60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A cicatrização é um processo complexo que depende da interação entre fatores de crescimento e citocinas. Vários trabalhos têm demonstrado a participação do óxido nítrico (NO) neste processo e propostas de mecanismos para essa ação, entre elas o aumento da vascularização, proliferação de fibroblastos e de células endoteliais. Já foi demonstrado que o NO pode aumentar a síntese de colágeno em células de tendão humano. A L-arginina é o único substrato para a síntese de NO. O enriquecimento de L-arginina na dieta de humanos e roedores já mostrou ter um efeito significativo na cicatrização de feridas. Apesar de existirem várias propostas para explicarem a ação da L-arginina no metabolismo de colágeno e no processo de cicatrização, o mecanismo exato não é conhecido, e nenhum trabalho foi descrito sobre a ação tópica deste aminoácido. O objetivo deste trabalho foi desenvolver formulações tópicas com L-arginina, avaliar a estabilidade física e a qualidade microbiológica destas formulações.

METODOLOGIA:

Preparo das formulações. Foram preparadas as seguintes formulações: pomada à base de lanolina, gel aniônico, gel não iônico, creme não iônico e gel creme não iônico usando-se como espessante hidrofílico o polímero carboxivinílico. Todas essas formulações foram preparadas em duplicata, uma formulação base e a outra contendo 15% de L-arginina. Avaliação da estabilidade física. As formulações foram submetidas à estocagem em diferentes temperaturas e ciclos de aquecimento e resfriamento. Durante os experimentos, as formulações foram observadas com relação a alterações físicas visíveis, como separação de fases ou mudança de cor, alterações microscópicas, perda de água, variação do pH além de serem centrifugadas a 70000 x g por 30 minutos. Avaliação da qualidade microbiológica das matérias-primas e formulações. As matérias-primas empregadas e as formulações preparadas foram submetidas à contagem de bactérias mesófilas e fungos totais pelo método convencional de semeadura em superfície.

RESULTADOS:

A adição da L-arginina aumentou, em, pelo menos, 20% o pH das formulações bases, que foram acidificadas, quando possível, com ácido cítrico. Houve variações significativas no pH das diferentes formulações, por influência do tempo e da temperatura, mas não foram observadas alterações especificamente nas formulações com L-arginina, quando comparadas com as bases, com exceção do gel aniônico. O creme e gel creme, estocados a 45°C, apresentaram mudança de cor, sugerindo uma possível oxidação da L-arginina, e o creme base sofreu cremeação a 4°C. Matérias-primas e formulações preparadas apresentaram boa qualidade microbiológica. A contagem de microorganismos viáveis foi mais elevada no gel aniônico, conservado com parabenos. As formulações do tipo creme e gel creme, que apresentaram a melhor qualidade microbiológica, foram preparados com um sistema conservante composto de parabenos e imidazolidinil uréia, este tido como melhor conservante para formulações adicionadas de peptídeos e proteínas.

CONCLUSÕES:

Os resultados sugerem que, entre as formulações testadas, o gel creme foi a melhor formulação para a adição da L-arginina, e que esta poderá ser melhorada pela adição de um antioxidante e um sistema tampão. O sistema conservante composto por metilparabeno, propilparabeno e imidazolidinil uréia se mostrou mais efetivo para a conservação das formulações com L-arginina que o sistema conservante composto somente pelos parabenos. As matérias-primas e as formulações preparadas apresentaram boa qualidade microbiológica.

Instituição de fomento: FINATEC e FUNPE/UnB

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: L-arginina, cicatrização, formulações tópicas

E-mail para contato: vmorita86@gmail.com