclusão do plantio de cultivares transgênicas. A ágil identificação morfológica de híbridos interespecíficos in situ pode auxiliar no monitoramento da eficácia das medidas de contenção do transgene. O objetivo deste trabalho foi realizar a caracterização morfológica de parentais e híbridos G. barbadense x G. hirsutum, a fim de que a seleção de caracteres diagnósticos possibilite identificar hibridação a campo.

METODOLOGIA:
Foram avaliadas 20 plantas dos parentais G. barbadense (coletado no Mato Grosso e identificado por MT) e 20 plantas de cada cultivar de G. hirsutum var. latifolium (DP 404 BG, trangênica, e DP 404, isolinha não-transgênica). Cultivaram-se híbridos em um total de 32 F1Bt (MT x DP 404 BG) e 34 F1Iso (MT x DP 404). Também foram plantados 85 F2Bt (F1Bt x DP 404 BG) e 83 F2Iso(F1Iso x DP 404). Todas as sementes foram plantadas em Itatuba-PB. Nos estádio de primeira maçã visível e florescimento pleno foram avaliados: coloração do caule, pilosidade no caule, número de lóbulos, cor das folhas, cor das nervuras, cor do pecíolo, nectários nas nervuras das folhas, forma das folhas, tamanho das folhas, pilosidade face superior da folha, pilosidade face inferior da folha, nº de dentes nas brácteas, nectários da base das brácteas, nectários internos nas brácteas, cor da corola, mancha nas pétalas, imbricação das pétalas, comprimento da pétala, posição do estigma em relação às anteras, comprimento dos filetes, cor do pólen.

RESULTADOS:
Todas as características contrastaram entre os pais, exceto coloração de órgãos vegetativos e presença de nectários. Os caracteres que melhor capacitam um avaliador a assinalar hibridação entre os algodoeiros das duas espécies estudadas relacionam-se com a estrutura floral e, nos parentais, apareceram com maiores freqüências as seguintes caracterizações (G. barbadense e G. hirsutum, respectivamente): cor da corola (amarela sulfurina e creme), mancha nas pétalas (forte e ausente), comprimento da pétala (longo e curto), comprimento dos filetes (curto e longo) e cor do pólen (amarelo escuro e creme). Na ausência de flores, estruturas vegetativas como: forma da folha (digitada e palmada) e tamanho da folha (grande e pequena) podem ser utilizadas na identificação híbrida. Deve-se levar em consideração, todavia, a influência de fatores ambientais sobre alguns caracteres (como tamanho das folhas e pilosidades). As plantas F1, apresentaram fenótipo intermediário às exibidas pelos pais, para as seguintes características: cor da corola, mancha na pétala, comprimento da pétala, comprimento do filete e cor de pólen. Em plantas F2, devido à segregação dos caracteres, a identificação deve combinar duas ou mais características.

CONCLUSÕES:
É possível identificar híbridos in situ a partir dos descritores utilizados na caracterização dos parentais de espécies de algodoeiros diferentes. Os principais caracteres diagnósticos estão relacionados a estruturas florais, embora estruturas vegetativas também sejam válidas na localização de híbridos. Obviamente, só se pode fazer considerações sobre se parental G. hirsutum envolvido se é transgênico ou não quando: i) existir algodoeiros Bt plantados nas proximidades, ii) evidenciar-se ataque de lepidópteros em plantas próximas, mas não nos híbridos, e iii) confirmar-se a presença do transgene por detecção da proteína ou do transgene (PCR com primers específicos, por exemplo).

Instituição de fomento: Embrapa, CNPq, FINEP

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Gossypium, identificação híbrida, caracterização morfológica

E-mail para contato: analuizacaze@gmail.com